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terça-feira, 10 de setembro de 2013

André x Bernal: ‘carranca’ e ‘mau humor’ não ganham votos


Prefeito Alcides Bernal e governador André Puccinelli
Seriam “escorregadas” as pérolas que o governador André Puccinelli (PMDB)solta em frases durante eventos oficiais? Algumas delas extrapolam o bom senso e agridem a liturgia do cargo, mas em geral são pinceladas de bom humor. Num recente evento, disse que a vereadora Luiza Ribeiro (PPS), da base aliada de Bernal e que dirigiu a Fundação Social do Trabalho (Funsat) durante o governo de Nelson Trad Filho (PMDB) de “azedinha”. Foi o estopim para irados comentários nas redes sociais. Mas esse é jeito “André”, e isso lhe angariam simpatias e votos.

No outro “corner” de uma disputa política acirrada, temos o peso da carranca de Alcides Bernal, que toma dos microfones como se fosse a única estrela da constelação, cercado de escuridão que esconde inimigos desta luz solitária. Não consegue comparecer a qualquer evento sem destilar veneno contra seus opositores, com termos duros, de forma agressiva.

Em que isso pesa nas eleições, se sabemos que o período de reinado peemedebista está se encerrando e que Bernal derrotou o conforto social de Campo Grande, derrotando Edson Giroto (PMDB), príncipe regente indicado por Puccinelli e Reinaldo Azambuja (PSDB) estrela em ascendência mas que não teve tempo suficiente ou estratégia publicitária que apresentasse seus projetos?

Passos

Empatia, o toque mágico que define a longevidade de uma carreira política.

Bernal sempre foi a voz do rádio, que exercia mandatos tão vazios de ideias e propostas que não lhe davam espaço, sequer negativos, na mídia. Uma sombra a rondar a Câmara Municipal e, depois, a Assembleia Legislativa. Mas tinha a empatia conquistada pelo seu programa. Quanto tempo resistirá esta empatia com uma administração confusa, de secretário frágil em sua maioria, com a agressividade com que brinda jornalistas e opositores, com sua carranca? A voz da rádio não combina com a voz do discurso de governo.

Puccinelli é considerado um “trator” que passa sobre tudo e todos, mas suas agressões aos adversários são postas de forma popular, com termos comuns, e quando não implicam em grave crise, recheadas de sorrisos. Puccinelli tem sua carranca natural, não se esforça para isso, e isso se tornou “o jeito do governador”. Por que governar ou falar de política tem que ter uma forma de ódio, de batalha, de guerra? Em que pese uma série de denúncias, que devem ser investigadas, Puccinelli é considerado um bom administrador. Fácil constatar pela sua trajetória política e pelo que indicam as pesquisas que lhe consagram Senador em 2014, caso assim o deseje. Quem está na Berlinda é o PMDB e o grupo que o acompanha, não o André Puccinelli que ainda arrasta uma maioria de fiéis eleitores.

Também

É o caso do senador e pré-candidato ao governo do Mato Grosso do Sul, Delcídio do Amaral (PT). Consegue ser petista, sem parecer petista e, com isso, tem eleitores de todas as cores e formas. Não faz aquela política agressiva de rosto enfurecido, nem agride verbalmente seus opositores, pelo contrário, parece conciliador e quando “desanca” os adversários, faz com sutileza.

Mesmo padrão de Reinaldo Azambuja (PSDB), para quem ainda falta um pouco de identificação com o povo. Não consegue se parecer com ele, não consegue se aproximar.

Carrancas

As expressões de ódio, mesmo quando indicam a boa vontade de lutar por melhores condições sociais para a população em geral, não conseguem cativar o brasileiro. Esse é um dos motivos que nos afasta das correntes mais “à esquerda” da política. Tantos pensadores e ativistas de esquerda, plenos de razões, mas que se apresentam agredindo, de cara fechada como se nosso viver diário impedisse um sorriso, mesmo passando por grandes dificuldades.

Não é o “ovo do Colombo”, nem o óbvio ululante de Nelson Rodrigues. É o lógico que aparece na admiração por Ernesto “Che” Guevara, também ele um guerrilheiro esquerdista, mas que aparenta no semblante a serenidade que sua luta pretendia conseguir e em sua frase mais conhecida e difundida: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."



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