A população vem sendo surpreendida com diversas manifestações e ameaças de greves nestes primeiros meses do ano. E a questão é: afinal, por que neste momento?
Em que pese a mais do que justa manifestação dos policiais civis, que têm visto suas reivindicações serem ‘empurradas com a barriga’ pelo governador André Puccinelli, num enrolar e desenrolar de promessas, por que servidores municipais se rebelam tanto contra um governo recém-empossado?
Tudo tem um tempo, tudo tem uma resposta.
Tempo e hora da pressão
Manifestações conhecem os momentos de fragilidade política
Não bastassem as preocupações que rondam a vida da população, mais especificamente a população de baixa renda, ainda agora ela se vê na angústia de perder o trabalho dos agentes de saúde do município e da polícia civil do estado, que ameaçam com paralisações para breve.Isso contrapõe com a propaganda oficial de governos que esbanjam acertos administrativos e prometem para breve o Paraíso aqui na terra.Como explicar essa dicotomia?
Existem períodos em que as coisas se fragilizam, seja na
vida pessoal ou profissional das pessoas, nas empresas e corporações e, via de
regra, na política. Nestes momentos, costumeiramente, muito se perde e, também,
muitos se aproveitam para obter vantagens.
Na política, os momentos de fragilidade se acentuam após as
eleições e posses dos novos governantes. Nova proposta, montagem de equipe de governo,
“tomar pé da situação”, cumprir as primeiras promessas de campanha, buscar
aliados, conter opositores, ouvir e prometer. Esse é o jogo, assim se dá.
Nessa toada, o ano começou com a ameaça de paralisação por
parte dos professores do estado até que houvesse a promessa formal, por parte
do governador, de cumprir com o que havia sido prometido, nada mais que o
cumprimento da lei. Formalizada a intenção de cumprir a lei e estabelecidos os
termos, a paz voltou a reinar. O que não tem sido fácil para o governador André
Puccinelli é conter o ímpeto dos policiais civis, esgotados em sua capacidade
de aguardar pelas promessas de melhoria de salários e condições de trabalho.
O Sindicado dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul
(Sinpol), através de seu presidente, Alexandre Barbosa, informou que vai
deliberar greve se não houver avanço nas negociações. A categoria pede aumento
de 25% em seus vencimentos, enquanto o governador confirmou o índice de 5%.
Pelo histórico das negociações é de se esperar uma paralisação da categoria por
um período aproximado de um mês e a aceitação de algo em torno de 8%. Déjà vu.
No caso da Capital as ameaças vieram dos servidores
administrativos e agora a ameaça de paralisação dos agentes de saúde. Esperar e
conferir as atitudes do prefeito Alcides Bernal, novato nesse tipo de
enfrentamento.
Motivos e fraquezas

É nesta nesga de fraqueza que não pode deixar abas onde se
apeguem seus inimigos e, um caos social desencadeado a partir de uma greve da
polícia civil, pode ser determinante para os destinos de seu candidato às
eleições de 2014. O Sinpol sabe disso.
Areia movediça
A situação de Bernal é mais complicada, pois diferente do
governador, que tem maioria na Assembleia, trabalha com um mínimo de apoiadores
na Câmara e os vem perdendo paulatinamente pela deficiência de diálogo criada a
partir de sua própria arrogância, ou falta de hábito.
Neste caso, sua fraqueza fica
muito mais exposta e bem próxima para que lhe enfiem o dedo nessa ferida
aberta. E não faltam aqueles que se encaminham vorazes por obter benefícios
próprios, muitas vezes açulados por políticos nada éticos. E a arena está
aberta às batalhas. De um lado as forças políticas alijadas do poder, sem ainda
compreenderem que sua derrota foi imposta pela população, não por Bernal. De
outro, Bernal que parece não compreender que representou uma pedra na tunda de
David, não “O Escolhido”. E entre essas duas forças antagônicas e armadas está
a população, a segunda vítima desta batalha inglória.
Como sempre, a primeira
vítima desta guerra é a verdade, como bem colocou o senador norte-americano Hiram
Johnson. Ninguém diz claramente porque
tamanha sanha contra Bernal. Ninguém se declara culpado por representar e
defender um governo Nelson Trad Filho eivado de erros e omissões. Ninguém diz
claramente que Alcides Bernal precisa aprender política. E o povo fica
desassistido e expectador silente de uma Câmara Municipal inoperante e quase
vítima de sindicalistas muitas vezes conspurcados.
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