Para o ‘refazimento’ das chances políticas do PMDB e
equanimidade na disputa, o governador André Puccinelli cria três novas
secretarias – e todos os cargos necessários para seus funcionamentos – onde empossa
os candidatos Nelson Trad Filho, na de Articulação de Desenvolvimento Regional
e dos Municípios; Simone Tebet, na Casa Civil e, de quebra, o vereador
Herculano Borges na Secretaria da Juventude.
Os casos de Nelson Trad Filho, ex-prefeito de Campo Grande e
Simone Tebet, vice-governadora permitem que André lhes beneficie com cargos
que, bem utilizados podem pavimentar o caminho para a governadoria nas eleições
de 2014. Neste caso, entrega as armas e lava as mãos. Que cada qual faça uso
dessas armas da forma que melhor lhes convier para cooptar políticos com
influência em seus municípios, regiões ou partidos e, por conseguinte, os votos
que consigam atrair. Nada distante, nada diferente em termos de política
partidária.
No caso de Herculano Borges, André atrela definitivamente o
PSC e a corrente evangélica representada pelo vereador, além de abrir vaga para
Juliana Zorzo e todo o peso político e econômico de sua família na região de Nova
Alvorada. Não bastasse, é sempre ajuizado contar na sua equipe com um político
que, se não é brilhante, é iluminado. Afinal, Herculano, formado em Educação
Física e ex-técnico de futsal, conforme descreve em seu site, tornou-se
vereador após sua mãe dizer, em sonho, que ele seria vereador, o que foi
confirmado por ninguém menos que Deus. O mesmo Deus que o orientou sobre a
escolha do Partido a se filiar. Não dá para desprezar um político com um
assessor tão influente.
A criação das novas secretarias acomodará grande parte
daqueles que foram desalojados da prefeitura da Capital em função da eleição de
Alcides Bernal e que representam importante escopo político de Nelsinho Trad, e
tantos outros que trabalharam efetivamente na inconsistente campanha Edson
Giroto. Penaliza, ainda, todos os que fizeram corpo mole antevendo a derrota,
ou que haviam acendido uma vela a Deus e outra ao Diabo e, em meio a campanha,
decidiram por apagar uma delas. Estes deram lugar aos cupinchas neófitos.
E a discussão gira em torno de um mesmo tema, quem e quais
os motivos da criação e remanejamento de cargos. Ninguém, em qualquer momento
ou circunstância questiona a razão destes partos tardios. O que isso acresce à
administração estadual? Quais os benefícios ao Estado, aos municípios e,
principalmente, à população?
Nada. As secretarias a serem ocupadas por Simone Tebet e
Nelsinho Trad são apenas amplos e endinheirados balcões de barganhas de
senhores de currais eleitorais que relutam em alcançar a modernidade cívica
aqui nos rincões do Oeste. A secretaria da Juventude, nem isso. Aliás,
provocou, inclusive, arroubos de ciúmes, birras e biquinhos nos amestrados
legisladores do partido com dono (PCD – digo PTdoB).
Portanto, em que pese a experiência política do governador de
Mato Grosso do Sul, e o período de reflexão ao qual se permitiu durante férias
em Resort no aprazível clima do interior de São Paulo, André Puccinelli,
aparentemente, não conseguiu abandonar o hábito do cachimbo que lhe deixou a
boca torta. Joga duro contra aqueles que supõe traidores.
Assim, na dança das cadeiras, perderam cargos e salários os
pouco aplicados, mantiveram-se todos aqueles com comprovada competência, mesmo
que ameaçados pelos iluminados, e ganharam espaço no governo os devotados e
obedientes.
Quanto à aprovação pela Assembleia, nunca foi problema. O
legislativo estadual, em que pese o pequeno bloco oposicionista de muito
discurso e pouca ação útil, sempre lhe foi, no mínimo obediente. Basta levantar
o chicote que, antes mesmo que ele estale, a aprovação – qualquer que seja –
está assinada. Jerson Domingos é articular, mas acima de tudo um deputado de
passagem pela casa; Londres Machado vê minguada sua votação a cada pleito e, mesmo
com o peso da máquina da governadoria, perdeu em seu próprio quintal, Fátima do
Sul; Arroyo precisa a discrição que lhe evite arranhões nos negros cabelos e
bigode e Marquinhos Trad tem seus limites de ataque temendo criar fissuras nas
defesas do castelo de família.
O domador não está morto, Viva o Domador!
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