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domingo, 26 de maio de 2013

Entrevista vereador Paulo Siufi:

Tem que acabar a política do toma lá, dá cá

Vereador Paulo Siufi (PMDB) e jornalista Dirceu Martins
Concorde-se ou não com sua atuação, goste-se ou não de sua postura, o vereador Dr. Paulo Siufi (PMDB) é peça fundamental para que se entenda o poder legislativo e sua relação com o executivo. Grande conhecedor dos meandros partidários, aprendeu com as derrotas e vitórias.

Hoje, evita as polêmicas e tem se apresentado como contraponto aos embates. Um dos participantes do Grupo dos 6, que preconizava independência na polarização entre base e oposição é, sobretudo, polêmico. Democrata, aceita as críticas e não foge de temas polêmicos, exceto um: vai deixar o PMDB e, caso isso se confirme, qual será seu novo berço?


Martins: Ainda há tempo para o Bernal alterar essa sua maneira e compor com a classe política?
Dr. Paulo Siufi: Se você se respalda em alguma coisa, você tem que ter a certeza de que esse respaldo não vai lhe faltar. Existem dois pesos nessa balança: um é a Câmara Municipal que tem que respaldar os atos do prefeito; o outro é a população. As pessoas que votaram nele estão satisfeitas, todas elas? Se não, você tem que sentir que alguma coisa não está bem. Os vereadores estão satisfeitos? A relação executivo-legislativo é boa? Então, tem que repensar.
Eu espero que ele tenha maturidade para isso, para reavaliar. Ele não atende a mim ou a outros vereadores. Não se consegue marcar audiências, que é de praxe, seja situação ou oposição. Ele não atende à própria imprensa, e é dever dar satisfação de suas ações e atos aos eleitores e isso é feito pela imprensa. Ele é um importante comunicador e não consegue se comunicar como administrador público. É um equívoco dizer que a Câmara não está lhe alicerçando.

Martins: Mas há um grupo de vereadores que trabalham para desestabilizar este governo.
Dr. Paulo Siufi: Eu não posso te dizer isso, porque eu não faço parte de nenhum grupo que tenha este pensamento. Seria leviano falar que existe. Se eu falar que existe eu tenho que dar nomes. Eu sinto que algumas vezes, não sei se a intenção é desestabilizar, mas que estão “chateados”.

Martins: Pode-se dizer que toda a Câmara está insatisfeita com a falta de sintonia?
Dr. Paulo Siufi: Sim, pela falta de sintonia sim. Agora, se existe alguém mal intencionado, isso eu não posso dizer. Posso garantir que todos têm a função de representar seus eleitores, e você solicita melhorias, mas você não pode executar as melhorias, então você pede. Mas não está havendo sequer resposta aos requerimentos, não temos como dizer para o eleitor se será ou não executada tal obra.

Martins: A relação do Bernal com o próprio secretariado é tensa?
Dr. Paulo Siufi: É necessário que se dê autonomia. As decisões maiores devem contar com a participação do prefeito, mas a partir da determinação de sua linha de governo, a máquina deve andar.

Martins: Então, as principais falhas são?
Dr. Paulo Siufi: Maturidade política e parceria e harmonia com o legislativo, com os seus secretários, com a imprensa e com a sociedade de forma geral.

Martins: Isso não vem do fato dos problemas enfrentados quando assumiu a prefeitura?
Dr. Paulo Siufi: Ele pegou uma prefeitura nos trilhos. Os vereadores comentavam hoje, as obras pararam, hoje tinham dois funcionários no posto de saúde. Não adianta ele pegar uma caravana, levar na Moreninhas, atender todo mundo. E ai? Daqui a seis meses ele vai voltar lá? O povo quer o atendimento no dia a dia.

Martins: Mas está tendo um bom desempenho na saúde. Ainda não está estruturada, mas deu um bom atendimento emergencial.
Dr. Paulo Siufi: Depende do ponto de vista. Eu acho, no meu entendimento como médico, que está fazendo um bom atendimento de saúde no aspecto de “atendimento”. Estamos aquém do ideal, e não é só a prefeitura de Campo Grande, são os governos estaduais, federal. O Mundo passa por uma crise na saúde. E acho pelo que vi, que Campo Grande está muito bem no setor de saúde. Tem falhas, ninguém é hipócrita para negar, mas elas existem também no setor privado.

