Joaquim
Félix não deve ser um Mantega, economista competente, porém fraco,
que obedeceu cegamente a presidente Dilma Rousseff (PT), ainda que em
prejuízo do país.
Planos
econômicos costumam não conseguir seus objetivos mais em função
da fraqueza política dos governantes do que equívocos das equipes
de economistas que os desenvolvem. Foi assim, por exemplo, com o
Plano Cruzado, do então ministro Dilson Funaro (1933-1989), sob a
presidência de José Sarney, um presidente fraco e mal intencionado
que, por não compreender o que é democracia, até porque nunca a
conheceu, sempre foi um articulador de vantagens, desmantelou a
tentativa de reordenamento da economia preferindo contemplar
interesses de amigos.
Outros
tantos planos foram tentados, alguns feitos por incompetentes,
ministros e presidentes, que preferiam mais “jogar para a
arquibancada” com firulas econômicas mirabolantes, e pouca
efetividade.
A
saga da guerra contra o caos da economia brasileira, que todos sabem,
mas poucos compreendem, está ai disposta em tentativas e erros até
1994, a mais ampla medida econômica já realizada no país, que
tinha por objetivo principal, não único, o controle da
hiperinflação. O
Plano Real reduziu em 85,58% a inflação logo em seu primeiro mês
de operação, conforme série histórica do IPCA, disponível no
site do IBGE. No mês de junho de 1994, a pressão sobre os preços
foi de 47,43%. Com a nova moeda, a pesquisa seguinte apontou inflação
de 6,84%. Até o início da circulação do Real,
em 1º de julho de 1994, a inflação acumulada foi de 763,12% (no
ano) e 5.153,50% (nos doze meses anteriores).
O
grande responsável foi o presidente Itamar Franco, que chamou a si a
responsabilidade de apoiar o plano sob responsabilidade do então
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que uniu um grupo
heterogêneo de economistas para salvar a economia do país. A equipe
era constituída por Persio
Arida,
André
Lara Resende,
Gustavo
Franco,
Pedro
Malan,
Edmar
Bacha,
Clóvis
Carvalho e
Winston
Fritsch.
Durante
o governo Fernando Henrique Cardoso, eleito na esteira do sucesso do
plano Real, crises econômicas internacionais forçaram
reordenamentos nem sempre bem-sucedidos. O mundo econômico enfrentou
as crises do México (1995), Asiática (1997-1998), Russa
(1998-1999), Argentina (2001), Atentado terrorista nos EUA (2001),
falsificação de balanços da Enron/Arthur Andersen. Internamente, a
fuga de hot-money pelo temor da eleição de Lula em 2002, que elevou
o dólar a quase R$ 4,00.
Lula
foi eleito e os temores afastados a partir do momento em que o
governo petistas optou por manter a base econômica e desenvolver os
embrionários projetos de desenvolvimento social que visavam tirar da
miséria parte significativa da população. Lula manteve a
estabilidade e aprimorou as bolsas sociais. Em macroeconomia nunca
existe unanimidade, não existem projetos perfeitos, mas a economia
brasileira se manteve estável e o país avançou neste aspecto.
Pouco
afeito ao trabalho, Lula preferiu dar autonomia, nem sempre
bem-sucedida, mas a economia conseguiu segurar até mesmo o
descontrole de gastos e desvios ocorridos em seu governo complacente.
Escorado
numa empatia pouco compreendida, num impecável trabalho de mídia e
na força da militância fanática, elegeu o “poste” Dilma
Rousseff, personalista e inconsequente. Centralizadora e portanto
cega à realidade, barganhou ministérios desnecessários e nada
competentes em troca de apoio político, comprando por valores
superfaturados votos no Congresso Nacional. Fez mais, optou por uma
equipe econômica de competência mediana e obediência cega. “Está
errado, muda-se a matemática”, esse foi o lema.
Mantega
obedeceu a presidente, esqueceu, entretanto, que a economia mundial
não tem a espinha dobrável. A mimada jovem de classe média alta
que, por arroubos da adolescência assumiu uma rebeldia sem causa,
pagou pesada pena por isso até buscar guarida nas asas do astuto
político Leonel Brizola e seu PDT e que, mais tarde, por
sobrevivência política, tornou-se petista, descobriu o exíguo
território das fronteiras de seu suposto reinado.
Mantega
não errou, foi fraco. Até foi inventivo em alterar dados e impor
por força de lei, alterações na economia interna, risíveis para
boas práticas econômicas e motivo de escracho para o mundo. Num
retrocesso mental e imaginário, talvez explicado pela psicologia,
Dilma voltou a ser a adolescente mimada que gastava além da mesada
paterna, no seu próprio benefício e privilégio dos amigos. Deu no
que deu.
Até
quando o atual ministro Joaquim Levy vai suportar as críticas e
ordenamentos inconsequentes de Dilma Rousseff? Ele é claro quando
diz em público o que todos dizem no acobertado: “Você
[o governo] montou um sistema que é muito desigual entre as
empresas. Você aplicou um negócio que era muito grosseiro". E
mais: "O
problema é que essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano e
vários estudos que têm sido feitos demonstram que ela não tem
protegido emprego. Nem criado, nem sequer protegido".
Se o ministro não tem
respaldo para impor uma economia de mercado coesa e séria, é
difícil supor que terá forças para controlar a gastança
inconsequente da mesada que a presidente recebe da mamãe Pátria?
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