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segunda-feira, 20 de maio de 2013

CPI da Saúde se cria com o vírus da impunidade

(Foto: Izaias Medeiros/Câmara Municipal)

As oitivas (termo jurídico que define a audição de uma pessoa em um processo – a ordem em que devem ser interrogadas) da CPI da Saúde da Câmara Municipal de Campo Grande tiveram início tumultuado na manhã da segunda-feira (20), quando recebeu ex e atuais membros do Conselho Municipal de Saúde. Nada diferente do que se espera de um grupo escolhido a dedo e, a maioria dele próprio, pertencente ao grupo que comandou a Capital, em todos os seus aspectos, durante os últimos anos.

Aparentemente, Carla Stephanini (PMDB) e relatora, Flávio César (PTdoB) presidente da CPI e líder do governo municipal que é alvo das investigações, sofrem com o temível TOB (Transtorno Obsessivo de Blindagem). Outros dois membros parecem não ter muita noção de suas funções públicas e, menos ainda do que seja uma CPI: Coringa (PSD) vota com os dois primeiros e Cazuza, vota contra os dois primeiros. O quinto membro tem embasamento conquistado pelo seu tempo de vereança e boa assessoria de seu partido e deve questionar de forma mais incisiva em busca de esclarecimentos.

Durante as oitivas, Flávio César impediu ao ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sebastião de Campos, responder sobre a questão colocada pelo vereador Alex do PT, da recusa dos aparelhos de radioterapia, alegando que o assunto em pauta não diz respeito ao Conselho.

Antes de ser interrompido pelo líder do ex-governo, Sebastião de Campos discorreu sobre a atuação do Conselho durante sua gestão (2011-12) e deixou implícito que os poderes são limitados e lhes falta estrutura técnica que permita atuar com maior rigor.

Sobre a Neorad, esclareceu que a autorização para a empresa atuar foi concedida em 2007 pois havia a informação que as pessoas estavam “morrendo na fila e que a espera era muito grande”, mas a Neorad não foi credenciada por não obedecer às regras impostas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2010 houve o credenciamento autorizado pelo período de seis meses. Enfatizou que não Cabe ao Conselho estas decisões.

Outros detalhes, como a fiscalização sobre os valores de repasse do SUS, ponderou que cabe aos auditores da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), mesmo porque não houve denúncia informada ao Conselho. Sobre a participação nos hospitais do Câncer e Universitário, narrou que a dificuldade de participação dentro daquelas instituições.

Polêmica

Alex do PT causou polêmica ao questionar Sebastião sobre a recusa em aceitar os aparelhos de radioterapia. A linha de defesa do governo instaurada na CPI, Carla Stephanini e Flávio César impediram o depoimento com a justificativa de que tal questionamento cabe ao Conselho Estadual. Mesmo com a afirmativa de que, como ex-presidente, não poderia se omitir, Flávio César não permitiu o prosseguimento das explicações.

Por que a omissão?

A Conselheira Maria Inês questionou o fato de as denúncias virem sendo feitas desde o ano de 2007 e que a Câmara, através de sua Comissão de Saúde nada fez em termos de fiscalização e apuração até que todo o caso viesse a público.
Outro a questionar as omissões dos órgãos responsáveis foi o conselheiro Sacadura que reafirmou a falta de estrutura do Conselho, que não possui nem auditor nem advogado, portanto não teria como controlar ou fiscalizar plenamente o Sistema de Saúde Municipal.

Ricardo Bueno cobrou da CPI: “Tem que voltar lá atrás para saber quem era o responsável pelo sucateamento em 2007. Sugiro que os integrantes da CPI leiam os jornais que é por meio deles que as denuncias estão sendo feitas e há muito tempo”, enfatizou o conselheiro.

Dorsa será convocado

José Carlos Dorsa, ex-diretor do Hospital Universitário será convocado a prestar depoimento à CPI na próxima semana e, por ser convocação e não convite, a presença será obrigatória. A Comissão quer evitar que se repita a ausência de convidados, conforme aconteceu na segunda-feira (20), quando vários representantes dos gestores do Conselho de Saúde não compareceram. Mesmo com as ausências, Flávio César avaliou como positiva esta primeira oitiva.


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