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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Por que manifestações e greves?


A população vem sendo surpreendida com diversas manifestações e ameaças de greves nestes primeiros meses do ano. E a questão é: afinal, por que neste momento?

Em que pese a mais do que justa manifestação dos policiais civis, que têm visto suas reivindicações serem ‘empurradas com a barriga’ pelo governador André Puccinelli, num enrolar e desenrolar de promessas, por que servidores municipais se rebelam tanto contra um governo recém-empossado?


Tudo tem um tempo, tudo tem uma resposta.


Tempo e hora da pressão

Manifestações conhecem os momentos de fragilidade política

Não bastassem as preocupações que rondam a vida da população, mais especificamente a população de baixa renda, ainda agora ela se vê na angústia de perder o trabalho dos agentes de saúde do município e da polícia civil do estado, que ameaçam com paralisações para breve.

Isso contrapõe com a propaganda oficial de governos que esbanjam acertos administrativos e prometem para breve o Paraíso aqui na terra.Como explicar essa dicotomia?



Existem períodos em que as coisas se fragilizam, seja na vida pessoal ou profissional das pessoas, nas empresas e corporações e, via de regra, na política. Nestes momentos, costumeiramente, muito se perde e, também, muitos se aproveitam para obter vantagens.

Na política, os momentos de fragilidade se acentuam após as eleições e posses dos novos governantes. Nova proposta, montagem de equipe de governo, “tomar pé da situação”, cumprir as primeiras promessas de campanha, buscar aliados, conter opositores, ouvir e prometer. Esse é o jogo, assim se dá.

Nessa toada, o ano começou com a ameaça de paralisação por parte dos professores do estado até que houvesse a promessa formal, por parte do governador, de cumprir com o que havia sido prometido, nada mais que o cumprimento da lei. Formalizada a intenção de cumprir a lei e estabelecidos os termos, a paz voltou a reinar. O que não tem sido fácil para o governador André Puccinelli é conter o ímpeto dos policiais civis, esgotados em sua capacidade de aguardar pelas promessas de melhoria de salários e condições de trabalho.

O Sindicado dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), através de seu presidente, Alexandre Barbosa, informou que vai deliberar greve se não houver avanço nas negociações. A categoria pede aumento de 25% em seus vencimentos, enquanto o governador confirmou o índice de 5%. Pelo histórico das negociações é de se esperar uma paralisação da categoria por um período aproximado de um mês e a aceitação de algo em torno de 8%. Déjà vu.

No caso da Capital as ameaças vieram dos servidores administrativos e agora a ameaça de paralisação dos agentes de saúde. Esperar e conferir as atitudes do prefeito Alcides Bernal, novato nesse tipo de enfrentamento.

Motivos e fraquezas

O governador está enfraquecido desde antes da derrota para a prefeitura da Capital e algumas outras cidades que eram seu reduto pessoal ou compartilhado, já quando se rompeu a aliança com o PSDB, fiel aliado por várias eleições. André avaliou mal um possível enfraquecimento do partido com a perda de Lúdio Coelho, Mariza Serrano e Waldir Neves e a filiação de políticos envolvidos em escândalos políticos e viu seu candidato quase ser suplantado pelo deputado federal e candidato tucano à prefeitura, Reinaldo Azambuja. Também se deu mal quando não compreendeu que seu “poder absoluto” tem um limite e sua pedra no caminho é formada pela tríade dos Trad que perdeu seu comandante, sem, no entanto, perder o viço.

É nesta nesga de fraqueza que não pode deixar abas onde se apeguem seus inimigos e, um caos social desencadeado a partir de uma greve da polícia civil, pode ser determinante para os destinos de seu candidato às eleições de 2014. O Sinpol sabe disso.

Areia movediça

A situação de Bernal é mais complicada, pois diferente do governador, que tem maioria na Assembleia, trabalha com um mínimo de apoiadores na Câmara e os vem perdendo paulatinamente pela deficiência de diálogo criada a partir de sua própria arrogância, ou falta de hábito.

Neste caso, sua fraqueza fica muito mais exposta e bem próxima para que lhe enfiem o dedo nessa ferida aberta. E não faltam aqueles que se encaminham vorazes por obter benefícios próprios, muitas vezes açulados por políticos nada éticos. E a arena está aberta às batalhas. De um lado as forças políticas alijadas do poder, sem ainda compreenderem que sua derrota foi imposta pela população, não por Bernal. De outro, Bernal que parece não compreender que representou uma pedra na tunda de David, não “O Escolhido”. E entre essas duas forças antagônicas e armadas está a população, a segunda vítima desta batalha inglória.

Como sempre, a primeira vítima desta guerra é a verdade, como bem colocou o senador norte-americano Hiram Johnson. Ninguém diz claramente porque tamanha sanha contra Bernal. Ninguém se declara culpado por representar e defender um governo Nelson Trad Filho eivado de erros e omissões. Ninguém diz claramente que Alcides Bernal precisa aprender política. E o povo fica desassistido e expectador silente de uma Câmara Municipal inoperante e quase vítima de sindicalistas muitas vezes conspurcados.

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