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terça-feira, 9 de julho de 2013

O caos na Saúde de Mato Grosso do Sul: Qual o crime cometido? Apenas Corrupção?

José Tolentino*

O governador de Mato Grosso do Sul, o médico André Puccinelli, é um sujeito extremamente centralizador, não deposita confiança em ninguém, tem um reduzido grupo mais próximo que goza de delimitada autonomia e pronto, nada acontece no governo sem o seu crivo, o seu aval ou a sua determinação.
Os secretários de estado de Puccinelli são figuras quase que decorativas, sem nenhum poder de decisão.

Tomando como exemplo a pasta da comunicação, que é subordinada à Secretaria de Governo, nada ali acontece sem conhecimento e expressa aquiescência deste “habilidoso” chefe do executivo de MS. O secretário, Guilherme Zurutuza Filho, até mesmo para publicar um pequeno anúncio ou divulgar uma mídia qualquer, tem que ter a devida autorização do chefe.
E assim é que a coisa funciona em todas as esferas da administração pública estadual de Mato Grosso do Sul. Inclusive na área da saúde.

É claro, lógico e evidente, ainda mais sendo o governador formado em Medicina e já tendo exercido o cargo de secretário de estado de saúde no primeiro governo de Wilson Barbosa Martins, que nenhum passo na secretaria de saúde do atual governo era dado sem seu prévio conhecimento ou expressa determinação. Isto parece muito óbvio.

Recentemente, gravações realizadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça e que chegaram ao conhecimento popular através da Rede Globo, flagraram a então secretária de saúde, a médica Beatriz Figueiredo Dobashi, numa conversa com o diretor do Hospital Regional de MS, o médico Ronaldo Queiróz, onde a dupla arquitetava uma estratégia para beneficiar empresas, em detrimento dos hospitais públicos de Mato Grosso do Sul, dificultando a doação de aparelhos que seriam utilizados no combate ao câncer. Uma atitude vil, pecaminosa e criminosa, onde os dois médicos, Beatriz e Ronaldo, entre risos, organizavam a malandragem.

Na sequência, em outro flagrante da Polícia Federal, o médico Ronaldo Queiróz aparece explicando, didaticamente, para o médico José Carlos Dorsa, diretor do HU, todas as ordens que havia recebido de “Bia” (Beatriz Dobashi).

Dobashi, a “Bia”, médica e secretária de saúde, exerce o cargo desde o início do primeiro governo de Puccinelli. Antes, já havia ocupado o mesmo cargo na prefeitura de Campo Grande, quando André era prefeito. “Bia” é parceira de primeira hora do governador nas maracutaias da saúde, tudo com o objetivo de ganhar dinheiro fácil, obter vantagens espúrias e enriquecimento ilícito, mesmo que, para tanto, saúde de pessoas inocentes fosse sacrificada, como, de fato, certamente aconteceu e muita gente provavelmente faleceu por falta de um tratamento adequado.

Outras gravações da Polícia Federal, flagraram um outro médico - o tal Adalberto Siufi, então diretor do Hospital do Câncer - ameaçando o governador de “ir para o pau”, caso determinadas atitudes não fossem tomadas, com o objetivo de frear investigações que vinham sendo realizadas pelo Ministério Público Estadual e que envolviam desmandos e corrupção na saúde pública.

Uma verdadeira máfia de branco comandada por um homem que desonra a sua profissão e que não mede as consequências de seus atos e atitudes.
A sociedade precisa se organizar, precisa se unir, para expurgar este moço da vida pública e exigir punição para todos os envolvidos.

A corrupção desenfreada está claramente demonstrada.

Assim, fica um questionamento para reflexão e discussão: de quem é a culpa das mortes havidas em função da precariedade no atendimento ao câncer em Mato Grosso do Sul, em razão das mazelas praticadas pelos gestores? Esses mesmos gestores devem responder apenas pela prática de corrupção?

* Editor do Jornal da Cidade Online


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