Somos politicamente deseducados e mantemos, por um não sei o
quê, nosso otimismo aflorado e cívico. Mesmo em momentos de maior comoção
mantemos nossa fé na brasilidade Divina. Mansos como gado, somos tangidos às
urnas a cada dois anos, quando nos oferecem como opções de escolha os nomes dos
viajadores da estrada que leva do Purgatório ao Inferno, nesse sentido e
direção. Não nos cobrem, portanto, passividade e decência quando explodirem
movimentos cívicos. Nossa santa paciência, cantada e prosa e verso e vendida
como marca cultural desta Nação, até ela tem seu limite. Não nos digam vândalos,
chamem-nos reconstrutores que entendem a necessidade de destruir o ruim para
erguer o melhor por sobre os escombros.
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Painel de votação, mas pode chamar de lista de comparsas |
O deputado federal Natan Donadon (ex-PMDB-RO,
atualmente sem partido) foi condenado a mais de 13 anos de prisão pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) pelo desvio de R$ 8,4 milhões da Assembleia de Rondônia
por meio de contratos de publicidade fraudulentos. Desvio de dinheiro
público significa, em última instância, negar ou impedir atendimento à Saúde,
sucatear educação, estancar recursos para infraestrutura e por ai vai.
Vamos nos ater à Saúde, que mata o cidadão quando lhe é
negado atendimento, exames, medicamentos; e à educação que mata na raiz qualquer
futuro da Nação e cria um círculo vicioso que permite que novos Bandidos
assumam cargos públicos. Punir com 13 anos quem, indiretamente deve ter sido
responsável por tantas mortes prematuras e pela eleição de tantos outros que
irão desviar recursos públicos, é pouco.
Mas, quem chefia essa imensa quadrilha de meliantes que
tomam assento e se outorgam representantes do povo na Câmara Federal? Não se
pode saber, porque os senhores que fazem as leis agem na mais sórdida forma de
corporativismo e instituem o voto secreto. São cúmplices de toda essa sujeira,
destas mortes indiretas, deste lodo que impede que se alicercem as bases de uma
Nação desenvolvida os 131 nobres deputados que votaram pela absolvição, os 41
que se abstiveram na votação, os 108 que faltaram à sessão e, desses, os 50 que
estavam presentes e, de forma mais vergonhosa do que votar secretamente, num
achincalhe com o povo brasileiro, não votaram.
Nesta sexta-feira, 31, as manifestações foram
retomadas, sob o cabresto de centrais sindicais e toda uma gama de aspirantes a
políticos ou satélites de políticos, mormente de esquerda, que se entendem
senhores da verdade e salvadores da pátria e do povo oprimido. Mesmo essa, que
não representa os reais anseios da população, carreou significativo contingente
para as ruas. Outra, a ser realizada no dia 7 de setembro, data pátria,
orquestrada pelas redes sociais, deve também tomar as ruas e exigir duas coisas
básicas: que se gradeie o entorno do Congresso Nacional, construam-se guaritas
e as policie, emprestando àquele local o concreto significado de local
destinado a abrigar quadrilheiros; ou que atuem de forma a representar esse
povo, acima de otimista, honesto e trabalhador.
E não venham as diversas instâncias de poder, federal,
estaduais e municipais, executivo e legislativo, com medidas paliativas e
dissimulatórias, buscando enfraquecer esse – podemos dizer assim – inconsciente
coletivo de insatisfação e vergonha.
Não somos os nossos políticos, quase temos que gritar. Não
somos uma nação de criminosos. Estamos uma pátria que trabalha como pode com o
que nos resta após a rapina, nossa parca educação. Não nos cobrem decência.
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