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Nelson Trad Filho, pré-candidato ao governo de MS |
Partido rompe o imobilismo e na falta de um nome de projeção popular
capaz de arregimentar votos, parte das lideranças cede ao clã dos Trad,
indicando o ex-prefeito de Campo Grande como pré-candidato ao governo nas
eleições 2014. Alguns aguardam ansiosos que o governador André Puccinelli,
grande artífice de candidaturas saque um nome em condições de enfrentar a
candidatura do senador Delcídio do Amaral (PT), que tem grande dianteira e o
partido pacificado. Ou ainda que convença o partido a manter a não-comprovada
aliança de 2010 com Delcídio e faça, em nível estadual, a aliança que deu certo
no plano federal. Alguns querem a fritura de Nelsinho por não acreditarem que
será capaz de vencer, outros aceitariam a estranha aliança PT e PMDB, nesta
ordem. Todos querem, mesmo, é manter o poder a qualquer custo.
Simone Tebet não conseguiu ganhar a simpatia dos sul-mato-grossenses,
apesar do sobrenome e de seu trabalho político na região de Três Lagoas, e
corre o risco de abrir a picada até o Senado, que será trilhada pelo governador
André Puccinelli. Ou isso até já está decidido.
Lideranças
do PMDB aprovaram, na manhã de sexta-feira (30), a pré-candidatura do ex-prefeito
da Capital e atual secretário estadual de Articulação com os Municípios, Nelson
Trad Filho, ao Governo do Estado em 2014. O anuncio foi feito
pelo presidente regional, deputado estadual Junior Mochi.
Com Nelsinho Trad, personagem da vez na Dinastia Trad, indicado pelo PMDB, na remota hipótese de vitória contra o até então
preferido das pesquisas e há mais tempo postado candidato, Delcídio do Amaral
(PT) e contra a suposta (vai-não vai) candidatura Reinaldo Azambuja (PSDB),
deve ganhar uma sobrevida de quatro anos na política local.
Resta saber o que vai minar essa candidatura: fogo amigo ou inimigo. Marun
não deixa transparecer se fala sério ou faz uso de sua veia cômica quando
afiança que “[Nelsinho] fez uma ótima gestão na prefeitura e é nossa principal
liderança”. No entanto foi direto ao falar sobre o apoio aventado por Jerson
Domingos ao candidato do PT, “a voz de Jerson não esta refletindo o
sentimento do partido nesse momento”, disse categórico.
O encontro chamou mais a atenção pelas ausências do que elas presenças ao evento. Ausentaram-se o governador André Puccinelli, o deputado
federal Marçal Filho, o vice-presidente regional do partido, Esacheu
Nascimento, o primeiro secretário Manoel Gildo de Almeida (que justificou
dizendo-se hospitalizado), o deputado estadual e presidente da Assembleia,
Jerson Domingos e o vereador e ex-presidente da Câmara, Paulo Siufi, primo do
pré-candidato.
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André Puccinellli e Delcídio do Amaral |
Das ausências e dos “desapoios”, o do governador André Puccinelli é emblemático.
Dono de uma trajetória política que buscou modernizar o estado, encerrando um
ciclo de caciques ruralistas e quebrar a hegemonia de grupos que haviam se
apropriado da política em sistema de rodízio de mandatários, com pouca força
política em nível nacional e muita força de votação a cabresto e outras
artimanhas. Cercado de técnicos competentes, modernizou a máquina pública, em
que pesem desacertos imperdoáveis e uma acentuada tendência ao despotismo. Não
poderia, então, coadunar com o partido sendo arregimentado por um clã que
estende seus tentáculos à Câmara Federal, Assembleia Legislativa e Câmara de
Vereadores de Campo Grande e poderia retomar diversas secretarias num eventual
governo Nelsinho. Precavido, decerto, acordou um apoio não oficial a Delcídio,
já em 2010.
Outras ausências talvez tenham a ver com a própria sobrevivência do
partido que ajudaram a construir ou que servem aos seus propósitos. Marçal
Filho, enxovalhado em Dourados, ainda permanece peemedebista em função da perda
de mandado em caso de desligamento. Paulo Siufi não carregou a candidatura
Edson Giroto à prefeitura nas eleições 2012 e sente as dores da não indicação
de seu nome para concorrer ao cargo majoritário em detrimento de um importado
de outro partido e sacado do bolso do colete do governador, também sabe que não
é boa a exposição de seu nome na lista dos médicos que recebiam sem trabalhar
nos postos de saúde a que eram destinados. Esacheu Nascimento cresceu com o
desenvolvimento do partido a partir do grupo de André Puccinelli, e lidera seu
próprio grupo, antagônico aos Trad. Jerson Domingos é experiente o suficiente
para instigar o PMDB a apresentar um nome evitando tornar maior a dianteira que
Delcidio obteve, dessa forma ganha tempo e espaço para a fritura ou sedimentação
desta candidatura.
De qualquer forma, na imensa e incessante briga executivo versus
legislativo municipal, borbulham questionamentos ao governo de Nelsinho Trad.
Saúde pública sucateada; imensos gastos com o remendródomo das operações
tapa-buracos, que cobririam os custos de recapeamentos; transporte urbano caro
e sem qualidade; projetos não finalizados; licitações para merendas, tapa
buracos e outros serviços de uma mesma e pequena empresa; licitações em valores
vultosos e prazos imensos, no apagar das luzes etc. Farta e documentada munição
a ser usada na campanha.
Avaliando a derrota do candidato Edson Giroto nas eleições 2012,
Nelsinho diz que “a derrota serviu para amadurecer as estratégias políticas”.
Mas Bernal não venceu em função das estratégias, porque também não as tinha,
mas pelo desgaste de retorno ao estagnado que representou a sua própria
administração durante os oito anos à frente da prefeitura. A arrogância do
governador, o desgaste natural de uma mesma política, o distanciamento entre o povo
e o clã Trad, a penalização de uma população sem médicos, mal servido nos
órgãos públicos, transportado como gado por nossas ruas, amedrontado a cada
chuva porque obras particulares foram autorizadas mesmo contra o bom senso,
derrubaram e derrubarão o PMDB.
E se o pré-candidato diz: “Vou sentir dentro das
ações do Governo quais aquelas que foram aprovadas pela população de Mato Grosso do Sul para
poder verificar o que pode ser melhorado e mudar o que deve ser mudado”; não
nos convence. Nunca mudou, não mudará. Seu perfil não é este, seu temperamento
é instável e imaturo.
Não
se despreze, portanto, o rompante de sinceridade de Esacheu Nascimento quando
declara que não participou da reunião, pois tentava resolver um dos desastres
da administração Nelsinho, sem mencionar o caso Hospital da Santa Casa, e
enfatiza que “não tenho interesse nenhum em promover essa candidatura. Ao meu
ver, ele [Nelsinho] não serve para o Mato Grosso do Sul.”
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