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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Domador estala chicote e três secretarias são criadas


Para o ‘refazimento’ das chances políticas do PMDB e equanimidade na disputa, o governador André Puccinelli cria três novas secretarias – e todos os cargos necessários para seus funcionamentos – onde empossa os candidatos Nelson Trad Filho, na de Articulação de Desenvolvimento Regional e dos Municípios; Simone Tebet, na Casa Civil e, de quebra, o vereador Herculano Borges na Secretaria da Juventude.

Os casos de Nelson Trad Filho, ex-prefeito de Campo Grande e Simone Tebet, vice-governadora permitem que André lhes beneficie com cargos que, bem utilizados podem pavimentar o caminho para a governadoria nas eleições de 2014. Neste caso, entrega as armas e lava as mãos. Que cada qual faça uso dessas armas da forma que melhor lhes convier para cooptar políticos com influência em seus municípios, regiões ou partidos e, por conseguinte, os votos que consigam atrair. Nada distante, nada diferente em termos de política partidária.

No caso de Herculano Borges, André atrela definitivamente o PSC e a corrente evangélica representada pelo vereador, além de abrir vaga para Juliana Zorzo e todo o peso político e econômico de sua família na região de Nova Alvorada. Não bastasse, é sempre ajuizado contar na sua equipe com um político que, se não é brilhante, é iluminado. Afinal, Herculano, formado em Educação Física e ex-técnico de futsal, conforme descreve em seu site, tornou-se vereador após sua mãe dizer, em sonho, que ele seria vereador, o que foi confirmado por ninguém menos que Deus. O mesmo Deus que o orientou sobre a escolha do Partido a se filiar. Não dá para desprezar um político com um assessor tão influente.

A criação das novas secretarias acomodará grande parte daqueles que foram desalojados da prefeitura da Capital em função da eleição de Alcides Bernal e que representam importante escopo político de Nelsinho Trad, e tantos outros que trabalharam efetivamente na inconsistente campanha Edson Giroto. Penaliza, ainda, todos os que fizeram corpo mole antevendo a derrota, ou que haviam acendido uma vela a Deus e outra ao Diabo e, em meio a campanha, decidiram por apagar uma delas. Estes deram lugar aos cupinchas neófitos.

E a discussão gira em torno de um mesmo tema, quem e quais os motivos da criação e remanejamento de cargos. Ninguém, em qualquer momento ou circunstância questiona a razão destes partos tardios. O que isso acresce à administração estadual? Quais os benefícios ao Estado, aos municípios e, principalmente, à população?

Nada. As secretarias a serem ocupadas por Simone Tebet e Nelsinho Trad são apenas amplos e endinheirados balcões de barganhas de senhores de currais eleitorais que relutam em alcançar a modernidade cívica aqui nos rincões do Oeste. A secretaria da Juventude, nem isso. Aliás, provocou, inclusive, arroubos de ciúmes, birras e biquinhos nos amestrados legisladores do partido com dono (PCD – digo PTdoB).

Portanto, em que pese a experiência política do governador de Mato Grosso do Sul, e o período de reflexão ao qual se permitiu durante férias em Resort no aprazível clima do interior de São Paulo, André Puccinelli, aparentemente, não conseguiu abandonar o hábito do cachimbo que lhe deixou a boca torta. Joga duro contra aqueles que supõe traidores.

Assim, na dança das cadeiras, perderam cargos e salários os pouco aplicados, mantiveram-se todos aqueles com comprovada competência, mesmo que ameaçados pelos iluminados, e ganharam espaço no governo os devotados e obedientes.

Quanto à aprovação pela Assembleia, nunca foi problema. O legislativo estadual, em que pese o pequeno bloco oposicionista de muito discurso e pouca ação útil, sempre lhe foi, no mínimo obediente. Basta levantar o chicote que, antes mesmo que ele estale, a aprovação – qualquer que seja – está assinada. Jerson Domingos é articular, mas acima de tudo um deputado de passagem pela casa; Londres Machado vê minguada sua votação a cada pleito e, mesmo com o peso da máquina da governadoria, perdeu em seu próprio quintal, Fátima do Sul; Arroyo precisa a discrição que lhe evite arranhões nos negros cabelos e bigode e Marquinhos Trad tem seus limites de ataque temendo criar fissuras nas defesas do castelo de família.

O domador não está morto, Viva o Domador!

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