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Prefeito Alcides Bernal e governador André Puccinelli |
Seriam “escorregadas” as pérolas que o governador André
Puccinelli (PMDB)solta em frases durante eventos oficiais? Algumas delas
extrapolam o bom senso e agridem a liturgia do cargo, mas em geral são
pinceladas de bom humor. Num recente evento, disse que a vereadora Luiza
Ribeiro (PPS), da base aliada de Bernal e que dirigiu a Fundação Social do
Trabalho (Funsat) durante o governo de Nelson Trad Filho (PMDB) de “azedinha”.
Foi o estopim para irados comentários nas redes sociais. Mas esse é jeito “André”,
e isso lhe angariam simpatias e votos.
No outro “corner” de uma disputa política acirrada, temos o
peso da carranca de Alcides Bernal, que toma dos microfones como se fosse a
única estrela da constelação, cercado de escuridão que esconde inimigos desta
luz solitária. Não consegue comparecer a qualquer evento sem destilar veneno
contra seus opositores, com termos duros, de forma agressiva.
Em que isso pesa nas eleições, se sabemos que o período de
reinado peemedebista está se encerrando e que Bernal derrotou o conforto social
de Campo Grande, derrotando Edson Giroto (PMDB), príncipe regente indicado por
Puccinelli e Reinaldo Azambuja (PSDB) estrela em ascendência mas que não teve tempo
suficiente ou estratégia publicitária que apresentasse seus projetos?
Passos
Empatia, o toque mágico que define a longevidade de uma
carreira política.
Bernal sempre foi a voz do rádio, que exercia mandatos tão
vazios de ideias e propostas que não lhe davam espaço, sequer negativos, na
mídia. Uma sombra a rondar a Câmara Municipal e, depois, a Assembleia
Legislativa. Mas tinha a empatia conquistada pelo seu programa. Quanto tempo
resistirá esta empatia com uma administração confusa, de secretário frágil em
sua maioria, com a agressividade com que brinda jornalistas e opositores, com
sua carranca? A voz da rádio não combina com a voz do discurso de governo.
Puccinelli é considerado um “trator” que passa sobre tudo e
todos, mas suas agressões aos adversários são postas de forma popular, com
termos comuns, e quando não implicam em grave crise, recheadas de sorrisos.
Puccinelli tem sua carranca natural, não se esforça para isso, e isso se tornou
“o jeito do governador”. Por que governar ou falar de política tem que ter uma
forma de ódio, de batalha, de guerra? Em que pese uma série de denúncias, que
devem ser investigadas, Puccinelli é considerado um bom administrador. Fácil
constatar pela sua trajetória política e pelo que indicam as pesquisas que lhe
consagram Senador em 2014, caso assim o deseje. Quem está na Berlinda é o PMDB
e o grupo que o acompanha, não o André Puccinelli que ainda arrasta uma maioria
de fiéis eleitores.
Também
É o caso do senador e pré-candidato ao governo do Mato
Grosso do Sul, Delcídio do Amaral (PT). Consegue ser petista, sem parecer
petista e, com isso, tem eleitores de todas as cores e formas. Não faz aquela
política agressiva de rosto enfurecido, nem agride verbalmente seus opositores,
pelo contrário, parece conciliador e quando “desanca” os adversários, faz com
sutileza.
Mesmo padrão de Reinaldo Azambuja (PSDB), para quem ainda
falta um pouco de identificação com o povo. Não consegue se parecer com ele,
não consegue se aproximar.
Carrancas
As expressões de ódio, mesmo quando indicam a boa vontade de
lutar por melhores condições sociais para a população em geral, não conseguem
cativar o brasileiro. Esse é um dos motivos que nos afasta das correntes mais “à
esquerda” da política. Tantos pensadores e ativistas de esquerda, plenos de
razões, mas que se apresentam agredindo, de cara fechada como se nosso viver
diário impedisse um sorriso, mesmo passando por grandes dificuldades.
Não é o “ovo do Colombo”, nem o óbvio ululante de Nelson
Rodrigues. É o lógico que aparece na admiração por Ernesto “Che” Guevara,
também ele um guerrilheiro esquerdista, mas que aparenta no semblante a
serenidade que sua luta pretendia conseguir e em sua frase mais conhecida e
difundida: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."
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