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Imagem: sidaguiar.blogspot.com.br |
A Justiça, enquanto ciência, paira num inatingível espaço
entre o céu e a Terra, impossível de ser galgado pelos simples mortais, mas
habitação dos semideuses ministros do Supremo Tribunal Federal. Ela atende a
poucos eleitos e nenhum dos comuns seres-humanos.
Nada a contestar sobre os diferentes entendimentos sobre um
mesmo tema. Nada a contestar sobre o placar estreito na votação dos embargos
infringentes. O que nos causa, não surpresa porque a justiça de diferentes
pesos e medidas já não nos surpreende, espécie são as não provadas ligações
entre influentes de poderes distintos.
Alguém questionou o fato de não ser promovida uma força
tarefa que permita “embargos infringentes”, revisão de pena, de todo o
contingente de encarcerados nas prisões brasileiras. Talvez porque os senhores
ministros habitem essa estranha faixa que os distancia dos humanos, mas ainda
não permite que se enxergue o Criador.
Não são os comuns que têm contato com tão elevada escol. Os
comuns lhes servem como empregados e funcionários, não fazem parte de seu
passado. Os comuns não compartilham mesas de restaurantes e taças de vinhos. Os
comuns não lhes visitam, não são companheiros de clubes e eventos. Os comuns
acreditaram que fluiria uma luz da Deusa Têmis e a justiça se faria. Os comuns
foram traídos.
Por outro lado, talvez esteja implícito nesta decisão um
sutil recado da própria Justiça Divina. Todos os réus faziam parte de um mesmo
governo, atuaram sob a batuta de um mesmo mentor, com o respaldo de um imenso
grupo, partilhando os mesmos objetivos e... mentor e grupo foram reeleitos e
elegeram a sucessora sob a batuta do medo da extinção das diversas “Bolsas”.
Uma forma baixa que desobriga o cidadão da contrapartida de, a partir deste
alicerce, projetar uma vida de estudos e progresso pessoal. O cidadão vende seu
voto, assim, em prestações mensais, e dessa forma vende sua alma, sua cidadania
e sua honra.
Os comuns deixam de serem cidadãos e a justiça não tem o
dever de atendê-los, assim entendido pelos deificados.
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