Daniela Mercury e Malu Veçosa, em reprodução do post dela no Instagram, em que nossa baiana porreta diz: “Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar”
Por Hildegard Angel
Daniela Mercury, justo ela, uma cantora
até hoje considerada hétero marido assumido e havido até um mês atrás, o
italiano Marco
Scabia, três filhinhas lindas adotadas
durante o casamento, 14, 10 e 2 anos, além de um casal de filhos
biológicos, de 26 e 25 anos, de casamento anterior, foi a primeira e única das
divas de nossa MPB a assumir
publicamente sua homossexualidade e seu casamento com uma mulher, a jornalista Malu
Veçosa, editora da Rede Bahia, o que acaba
de anunciar pelas redes sociais, com foto publicada e tudo.
O que
só nos dá motivo para cumprimentar
com entusiasmo Daniela pela coragem e a
transparência.
Atitude
franca de um pioneirismo lamentavelmente tardio e anacrônico nesse ambiente musical, onde há
décadas sabemos e ouvimos de cantoras, reconhecidamente homossexuais, que porém
escondiam, negavam, mascaravam, levavam de modo sub-reptício sua
homossexualidade, modo envergonhado e preconceituoso até, sob a capa de
pretendida discrição.
Se desde sempre a homossexualidade de
tantas de nossas grandes divas musicais tivesse sido revelada com naturalidade,
este sigilo de polichinelo não teria enchido tantas linhas, tantos boxes de
colunas, tantas páginas de noticiário indigno, tantas colunas, com insinuações,
inflando e estimulando um fuxico velado, picardias, malícias tendenciosas,
fofocas, humores ferinos e, até, baixarias desagradáveis, que só contribuíram
para degradar a condição da homossexualidade. Passando os termos “sapatona”,
“sapata” e correlatos a ser praticamente sinônimos de cantoras de MPB.
O
máximo que nossas mais bravas cantoras gays conseguiram foi circular
abertamente nos salões sociais com suas companheiras, porém sem nada comentar.
Nenhuma delas fez o que, no
dia de hoje, Daniela Mercury faz
galhardamente. Declara em alto e bom som plena e feliz em post no Instagram:
“Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração pra cantar”…
Bravo, Daniela, você é mesmo uma
mulher porreta! Uma baiana como poucas!
As
outras baianas deixaram passar essa histórica oportunidade de mostrar
engajamento e responsabilidade cidadã. Elas tinham e têm status para apresentar
ousadia, para levantar bandeiras, para arriscar a coragem. Mas preferiram o
conforto e a comodidade dos subterfúgios. Uma pena! Perderam a vez de subir ao
pódio das cantoras Heroínas de uma causa, pois, naquela sua época, bem que seria um ato de heroísmo.
Agora é ato de bravura. Daniela, porém, continua a merecer um pódio. Que é só
dela.
Assim
como Cazuza está sobre um pedestal, infelizmente que levado a esse extremo da
revelação, não por motivo de um amor profundo, mas pela tragédia da Aids, da
qual se tornou um mártir brasileiro.
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