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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Daniela Mercury, porreta, primeira e única a declarar sua homossexualidade, logo ela!


Daniela Mercury e Malu Veçosa, em reprodução do post dela no Instagram, em que nossa baiana porreta diz: “Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar”

Por Hildegard Angel




Daniela Mercury, justo ela, uma cantora até hoje considerada hétero  marido assumido e havido até um mês atrás, o italiano Marco Scabia, três filhinhas lindas adotadas durante o casamento, 14, 10 e 2 anos, além de um casal de filhos biológicos, de 26 e 25 anos, de casamento anterior, foi a primeira e única das divas de nossa MPB a assumir publicamente sua homossexualidade e seu casamento com uma mulher, a jornalista Malu Veçosa, editora da Rede Bahia, o que acaba de anunciar pelas redes sociais, com foto publicada e tudo.

O que só nos dá motivo para cumprimentar com entusiasmo Daniela pela coragem e a transparência.

Atitude franca de um pioneirismo lamentavelmente tardio e anacrônico nesse ambiente musical, onde há décadas sabemos e ouvimos de cantoras, reconhecidamente homossexuais, que porém escondiam, negavam, mascaravam, levavam de modo sub-reptício sua homossexualidade, modo envergonhado e preconceituoso até, sob a capa de pretendida discrição.

Se desde sempre a homossexualidade de tantas de nossas grandes divas musicais tivesse sido revelada com naturalidade, este sigilo de polichinelo não teria enchido tantas linhas, tantos boxes de colunas, tantas páginas de noticiário indigno, tantas colunas, com insinuações, inflando e estimulando um fuxico velado, picardias, malícias tendenciosas, fofocas, humores ferinos e, até, baixarias desagradáveis, que só contribuíram para degradar a condição da homossexualidade. Passando os termos “sapatona”, “sapata” e correlatos a ser praticamente sinônimos de cantoras de MPB.
O máximo que nossas mais bravas cantoras gays conseguiram foi circular abertamente nos salões sociais com suas companheiras, porém sem nada comentar. Nenhuma delas fez o que, no dia de hoje, Daniela Mercury faz galhardamente. Declara em alto e bom som plena e feliz em post no Instagram: “Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar”…

Bravo, Daniela, você é mesmo uma mulher porreta! Uma baiana como poucas!
As outras baianas deixaram passar essa histórica oportunidade de mostrar engajamento e responsabilidade cidadã. Elas tinham e têm status para apresentar ousadia, para levantar bandeiras, para arriscar a coragem. Mas preferiram o conforto e a comodidade dos subterfúgios. Uma pena! Perderam a vez de subir ao pódio das cantoras Heroínas de uma causa, pois, naquela sua época, bem que seria um ato de heroísmo. Agora é ato de bravura. Daniela, porém, continua a merecer um pódio. Que é só dela.

Assim como Cazuza está sobre um pedestal, infelizmente que levado a esse extremo da revelação, não por motivo de um amor profundo, mas pela tragédia da Aids, da qual se tornou um mártir brasileiro.






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