Kuan Yin diz que
a realidade está na mente de cada um, e a deusa descrita com mil braços e números variados de
olhos, mãos e cabeças, às vezes com um olho na palma de cada mão, representa a mãe onipresente, olhando simultaneamente em toda direção.
Mas no caso do governo municipal de Campo Grande, a
semelhança para na visão da imagem e saímos do sagrado para o profano para
podermos dizer que a imagem do prefeito seria representada por mil mãos
direitas ou mil mãos esquerdas que se esbarram, se embaralham e coloca
quaisquer boas intenções a perder.
A administração está parada porque todas as ações têm que
passar necessariamente pelos seus olhos ou mãos, cada pequeno detalhe espera
pela sua aprovação pessoal. Bernal chefia sem ter liderança. Escolheu maior
parte de seu secretariado entre os que lhe obedecem cegamente, não entre os
mais capacitados. Vê vultos e perseguições onde sequer existem sombras.
Sem mover uma escavadeira sequer, sua primeira obra foi
construir o fosso que separou a Prefeitura, primeiro dos aliados da campanha,
depois dos aliados na Câmara, indicando clara intenção de isolar-se dos
adversários, que em sua interpretação são apenas inimigos. A Capital suportará
quatro anos de beligerância?
Qual é o tipo de fobia de Alcides Bernal? O que o leva a
buscar fazer tudo e não conseguir nada? Por que resgatou a cerimônia de
beija-mão? Até quando vai manter seus melhores secretários? Não responde. Suas
tímidas tentativas de aproximação com o mundo exterior costumam desandar em atritos.
Enquanto isso, Campo Grande está parada, sem investimentos.
Perdemos mais que divisas, também os necessários empregos. Empresários já
estabelecidos e que necessitam desse crescimento que fará girar a economia, que
dará pujança à economia, pensam ir-se embora. Isso significa uma leva de
desempregados desesperançados.
Nada funciona. Suas mãos vão se transformando em tentáculos
que sufocam e matam, ao contrário das mãos de Kuan Yin que consolam. As crianças
estão sem alimentos nas creches, o material escolar chegou com inexplicável
atraso, a saúde começa a responder negativamente e mesmo os questionamentos
feitos cara a cara, na presença de tantos, são imputados aos
inimigos-opositores.
Seus apoios – porque amigos não os têm – se foram. Alguns
poucos abnegados que esperam pelos milagres de Kuan Yin ou outros santos e
deuses que farão o prefeito enxergar e, quiçá, entender a seara
político-administrativo, ainda lhe sustentam na Câmara. Até quando?
Com isso abre-se extenso campo fragilidade que vem sendo
aproveitado pelos opositores. Se já eram mal intencionados, agora chutam
cachorro morto. As CPIs das galinhas se proliferam e ficam nas mãos das
raposas.
Ao prefeito ainda restam os últimos suspiros da esperança que
foi depositada em urna. O povo não quer acreditar que errou tanto. Ainda
guardam a esperança de terem atendidos seus desejos de outubro de 2012. Aguardam
um prefeito que saiba administrar o dia a dia da prefeitura, permitindo que a
cidade avance econômica e socialmente, e administrar os conflitos políticos que
fazem parte da Democracia. Para um, é necessário sair da zona tenebrosa das
sombras da desconfiança e delegar poderes – depois de definir um secretariado
que se iguale em nível elevado –, para o outro é necessário baixar a ponte sobre
o fosso, de tal forma que lhe permita atender aos que solicitam e sair para
manter diálogo com aliados e adversários.
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