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Vereadores Edil Albuquerque, Flávio César e Alceu Bueno |
A capacidade de análise, e
suportar pressões diversas, de Edil Albuquerque (PMDB), Flávio César (PTdoB) e
Alceu Bueno (PSL), mais o julgamento e voto dos outros 26 vereadores, vai
encerrar a apuração das eleições 2012.
Campo Grande conhecerá
aquele que comandará os destinos da capital dos sul-mato-grossenses até
dezembro de 2016.
Alcides Bernal ou Gilmar
Olarte?
Golpe ou equilíbrio
democrático? A culpa de cada um
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Bernal só vencerá o “terceiro turno”
se retirar o biombo que
encobre sua administração
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Histórias contam que em caso de ameaça a ordem
era disparar um tiro, de aviso, para o alto e se não bastasse o segundo seria
disparado em direção ao agressor. Na realidade, na penumbra da noite, fazia-se
o contrário do estabelecido. Não importa, para todos os efeitos os sons dos
dois disparos ouvidos pelas testemunhas correspondiam às ordens dadas, e
cumpridas. E tudo ficava dentro da legalidade. Assim está se desenhando um golpe,
para todos os efeitos, legalmente democrático.
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Alexandre Bastos |
Foi
preciso o jurista e advogado Alexandre Bastos, ao comentar em entrevista sobre
os procedimentos da Câmara Municipal de Campo Grande, esclarecer a legalidade das ações, para que o senso comum de mero Golpe adquirisse a base jurídica das ações da oposição. Segundo Bastos: “o que você tem agora é o
equilíbrio do Estado, lato
sensu [em sentido amplo] falando.
Porque do jeito que povo concedeu voto para que se gerenciasse a cidade, ele
também elege o poder legislativo, uma Câmara Municipal, e entrega para essa
Câmara os poderes que o poder legislativo tem. Dente esses poderes está o de
processar o chefe do executivo. Então nós temos o equilíbrio democrático e nada
disso está fora das linhas do jogo. Tudo está dentro do conforme.”
Que é uma das tentativas legais de retirar o comando de Bernal, ou "enquadrá-lo" a antigos esquemas, parece que é, mas é legal.
Que é uma das tentativas legais de retirar o comando de Bernal, ou "enquadrá-lo" a antigos esquemas, parece que é, mas é legal.
Também
precisa foi nossa matéria publicada ainda nos primeiros seis meses da gestão
Bernal, e que veio a ser, de certa forma comprovada agora. Dizia: “Paira no ar uma campanha difamatória de baixo nível
contra o prefeito Alcides Bernal, alimentada por opositores vorazes e
desesperados face ao infortúnio do PMDB e seus coligados nas eleições de 2012.
É real que Alcides Bernal não tem cacoete
democrático ou capacidade de negociação e convivência políticas, e deve
urgentemente adquirir o hábito de conversar com apoiadores e oposição além de
aprender e confiar em delegar funções aos seus auxiliares. (...)
Durante vinte anos o governo peemedebista (...) acumulou
diversos erros administrativos e de gestão social. Os problemas não surgiram a
partir da abertura das urnas que apontaram a vitória de Alcides Bernal (...). No
entanto, as cobranças pelos problemas, em sua maioria herdados, partem daqueles
que sempre encontraram justificativas para as falhas. Chega a ser patético o
esforço da, agora oposição, em colocar empecilhos ao andamento da máquina
pública. (...)
Vereadores, vocês aprovaram no apagar das luzes
diversos contratos, muitos com validade de tantos anos que muitos de vocês não
viverão para ver seu final. Quais foram suas motivações para, neste caso,
agirem tão celeremente? Vocês cortaram o acesso do prefeito a verbas que sempre
ofereceram em bandejas ao antigo gestor.”
E
retomamos o chamamento em matéria de 6 de março: “Ninguém torce pelo pior, em
se tratando de administração pública o pior sempre sobrecarrega as costas da
população. Queremos que o prefeito Alcides Bernal acerte o pulso e inicie uma
administração melhor possível. A se instalar a ingovernabilidade, todos seremos
vítimas da desordem social e da impotência do não poder fazer por si. Ou Bernal
assume o comando, reconhece seus erros e parte para um entendimento que lhe
governabilidade ou corremos o sério risco de caos social com ele ou, o que é
mais temeroso, com Gilmar Olarte.”
Premonição? Não, apenas a lógica pura.
Neste ponto, além da incapacidade como
administrador, reside a culpa de Alcides Bernal. Lançou às águas o apoio do
PSDB e a força dos votos conquistados por Reinaldo Azambuja. Não soube
aproveitar a estrutura mais coesa e experiente dos partidos que lhe emprestaram
apoio para o segundo turno, PT e PSDB. Escolheu mal parte de seu secretariado,
por não ter quadros competentes a lhe acompanhar, por estar num partido
incipiente e por não contar com profissionais de excelência no seu contexto
político-social.
Bernal foi correto ao romper contratos que
agraciavam partícipes de um esquema entranhado nos escaninhos da coisa pública,
mas sua inconsistência e inexperiência não lhe permitiram perceber que após
consagrada sua eleição deveria montar de imediato uma equipe de apoio para
analisar contratos e estruturar o “Plano B” para o atendimento das necessidades
imediatas e de forma legal e transparente. Surgiram do nada a Salute, a Jagaz e
outras, trazendo suspeita ao seu discurso de moralidade.
