Loading

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Competência no discurso e choque de realidade: Dilma e o Pré-sal

Até mesmo quando faz um discurso sobre a realidade, no exato momento em que esta se manifesta e está sob os olhares e análises de especialistas, o PT utiliza de um discurso escamoteante para contemplar sua oposição interna. Sem analisar, agora, os acertos e desacertos do leilão do pré-sal, vamos anotar algumas das falas.

A presidente Dilma Rousseff, em discurso sobre o leilão afirmou que “85% da renda gerada pelo campo ficará com a União ou com a Petrobras. Para as empresas parceiras, restará o lucro compatível com o risco que correm.” Ainda segundo Dilma, e num outro momento, “as empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois, ao produzir essa riqueza, vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país. Não podia ser diferente”.

O pronunciamento da presidente na TV foi gravado para acalmar esses setores. O maior temor é o de que cole no governo o carimbo de incoerência com bandeiras históricas do PT, mas força a realidade quando procura afirmar que apenas 15% da renda gerada será partilhada entre as empresas parceiras do consórcio. Reverte a lógica capitalista, insulta a realidade.

O PT abandonou seu compromisso com o discurso ideológico. Bom por um lado, porque não se pode pretender administrar um país, calcado em posições ideológicas que avançam para a modernidade a passos de preguiça, ruim para o país porque utiliza e faz crescer alguma ideologia retrógrada através de discursos irreais.

No campo econômico, e fazendo um apanhado de opiniões das mais diversas, também uma dicotomia. A maioria dos economistas vê como boa a parceria entre Petrobrás e o consórcio de empresas multinacionais, e garante ser a única fórmula capaz de romper a estagnação da produção. No entanto salientam a péssima gestão da empresa nacional que se colocou num perigoso jogo político que sucateou seu patrimônio em todos os aspectos, do social ao econômico. Parece que a nova gestão, mais profissional e pragmática, saiu do discurso que contemple grupos internos retrógrados.

Essa retomada de gestão teve repercussões no exterior que, por gerar análises, controversas que sejam, despertam a atenção do mercado internacional, atuando positivamente em termos de (re)valorização da Petrobrás. Nesse caso, também, controversas as avaliações.

 A revista alemã Der Spiegel diz que o Brasil leiloou um "tesouro por uma pechincha". a revista afirma que para extrair o petróleo da camada pré-sal haverá riscos ambientais "enormes" para o mar, fauna e praias "em uma das mais bonitas e populosas regiões litorâneas do Brasil", mas que "a ganância por recursos naturais" foi maior.

Já o Wall Stret Journal diz que o país deu um passo rumo ao patamar das grandes nações produtoras de petróleo.
Nossa parte

O grande e grave problema é o discurso direcionado ao público interno do PT, como se a presidente Dilma governasse para um partido político e não para a totalidade de seu povo, com sua parcela natural de oposição. Para que tanto discurso vazio e irreal? Dizer que 85% da renda gerada pelo campo ficarão com a União é provocar reação e risos.

Com muita propriedade, Jânio de Freitas, em sua coluna na Folha de S. Paulo, sob o título “Sem coluna do meio”, diz: “Hoje se sabe que o leilão de Libra foi decepcionante, com uma só proposta, pela qual a Petrobras arcará com 40% dos R$ 15 bi de taxa para o Estado e dos custos subsequentes, estando já muito endividada.

Hoje se sabe que o leilão de Libra foi muito positivo, porque a proposta trouxe a surpresa das presenças de Shell e Total, empresas privadas que avalizam e contribuem com suas experiências não estatais, e a Petrobras conseguiu deter 40% do lucro da sociedade, além dos 41% do lucro líquido a serem passados ao Estado.”

Pega pela discurso

Mesmo que consiga acertar muito, principalmente na gestão econômica – e há esperança dos economistas de uma guinada no último ano de governo –, fica comprometido o esforço de reeleição se Dilma mantiver um discurso para o palanque e ações opostas no comando do governo.

Não é a primeira vez (e não é exclusividade do PT) que discursos utilizados em campanha, como forma de cooptar corações e mentes, são contrapostos durante o exercício do governo com outros diametralmente opostos.

Só para lembrar, e que cada leitor faça sua leitura, segue o vídeo de campanha que trata do leilão de privatização e antigo poster de campanha de Lula (vice Mercandante). Em tempo, a privatização, para ser explicada, deixou de ser privatização no Novo discurso de governo.





Nenhum comentário: