É
GUERRA
Romperam-se os limites
de convivência e civilidade. Executivo e Legislativo decretaram clima de
Guerra. Não há um lado bom ou um lado mal, existe uma contraposição de forças
pelo poder. Não existem inocentes sequer entre a soldadesca de eleitores. Somos
todos culpados por sermos, no mínimo, coniventes quando votamos por amizade, interesses financeiros ou outros.
Algum trabalho ainda é
executado, mas assim como numa guerra convencional – se é que se pode chamar
condicional à guerra – tudo se volta à fabricação de armas de ataque. Nesse
caso, vale a mídia e as diversas formas de propaganda.
Numa tentativa de frustrar ou corroborar as articulações da reunião
da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Inadimplência, ou do Calote como
é mais conhecida, até um material apócrifo (documento
sem autenticidade provada, de origem suspeita ou duvidosa, não traz assinatura)
foi utilizado. Por não ter sua origem conhecida, pode ser um petardo disparado
por simpatizantes do Prefeito Alcides Bernal (PP) ou para embasar a própria
ação intempestiva da Câmara.
É
bom lembrar que a sanha por manter acesa a discórdia é tamanha que o presidente
da Câmara Municipal, Mario Cesar (PMDB) rasgou o próprio Regimento Interno que
preconiza em seu Art. 55, Parágrafo Único: “Em qualquer hipótese, a reunião de
Comissão Permanente ou Temporária não poderá coincidir com o tempo reservado à
ordem do dia das sessões ordinárias da Câmara”. E haveria sessão, já
previamente convocada, com dois projetos de lei em pauta para apreciação, além
de requerimentos, indicações e outros.
O
material era apócrifo, mas as denúncias contidas são – ou deveriam ser – de
conhecimento público. Dizer que havia 100 mil exemplares, se eram apócrifos, é
estranho para quem não os imprimiu; aguardar investigação a partir da placa de
identificação do veículo, para crime tão grave é dizer sem dizer nada.
Nesta
e em qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade. O desespero paira no ar. O
prefeito Bernal gostaria de governar, mas enfrenta vários desafios, entre os
quais e os mais paralisantes são a falta de capacidade em dialogar com o
legislativo, a falta de capacidade de administrar, a falsa noção de que ainda
existem palanques. O legislativo querendo enterrar todos os erros passados do
qual foi participe e coadjuvante.
Mario
Cesar pode, ou não, pedir a instalação de uma comissão processante, que
necessita do apoio de 15 vereadores; para a cassação seriam necessários os votos
de 20. O novato vereador Otávio Trad (PTdoB), parte interessada em ver
enterradas todas as investigações contra o Clã Trad, pretende pedir a
instalação da Comissão.
São
três os motivos para a cassação: “Desatender, sem motivo justo, as convocações
ou pedidos de informações da Câmara”; crime político-adminstrativo praticado
“contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitir-se na sua
prática”; e desrespeito a lei ao “omitir-se ou
negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município, sujeito à administração da Prefeitura”.
Fazem
parte da Comissão os vereadores Paulo Siufi (PMDB), acusado de não cumprir
integralmente sua função como médico concursado do município; Elizeu Dionizio
(PSL), acusado de beneficiar uma empresa do qual é sócio por meio de contrato
irregular com a Câmara; Chiquinho Telles (PSD), Marcos Alex (PT), líder do
prefeito e Otávio Trad (PTdoB), o mais novo membro do clã Trad.
Bernal
acertou ao romper contratos suspeitos mantidos por um grupo que ia além das
paredes dos gabinetes, errou ao fazer isso de afogadilho, sem ouvir conselhos e
opiniões. Bernal se perdeu no governo por ser arrogante e sentir-se um mártir
perseguido pelos leões romanos. Mas a Câmara não tem apresentado um currículo
que a faça merecedora de créditos e honras após obedecer cegamente a governos
que hoje estão na berlinda e foram expulsos do poder pelo voto popular. Cinco
de seus membros mantém o cargo por meio de liminares na justiça, após
serem cassados por compra de votos, em primeira instância. Agora, temos três
poderes, e os vereadores deverão se acostumar a isso.
Mas
o prefeito continua no caminho errado, usando de cerimônias para chorar
perseguições e desabafar seus erros direcionando-os para alguns veículos da
imprensa, não que muitos deles não mereçam. Bernal, um recado: do prefeito se espera ação,
não lamúrias.
Nessa
guerra, nenhum dos generais será atingido, nem seu oficialato. Os feridos pelas
quedas nas trincheiras e destroços será o povo, que cordeiramente (e tangidos
pela lei) comparecerá às urnas em 2014, 2016... para determinar quem ficará com o espólio de
suas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário