Vereador Paulo Siufi (PMDB) e jornalista Dirceu Martins |
Concorde-se
ou não com sua atuação, goste-se ou não de sua postura, o vereador Dr. Paulo
Siufi (PMDB) é peça fundamental para que se entenda o poder legislativo e sua relação
com o executivo. Grande conhecedor dos meandros partidários, aprendeu com as
derrotas e vitórias.
Hoje,
evita as polêmicas e tem se apresentado como contraponto aos embates. Um dos
participantes do Grupo dos 6, que preconizava independência na polarização
entre base e oposição é, sobretudo, polêmico. Democrata, aceita as críticas e
não foge de temas polêmicos, exceto um: vai deixar o PMDB e, caso isso se
confirme, qual será seu novo berço?
Martins:
Ainda
há tempo para o Bernal alterar essa sua maneira e compor com a classe política?
Dr.
Paulo Siufi: Se você se
respalda em alguma coisa, você tem que ter a certeza de que esse respaldo não
vai lhe faltar. Existem dois pesos nessa balança: um é a Câmara Municipal que
tem que respaldar os atos do prefeito; o outro é a população. As pessoas que
votaram nele estão satisfeitas, todas elas? Se não, você tem que sentir que
alguma coisa não está bem. Os vereadores estão satisfeitos? A relação
executivo-legislativo é boa? Então, tem que repensar.
Eu espero que ele tenha
maturidade para isso, para reavaliar. Ele não atende a mim ou a outros
vereadores. Não se consegue marcar audiências, que é de praxe, seja situação ou
oposição. Ele não atende à própria imprensa, e é dever dar satisfação de suas
ações e atos aos eleitores e isso é feito pela imprensa. Ele é um importante
comunicador e não consegue se comunicar como administrador público. É um
equívoco dizer que a Câmara não está lhe alicerçando.
Martins:
Mas
há um grupo de vereadores que trabalham para desestabilizar este governo.
Dr.
Paulo Siufi: Eu não
posso te dizer isso, porque eu não faço parte de nenhum grupo que tenha este
pensamento. Seria leviano falar que existe. Se eu falar que existe eu tenho que
dar nomes. Eu sinto que algumas vezes, não sei se a intenção é desestabilizar,
mas que estão “chateados”.
Martins:
Pode-se
dizer que toda a Câmara está insatisfeita com a falta de sintonia?
Dr.
Paulo Siufi: Sim, pela
falta de sintonia sim. Agora, se existe alguém mal intencionado, isso eu não
posso dizer. Posso garantir que todos têm a função de representar seus
eleitores, e você solicita melhorias, mas você não pode executar as melhorias,
então você pede. Mas não está havendo sequer resposta aos requerimentos, não
temos como dizer para o eleitor se será ou não executada tal obra.
Martins:
A
relação do Bernal com o próprio secretariado é tensa?
Dr.
Paulo Siufi: É
necessário que se dê autonomia. As decisões maiores devem contar com a
participação do prefeito, mas a partir da determinação de sua linha de governo,
a máquina deve andar.
Martins:
Então,
as principais falhas são?
Dr.
Paulo Siufi: Maturidade
política e parceria e harmonia com o legislativo, com os seus secretários, com
a imprensa e com a sociedade de forma geral.
Martins:
Isso
não vem do fato dos problemas enfrentados quando assumiu a prefeitura?
Dr.
Paulo Siufi: Ele pegou
uma prefeitura nos trilhos. Os vereadores comentavam hoje, as obras pararam,
hoje tinham dois funcionários no posto de saúde. Não adianta ele pegar uma
caravana, levar na Moreninhas, atender todo mundo. E ai? Daqui a seis meses ele
vai voltar lá? O povo quer o atendimento no dia a dia.
Martins:
Mas
está tendo um bom desempenho na saúde. Ainda não está estruturada, mas deu um
bom atendimento emergencial.
Dr.
Paulo Siufi: Depende do
ponto de vista. Eu acho, no meu entendimento como médico, que está fazendo um
bom atendimento de saúde no aspecto de “atendimento”. Estamos aquém do ideal, e
não é só a prefeitura de Campo Grande, são os governos estaduais, federal. O
Mundo passa por uma crise na saúde. E acho pelo que vi, que Campo Grande está
muito bem no setor de saúde. Tem falhas, ninguém é hipócrita para negar, mas
elas existem também no setor privado.
Martins:
E
o G6, ficou no G3?
Dr.
Paulo Siufi: A gente tem
que deixar claro que G6, G3, G23... qual é a função primordial dele? De
analisar o que Campo Grande precisa, das nossas situações de melhora.
