José Tolentino*
O governador de Mato Grosso do Sul, o médico André
Puccinelli, é um sujeito extremamente centralizador, não deposita confiança em
ninguém, tem um reduzido grupo mais próximo que goza de delimitada autonomia e
pronto, nada acontece no governo sem o seu crivo, o seu aval ou a sua
determinação.
Os secretários de estado de Puccinelli são figuras
quase que decorativas, sem nenhum poder de decisão.
Tomando como exemplo a pasta da comunicação, que é
subordinada à Secretaria de Governo, nada ali acontece sem conhecimento e
expressa aquiescência deste “habilidoso” chefe do executivo de MS. O
secretário, Guilherme Zurutuza Filho, até mesmo para publicar um pequeno
anúncio ou divulgar uma mídia qualquer, tem que ter a devida autorização do
chefe.
E assim é que a coisa funciona em todas as esferas
da administração pública estadual de Mato Grosso do Sul. Inclusive na área da
saúde.
É claro, lógico e evidente, ainda mais sendo o
governador formado em Medicina e já tendo exercido o cargo de secretário de
estado de saúde no primeiro governo de Wilson Barbosa Martins, que nenhum passo
na secretaria de saúde do atual governo era dado sem seu prévio conhecimento ou
expressa determinação. Isto parece muito óbvio.
Recentemente, gravações realizadas pela Polícia
Federal, com autorização da Justiça e que chegaram ao conhecimento popular
através da Rede Globo, flagraram a então secretária de saúde, a médica Beatriz
Figueiredo Dobashi, numa conversa com o diretor do Hospital Regional de MS, o
médico Ronaldo Queiróz, onde a dupla arquitetava uma estratégia para beneficiar
empresas, em detrimento dos hospitais públicos de Mato Grosso do Sul,
dificultando a doação de aparelhos que seriam utilizados no combate ao câncer.
Uma atitude vil, pecaminosa e criminosa, onde os dois médicos, Beatriz e
Ronaldo, entre risos, organizavam a malandragem.
Na sequência, em outro flagrante da Polícia
Federal, o médico Ronaldo Queiróz aparece explicando, didaticamente, para o
médico José Carlos Dorsa, diretor do HU, todas as ordens que havia recebido de
“Bia” (Beatriz Dobashi).
Dobashi, a “Bia”, médica e secretária de saúde,
exerce o cargo desde o início do primeiro governo de Puccinelli. Antes, já
havia ocupado o mesmo cargo na prefeitura de Campo Grande, quando André era
prefeito. “Bia” é parceira de primeira hora do governador nas maracutaias da
saúde, tudo com o objetivo de ganhar dinheiro fácil, obter vantagens espúrias e
enriquecimento ilícito, mesmo que, para tanto, saúde de pessoas inocentes fosse
sacrificada, como, de fato, certamente aconteceu e muita gente provavelmente
faleceu por falta de um tratamento adequado.
Outras gravações da Polícia Federal, flagraram um
outro médico - o tal Adalberto Siufi, então diretor do Hospital do Câncer -
ameaçando o governador de “ir para o pau”, caso determinadas atitudes não
fossem tomadas, com o objetivo de frear investigações que vinham sendo
realizadas pelo Ministério Público Estadual e que envolviam desmandos e
corrupção na saúde pública.
Uma verdadeira máfia de branco comandada por um
homem que desonra a sua profissão e que não mede as consequências de seus atos
e atitudes.
A sociedade precisa se organizar, precisa se unir,
para expurgar este moço da vida pública e exigir punição para todos os
envolvidos.
A corrupção desenfreada está claramente
demonstrada.
Assim, fica um questionamento para reflexão e
discussão: de quem é a culpa das mortes havidas em função da precariedade no
atendimento ao câncer em Mato Grosso do Sul, em razão das mazelas praticadas
pelos gestores? Esses mesmos gestores devem responder apenas pela prática de
corrupção?
* Editor do Jornal da Cidade Online
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