Câmara
dos Deputados discute projeto de lei que exclui famílias alternativas e obriga
a publicidade adotar modelo tradicional
A família de margarina, tão
criticada por muitos profissionais da publicidade, pode se tornar uma regra da
propaganda brasileira. Está em análise na Câmara dos Deputados um projeto de
lei (5921/2001) que regulamenta a publicidade infantil e obriga que as marcas
utilizem apenas modelos tradicionais de núcleo familiar. A norma foi incluída
pelo deputado federal Salvador Zimbaldi (PDT/SP) em um texto substitutivo ao
projeto original, apresentado há 12 anos, pelo então deputado Luiz Carlos Hauly
(PSDB/PR), hoje licenciado.
De acordo com o parágrafo 4º
do artigo 6º do projeto, “a família é a base da sociedade e, quando exibida na
propaganda comercial, institucional ou governamental, deverá observar a unidade
familiar prevista no artigo 226, §3º da Constituição Federal”. Isso significa
que só poderão aparecer em propagandas famílias formadas por homem e mulher.
Estariam excluídas, portanto, famílias de pais solteiros, que criam seus filhos
sozinhos, ou de homossexuais, formadas por dois homens ou duas mulheres.
![]() |
Deputado federal Salvador Zimbaldi (PDT/SP) |
Entre outros aspectos, o
projeto trata da linguagem da publicidade para crianças, os produtos que podem
ou não ser anunciados, a veiculação em mídia, a proibição do uso de animações
ou canções cantadas por crianças, ou personagens com vozes infantis.
O deputado federal Jean
Wyllys (PSOL/RJ) se manifestou, via Twitter, na tarde desta terça-feira, 9,
contrário ao projeto. Para ele, o projeto quer transformar aqueles que não têm
“família de margarina” em sujeitos “sem família alguma”. “Será que esta é a
forma de tornar as pessoas mais tolerantes com o próximo e menos
preconceituosas? Ou será que é apenas uma forma de reforçar os preconceitos e a
intolerância contra crianças sem o nome do pai ou da mãe no documento? Ou criar
uma consequência futura para crianças registradas com o nome de dois pais ou de
duas mães, amparada em lei?”, perguntou Wyllys, na rede social.
Segundo o projeto – que deve
entrar em tramitação na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática (CCTCI), de acordo com o Câmara dos Deputados – podem ser
penalizados caso não cumpram a lei tanto o anunciante, quanto as agências de
publicidade e os veículos de comunicação. A punição prevê advertência, multa de
R$ 5 mil a R$ 100 mil e imposição de contrapropaganda.
Crédito: Divulgação / Agência Câmara / Alexandra Martins
Nenhum comentário:
Postar um comentário