Martins: E o G6, ficou no G3?
Dr. Paulo Siufi: A gente tem que deixar claro que G6, G3, G23... qual é a função primordial dele? De analisar o que Campo Grande precisa, das nossas situações de melhora. Infelizmente três resolveram sair, mas acho que esse grupo não estagna em três, ele avança em 29, de repente. Todos tem que repensar a Capital. Um dos pontos é o que estamos vivenciando: nós vamos viver ainda da política do “toma lá, da cá”? De quem perdeu ser contra custe o que custar? Eu acho que não. As pessoas não aceitam mais esse tipo de atitude.

Martins: A Câmara conseguiu enxergar a resposta da população nas urnas?
Dr. Paulo Siufi: Eu enxerguei com muita clareza.

Martins: A Câmara não está ocupando tempo demais em defender ações antigas, quando isso deveria ficar para a justiça resolver?
Dr. Paulo Siufi: Muitos têm nos inquirido isso. Se você tem uma ação do executivo colocando em mídia social, em alguma imprensa, uma situação; você tem que se defender. Você tem que retomar o raciocínio do passado para poder equacionar ações.

Cassação não é boa,mas se existir improbidade...

 Martins: E o impeachment?
Dr. Paulo Siufi: Ele é palpitante em todas as rodas. Quando, Por que, e a fundamentação. Eu me pauto por verdades, se o relatório da Comissão de Orçamento e Finanças tiver a adesão do Tribunal de Contas do Estado; e vamos ver o que eles vão colocar no parecer final, se é improbidade administrativa, se é sonegação de informações, se é uma decisão transitória que pode ser corrigida; depois desse parecer é que eu vou tomar um posicionamento. Não sou contra, nem sou favorável. A cassação não é boa para nenhuma cidade, mas se existir improbidade...

Martins: O vice representa o voto do povo?
Dr. Paulo Siufi: Eu creio que sim, porque compunham uma chapa. O voto não era apenas para o Bernal, mas para a chapa que contava com o Gilmar Olarte como vice, ou seja, alguém que eventualmente viria a ocupar o lugar do prefeito.

Martins: Eleições 2014. Quais os horizontes?
Dr. Paulo Siufi: Acho que após 2012, os ensinamento deixados foram claras. A população está mais ciente do que faz e mais consciente dos atos dos homens públicos. É uma eleição muito ampla, mas o jogo está aberto, ninguém é dono desta eleição.

Martins: Temos posta a candidatura Delcídio pelo PT. E o PMDB?
Dr. Paulo Siufi: Pelo histórico do partido, vai ter um candidato cabeça de chapa. Nelsinho e Simone são ótimos quadros. Temos que ter, apenas, encaminhamentos para que grupos políticos possam caminhar junto, o que nos fez falta nas últimas eleições, que nunca se ganha sozinho.

Martins: Sua saída do PMDB tem algum fundo de verdade?
Dr. Paulo Siufi: Eu estou no PMDB e me sinto muito confortável, mas eu faço parte de um contexto político e a política é dinâmica. Se houver entendimento dentro do meu partido que eu possa ser útil em outro partido, somando, eu não teria problema algum, até porque eu tenho certeza que muitas pessoas votam no candidato. Eu já recebi convite em outras ocasiões e estou à disposição. Entendo que a hora é de oxigenar. A minha intenção é disputar à Assembleia Legislativa, para a Câmara Federal só se houvesse entendimento em outro partido, no PMDB, não. Disputar uma eleição só por disputar eu não vou.

Martins: Restam mágoas do esvaziamento de sua pré-candidatura à prefeitura?

Dr. Paulo Siufi: Mágoa não é a palavra certa, ficou um vazio porque a gente sabia que estávamos num bom momento. Mas a situação em que foi feita a eleição, o momento se mostrou não ser bom para ninguém. Houve um tsunami, um querer mudar. 

Um comentário:

Jorge Mattos disse...

"Se houver entendimento dentro do meu partido que eu possa ser útil em outro partido, somando, eu não teria problema algum, até porque eu tenho certeza que muitas pessoas votam no candidato. Eu já recebi convite em outras ocasiões e estou à disposição. Entendo que a hora é de oxigenar. A minha intenção é disputar à Assembleia Legislativa, para a Câmara Federal só se houvesse entendimento em outro partido, no PMDB, não. Disputar uma eleição só por disputar eu não vou".
Este posicionamento do Vereador Paulo Siufi demonstra sua total falta de personalidade e independência política. Ademais, demonstra também a total falta de ética ou comprometimento político dos partidos, pois estabelecem estratégias entre si somente para enganar e burlar a boa fé dos seus eleitores. Um político que não tem idoneidade política, atitude, coerência, boa fé e comprometimento com seus eleitores não pode ser objeto de respeito, muito menos de voto! É simplesmente vergonhoso!