Infelizmente três resolveram sair, mas acho que esse grupo não estagna em três,
ele avança em 29, de repente. Todos tem que repensar a Capital. Um dos pontos é
o que estamos vivenciando: nós vamos viver ainda da política do “toma lá, da
cá”? De quem perdeu ser contra custe o que custar? Eu acho que não. As pessoas
não aceitam mais esse tipo de atitude.
Martins:
A
Câmara conseguiu enxergar a resposta da população nas urnas?
Dr.
Paulo Siufi: Eu
enxerguei com muita clareza.
Martins:
A Câmara não está ocupando tempo demais em defender ações
antigas, quando isso deveria ficar para a justiça resolver?
Dr.
Paulo Siufi: Muitos têm
nos inquirido isso. Se você tem uma ação do executivo colocando em mídia
social, em alguma imprensa, uma situação; você tem que se defender. Você tem
que retomar o raciocínio do passado para poder equacionar ações.
Cassação não é boa,mas se existir improbidade...
Martins: E o impeachment?
Dr.
Paulo Siufi: Ele é
palpitante em todas as rodas. Quando, Por que, e a fundamentação. Eu me pauto
por verdades, se o relatório da Comissão de Orçamento e Finanças tiver a adesão
do Tribunal de Contas do Estado; e vamos ver o que eles vão colocar no parecer
final, se é improbidade administrativa, se é sonegação de informações, se é uma
decisão transitória que pode ser corrigida; depois desse parecer é que eu vou
tomar um posicionamento. Não sou contra, nem sou favorável. A cassação não é
boa para nenhuma cidade, mas se existir improbidade...
Martins:
O
vice representa o voto do povo?
Dr.
Paulo Siufi: Eu creio
que sim, porque compunham uma chapa. O voto não era apenas para o Bernal, mas
para a chapa que contava com o Gilmar Olarte como vice, ou seja, alguém que
eventualmente viria a ocupar o lugar do prefeito.
Martins:
Eleições
2014. Quais os horizontes?
Dr.
Paulo Siufi: Acho que
após 2012, os ensinamento deixados foram claras. A população está mais ciente
do que faz e mais consciente dos atos dos homens públicos. É uma eleição muito
ampla, mas o jogo está aberto, ninguém é dono desta eleição.
Martins:
Temos
posta a candidatura Delcídio pelo PT. E o PMDB?
Dr.
Paulo Siufi: Pelo
histórico do partido, vai ter um candidato cabeça de chapa. Nelsinho e Simone
são ótimos quadros. Temos que ter, apenas, encaminhamentos para que grupos políticos
possam caminhar junto, o que nos fez falta nas últimas eleições, que nunca se
ganha sozinho.
Martins:
Sua
saída do PMDB tem algum fundo de verdade?
Dr.
Paulo Siufi: Eu estou no
PMDB e me sinto muito confortável, mas eu faço parte de um contexto político e
a política é dinâmica. Se houver entendimento dentro do meu partido que eu
possa ser útil em outro partido, somando, eu não teria problema algum, até
porque eu tenho certeza que muitas pessoas votam no candidato. Eu já recebi
convite em outras ocasiões e estou à disposição. Entendo que a hora é de
oxigenar. A minha intenção é disputar à Assembleia Legislativa, para a Câmara
Federal só se houvesse entendimento em outro partido, no PMDB, não. Disputar
uma eleição só por disputar eu não vou.
Martins:
Restam
mágoas do esvaziamento de sua pré-candidatura à prefeitura?
Dr.
Paulo Siufi: Mágoa não é
a palavra certa, ficou um vazio porque a gente sabia que estávamos num bom momento.
Mas a situação em que foi feita a eleição, o momento se mostrou não ser bom
para ninguém. Houve um tsunami, um querer mudar.
Um comentário:
"Se houver entendimento dentro do meu partido que eu possa ser útil em outro partido, somando, eu não teria problema algum, até porque eu tenho certeza que muitas pessoas votam no candidato. Eu já recebi convite em outras ocasiões e estou à disposição. Entendo que a hora é de oxigenar. A minha intenção é disputar à Assembleia Legislativa, para a Câmara Federal só se houvesse entendimento em outro partido, no PMDB, não. Disputar uma eleição só por disputar eu não vou".
Este posicionamento do Vereador Paulo Siufi demonstra sua total falta de personalidade e independência política. Ademais, demonstra também a total falta de ética ou comprometimento político dos partidos, pois estabelecem estratégias entre si somente para enganar e burlar a boa fé dos seus eleitores. Um político que não tem idoneidade política, atitude, coerência, boa fé e comprometimento com seus eleitores não pode ser objeto de respeito, muito menos de voto! É simplesmente vergonhoso!
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