Para quem participou direta ou indiretamente das eleições
municipais e acreditou que após todo o circo de críticas, promessas, acusações
e, na maioria das vezes, baixarias, tudo tivesse findado, dorme enganado. Foi
apenas a entrada para o fausto banquete. Servida a mesa com diversos pratos
para sua degustação que nem sempre alimentam e, por vezes, causam náuseas, ou
em casos mais graves, intoxicações.
Mesmo com a total alienação da população, por hábito e
tradição ausente dos destinos do município pós-eleições, “o couro come na casa
do Noca”, ali, vizinha da “casa da mãe Joana”.
Alguma coisa permanece igual, como o repetitivo choro do
prefeito eleito de Campo Grande, Alcides Bernal – que nunca conseguiu conviver
harmonicamente com seus pares na Câmara Municipal ou na Assembleia, usando as
“forças ocultas” da perseguição como justificativa para seu pífio trabalho
parlamentar –, que novamente se diz engendrado em tramas obscuras nas questões
do Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU), transição e base de apoio na
Câmara. Assim ele abre os discursos que temperam a refeição a ser servida.
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Imagem: centoequatro.org |
Neste banquete, os melhores pratos parecem estar reservados
aos novos e nobres representantes da população da Capital, conforme proposta de
reajuste em seus proventos. Seriam, por proposta, elevados dos atuais R$ 9 mil,
para algo em torno de R$ 15 mil mensais. Atingiria, assim, o teto máximo
constitucional de 75% dos salários dos deputados estaduais, hoje em R$ 20 mil. Merecido
para quem representa “um instrumento institucional da democracia,
imprescindível ao bom desenvolvimento da sociedade”, como diz a recém-eleita
Luiza Ribeiro, mas injusto pelo que, mais que nossa percepção, a própria
realidade demonstra na análise da atuação de todos e de cada um dos vereadores.
Fazem parte da mesa, também, os partícipes da transição,
membros do atual e futuro governo municipal, ação teoricamente técnica, mas que
representa um avanço inovador por contar com membros da Câmara Municipal,
iniciativa do vereador Paulo Pedra e bem aceita por Bernal, que indica empenho
democrático em sua forma de administrar a Capital.
E para fechar o encontro gastronômico destes tempos, a
eleições para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato
Grosso do Sul (OAB-MS) faz sentar à mesa os três representantes dos grupos que
pretendem representar a advocacia. Sempre grupos buscando o comando da
entidade, com propostas que diferem mais em método de execução do que em
inovação. Respeitar o advogado, fazer uma Ordem forte e presente, ou
restabelecer a Ordem são as opções da classe que busca ser representado como um
todo, não como uma facção.
Consumado a ágape, enquanto alguns repousam para a digestão,
a cozinha da eleição para a mesa diretora da futura Câmara se agita na lavagem
dos pratos sujos e entre as esgrimas de conchas e espumadeiras, os atores
buscam sair de pias e fogões e serem participes do lauto banquete.
Fazemos a nossa parte, ouvindo, observando e cobrando bons
modos à mesa. Bon appetit.
Publicado como
Editorial em Jornal Liberdade MS - ed. 65 - de 18/11/2012.
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