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Lula, José Dirceu e presidenta Dilma (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters) |
Lula é um personagem sui generis na política brasileira e faz parte da galeria onde
constam nomes como Pedro II e Getúlio Vargas, que carrearam ao longo de suas
vidas, em especial durante seus períodos de poder, ódios e críticas tão
intensos quanto amores e apoios.
Em que pese o fato de os dois primeiros serem
“Estadistas”, termo que em sua significância está anos-luz da compreensão
lulista, o ex-presidente-de-governos-paralelos e ex-presidente de fato, assim
como Pedro II foi o sustentáculo do Império e Getúlio do petebismo. Em relação
ao getulismo, o lulismo tem parte do mesmo DNA no que concerne às suas ligações
sindicalistas, pelegos ou ativistas, uns subservientes, outros por vezes,
achacadores.
Mas o que o torna objeto de estudos e análises
não é sua fundamental contribuição para o progresso social, econômico ou o que
quer que valha, e sim a capacidade de estar de alguma forma envolvido em tantos
e diversos escândalos propiciados pelo seu governo – como é comum a qualquer
governo, diga-se a bem da verdade.
É necessário convir, no entanto, que foram
tantos e tal monta a sua sanha (dele, governo) contra os cofres públicos em
benefício dos “companheiros” forjados nas lides de criação e sedimentação do
Partido tido como dos Trabalhadores , que assustaram não apenas pelo fato de
vir de uma agremiação em que se depositava um fio de confiança em sua ética e
honestidade. Afinal, o partido sempre causou a dúvida quanto à sua capacidade
administrativa, mas não se supunha que a sigla, por muitos dos nomes que o
compunham, fosse abrigar uma camarilha espúria.
E os asseclas lulo-petistas atribuem cada
denúncia, toda e qualquer investigação, a uma improvável ação conspiratória
contra os menos favorecidos e seu Deus do Olimpo. Noticiar um julgamento
transforma notícias em artigos do grande Partido da Imprensa Golpista (PIG) que
busca desarticular um socialismo progressista moreno e salvador da humanidade
em defesa do grande liberalismo satânico engendrado os porões dos partidos que
representam as forças que engendraram o golpe de 64, mesmo que passados 49
anos.
E, dessa forma, num refazer a mesma Censura,
burra já em sua concepção e nascedouro, Rui Falcão, presidente da sigla e seus
militantes amestrados querem, usando dos mais diversos artifícios e sob a
brandura do termo “marco regulatório para os meios de comunicação”, matar o mensageiro
para evitar informação que não satisfaz.
O que não percebe aquele
que finca suas convicções em determinado período de tempo, sem perceber que o
próprio tempo direciona ao futuro, é que a massa popular que caminhava ao seu
lado, não cessou sua marcha e ele está quase ao abandono, com seus fantasmas no
armário. E por isso, talvez, duas notícias atropelam o discurso: a maioria da
população se intitula apartidária, após longo período em que essa maioria sentia-se
inserida entre os demasiados partidos que comporta nossa recente democracia; e em
enquete promovida pelo grupo anticorrupção que atua na internet e se intitula
Movimento 31 de Julho, Lula foi eleito o maior corrupto do país em 2012, com
65,69% dos votos.
Divide a galeria de
malfadada fama com o vencedor do prêmio 2011, José Sarney (PMDB), seu
confidente e guru político. Outros premiados em 2012, com algemas de prata o
seu ex-ministro chefe da casa civil, José Dirceu (PT), e a deputada federal
Jaqueline Roriz (PMN), com o desonroso 3º lugar e o troféu algemas de bronze.
Das páginas de glória às
manchetes policiais
Lula alcançou um grau de
popularidade tamanho durante o seu governo, que isso lhe abriu as portas para o
recebimento de diversas comendas, títulos e rapapés em diversas nações amigas,
comum aos representantes de Estado (mesmo que sem a noção de liturgia do cargo
ou sem o status, de fato, de estadista), como homenagem o povo da nação ali
representada.
Assim, enquanto
presidente foi honrado com o título de doutoramento honoris causa pela Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra, de Portugal, e agora, após escândalos
que tangenciaram seu nome a todo momento, ressurge na imprensa portuguesa pelo
fato de o Ministério Público haver pedido o bloqueio de seus bens. Ganha as
manchetes de forma negativa e, agora sim sem implicar que represente o povo da
nação.
Veja a matéria do site
Correio da Manhã:
Ministério Público
pede bloqueio de bens de Lula
O Ministério Público Federal (MPF) de Brasília pediu à justiça o
bloqueio dos bens do ex-presidente Lula da Silva, a quem acusa de improbidade
administrativa por ter usado verba pública com claro intento de promoção
pessoal.
O bloqueio de bens
tem como finalidade garantir a devolução aos cofres públicos de quatro milhões
de euros que Lula, segundo o MPF, usou indevidamente.
A acção interposta
pelo MPF refere-se ao gasto desses quatro milhões de euros com a impressão e o
envio pelo correio de mais de dez milhões de cartas enviadas pela Segurança
Social a reformados entre Outubro e Dezembro de 2004, segundo ano do primeiro
mandato de Lula.
A missiva avisava
os reformados que um convénio estabelecido entre a Segurança Social e o até
então desconhecido Banco BMG lhes permitia a partir de então pedirem
empréstimos a juros baixos e sem qualquer burocracia àquela instituição
bancária, com o desconto das parcelas sendo feito directamente nas reformas.
Até aí não
haveria problema, não fossem dois detalhes, que chamaram a atenção dos
promotores. O BMG, único banco privado a ser autorizado na altura a realizar
esse tipo de empréstimo, conseguiu a autorização em menos de duas semanas,
quando o normal seriam vários meses, e as cartas, simples correspondência
informativa, eram assinadas por ninguém menos que o próprio presidente da
República, algo nada comum para esse tipo de aviso.
Para o Ministério
Público, não há dúvida de que Lula e o então ministro da Segurança Social, Amir
Lando, que também assinou as cartas e é igualmente acusado na acção, usaram a
correspondência para obterem promoção pessoal e lucro político e que a acção do
presidente da República favoreceu a extrema rapidez com que o BMG conseguiu
autorização para operar o negócio, desrespeitando as normas do mercado. A 13.ª
Vara Federal, em Brasília, a quem a acção foi distribuída, ainda não se
pronunciou sobre o pedido do MPF.