Mas o Diabo não é como lhe pintam. Apesar dos
desencontros causados pela sua inabilidade política, incapacidade gerencial e
aspectos psicológicos estranhos, a Capital caminha serena e mais saudável.
Foi aterrorizador constatar o estado de total
sucateamento da Saúde Pública deixado pela antiga gestão do prefeito Nelson
Trad Filho, aquele que tudo aprovava na Câmara Municipal graças ao apoio
incondicional e cego dos vereadores, muitos dos quais, hoje, demonstram um
cuidado sem limites com os mesmos erros de gestão que eram praticados com o seu
aval.
O equilíbrio democrático, o cuidado com a coisa
pública vem de uma Casa de Leis que corre o risco de, cassado o prefeito
Bernal, dar posse ao seu sucessor Gilmar Olarte, nas calçadas da Avenida
Ricardo Brandão, pois está sendo despejada por falta de pagamento de aluguéis
durante as gestões de Paulo Siufi (PMDB), primo do ex-prefeito e um dos maiores
críticos do atual.
E quem são os membros da Comissão Processante? Edil
Albuquerque (PMDB), vice-prefeito de Nelson Trad Filho e secretário da
Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia, Turismo e do Agronegócio), Flávio César (PTdoB), líder do
ex-prefeito e Alceu Bueno (PSL) exercendo seu mandato sub judice pois foi
cassado por compra de votos e recorreu da sentença, além de haver sido flagrado
em gravações vendendo vagas em seu partido para candidatos do interior do
estado.
Falta de
base
Oito vereadores votaram a favor do prefeito e
contra a instauração da Comissão Processante: Zeca, Alex e Ayrton (PT), Cazuza
(PP), João Rocha (PSDB), Luiza Ribeiro (PPS), Carlão
(PSB) e Gilmar Neri (PRB). Surpresas? Sim. Edson Shimabukuru (PTB), que retirou
seu apoio na votação; Waldecy Chocolate (PP), até há pouco o vereador mais
próximo do prefeito; Rose Modesto (PSDB); e, talvez, Juliana Zorzo (PSC).
Dos que compõem a base de
apoio, os vereadores do PT, mesmo críticos e com ressalvas à atual
administração, sabem bem o poder de pressão e articulação do grupo que comanda
(ou comandava) a política nesse estado, sentiram na pele durante a gestão Zeca
no governo. Cazuza é do mesmo partido do prefeito e preza a unidade do partido;
o voto de Carlão foi em revolta contra a virulência dos
ataques ao prefeito; Gilmar Neri é base de apoio e tem uma atuação, no mínimo,
discreta; João Rocha foi contemplado de forma pessoal na administração e como
tem certa no mínimo uma reprimenda do PSDB por isso, manteve-se firme; Luiza
Ribeiro tem uma trajetória de fidelidade que lhe permite tecer críticas
internas, apresentar soluções, mas sair em defesa do seu grupo.
Daqueles
que causaram surpresa, Rose Modesto tenta se safar de sanções impostas pelo
PSDB e, diferente de João Rocha dispensou uma postura mais ética em benefício
do irmão, Rinaldo Modesto que será candidato à reeleição em 2014; Edson
Shimabukuro vem de um partido ligado umbilicalmente ao governador André
Puccinelli e com tempo de propaganda partidária suficiente para torna-lo
valioso; Juliana Zorzo, novata e sob o fio afiado de ser suplente de um
vereador guinado à secretário de uma pasta inexpressiva, portanto descartável
se assim entender o governador; e Waldecy Chocolate que, esquecido e
desvalorizado por Bernal, tem ouvido o canto da sereia (ou uivo dos lobos) e,
em sua inocência, acredita que está sendo reconhecido por seus pares.
Mais
forte ou mais preparado
De
qualquer forma, a vitória foi do mais forte e mais preparado para a batalha. Os
melhores generais, o exército mais coeso está armado desde há muito. O
governador André Puccinelli detém as rédeas, ainda que lute pelo controle com o
clã dos Trad. Não luta por si, não está sozinho, é a ponta de lança de um grupo
poderoso que não vai largar o terreno conquistado sem derramar muito sangue.
Os
que acreditaram em uma mudança, foram o eleitor, o próprio prefeito eleito e
algumas forças de oposição. Bernal não entendeu que a união destes exércitos
eram fundamentais, preferiu entender que eram tropas mercenárias dispostas a
lhe trair a qualquer momento, e as rechaçou. Afastou a mídia e foi traído por
alguns, repulsou aliados políticos, sequer sua base de apoio soube respeitar.
Caso
se confirme o boato de que está sucumbindo à pressão e deve renunciar para
concorrer ao governo como o grande injustiçado, retornando nos braços do povo e
com poderes plenos, lembramos que este filme produzido anteriormente e com um
mato-grossense teve um final infeliz para toda uma nação. As forças são fortes
mas não são ocultas. Leve em conta dois conselhos, procure um psicólogo e leia
“O Príncipe”, de Maquiavel.
Todos
têm seu grau de culpa, mas o mais penalizado será o povo, que errou tentando
acertar. Mostrou seu poder pelo voto, mudou e mudará novamente, mas não merece
Gilmar Olarte agindo sob a batuta daqueles que foram derrotados e que poderão
virar o jogo.
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