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Movimento apartidário (?) |
Diferente das
manifestações ocorridas no final de junho, espontâneas, esta manifestação era
dirigida, com regras específicas, vinculadas aos mais diversos partidos políticos,
e com manifestantes cooptados por todo o estado, transportados, alimentados e
trajados por sindicatos, associações e federações, que também lhes permitiu o
dia de trabalho livre. Representando o povo estariam se tivessem como primeira
e principal reivindicação a extinção do pagamento do “imposto sindical” como é
conhecido, ou “contribuição sindical” como consta do Artigo 149 da
Constituição. Enfim, obrigatória.
Manifestantes tardios, falseadores ou mercenários?
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Multidão concentrada para a manifestação |
Lideranças sindicais das centrais de Mato Grosso do Sul (Força Sindical,
CUT, CGTB, CTB, UGT e NCST) participaram da movimentação nacional na
quinta-feira (11). O encontro ocorreu na Praça do Rádio Clube, com carros de
som, bandeiras, faixas e cartazes que levaram durante a manifestação que seguiu
pela Avenida Afonso Pena, Rua 14 de Julho, Barão do Rio Branco, retornando para
a Praça. Segundo os organizadores, estiveram presentes aproximadamente 35 mil
pessoas, estimativa que cai para menos de 10 mil segundo os que presenciaram a
marcha.
Diferente das manifestações ocorridas no final de junho, espontâneas,
contemplando uma série de reivindicações que tinham como cerne a
responsabilidade na política, a obediência às leis aos que se julgam como uma
classe social acima dos cidadãos comuns, sem cor partidária; esta manifestação
era dirigida, com regras específicas, vinculadas aos mais diversos partidos
políticos, e com manifestantes cooptados por todo o estado, transportados,
alimentados e trajados
por sindicatos, associações e federações, que também lhes permitiu o dia de
trabalho livre.
Representando o povo estariam se tivessem como primeira e principal
reivindicação a extinção do pagamento do “imposto sindical” como é conhecido,
ou “contribuição sindical” como consta do Artigo 149 da Constituição. Enfim,
obrigatória.
As bandeiras de
luta a serem tratadas foram: 1 – 10% do PIB para a educação
pública; 2 – 10% do Orçamento da União para a saúde pública; 3 – Que as
reduções de tarifa do transporte não sejam acompanhadas de qualquer corte dos
gastos sociais; 4 – Fim do Fator Previdenciário; 5 – Demarcação de Terras
indígenas; 6 – Democratização da comunicação; 7 – Redução da jornada de
trabalho para 40 horas, sem redução salarial; 8 – Valorização das
aposentadorias; 9 – Reforma agrária; 10 – Suspensão dos leilões do petróleo; 11
– Contra o PL 4330, da terceirização e 12 – Reforma política.
Incrível que estas
questões estejam em pauta e sejam motivos de reivindicações nas ruas, quando o
partido político agregador dos movimentos dos trabalhadores ocupa o poder
máximo da República, com o comando do executivo e maioria esmagadora do legislativo.
E o que dizer de
aspectos pontuais como Democratização da Comunicação, eterna bandeira de luta
pelo retorno da Censura. O que seriam das manifestações se não houvesse uma
imprensa livre? Haveríamos de assistir a distorção de imagens como as da Rede
Globo, que apresentou apenas atos isolados de vandalismo? Quem controlaria os
meios de comunicação? O mesmo quadro legislativo e executivo contra os quais se
elevaram as vozes?
E a Reforma
Política que estes manifestantes tardios, aproveitadores de movimento alheiro
ou massa de mercenários, luta por obter não será possível com boa vontade e um
tanto de diplomacia no trato entre os poderes? Sim. E não venham dizer que os
trabalhadores estão enfraquecidos em sua representação no Congresso, estão mal
representados porque os bravos sindicalistas, quando eleitos, cumpriram apenas
o que se dispunham: usar dos trabalhadores para galgarem o cargo parlamentar.
É o que se pretende?
Bandeiras pré-definidas, movimentação agendada, comando central, nada
disso representa as movimentações populares espontâneas que irromperam pelo
Brasil afora. Repetem a enfadonha e velha movimentação desde sempre. Desejam e
lutam pela mudança sem alterações profundas. Este manifesto não preenche ou
representa o anseio da população. Esta manifestação é apenas um benefício
disfarçado que contempla os atuais governantes. Não toca, enfim, na estrutura
de conchavos e corrupção que se pretende ver extinta nos três poderes
constituídos.
É para desconfiar de suas reais intenções. Será uma tentativa tosca de
aproximar sindicalistas (profissionais sempre) da população? Será um foco
alternativo para enfraquecer os movimentos “realmente” sociais? Quantos
filiados espontâneos têm estes sindicatos, associações, federações?
Representam, de fato, suas categorias?
Irão combater e exigir decência de um grupo de políticos que foram
elevados aos seus atuais postos iniciados que foram na vida pública através
destes mesmos sindicatos, associações, federações?
Alguns dos quase dez mil sindicalizados que compareceram ao movimento,
com certeza fizeram parte da massa de cinquenta mil que mobilizaram as ruas em
junho passado. Isso é bom, pois demonstra e reforça a pluralidade daquele
movimento.
Este movimento não nos representa, não nos representou, estávamos trabalhando.
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