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Maíra Ferreira de Oliveira |
Qual
das ofensas é a mais profunda: o sentimento impotência ou o menosprezo? Neste
caso, especificamente, as ofensas são uma só dor, alimentadas pela saudade.
Maíra Ferreira de Oliveira morreu há exatos três anos (31 de outubro de 2010)
quando, mesmo tendo sido atendida com um atraso inexplicável, não teve
diagnosticada, em tempo hábil, a meningite que a acometia. Para sua mãe, Maria
Esmeralda, o desespero, a impotência de acompanhar uma criança de 10 anos
morrer, sua própria filha, esquecida, ignorada.
Erro
médico? Assim entendemos. Erro médico? A Justiça, em sua morosidade, algum dia
irá decidir.
Maíra Ferreira de Oliveira, estudante, modelo, que
morreu em 2010, aos 10 anos de idade, vitimada mais pelo descaso do que pela
meningite. Seus algozes? Profissionais do Centro Regional de Saúde do Bairro
Coophavila II, que deveria prestar atendimento de urgência e emergência para
adultos e crianças; Hospital Regional de Mato Grosso do Sul – Rosa Pedrossian.
Maíra começa a vomitar durante a madrugada e sua mãe,
enquanto aguardava os coletivos circularem às 5 horas da manhã, lhe ministra
Dipirona e soro fisiológico. Vai para o ‘‘24 horas da Coophavilla II’ [Centro
Regional de Saúde do Bairro Coophavila II], pois no seu bairro [Lageado] não
tem [posto de atendimento médico] 24 horas. Por volta das 6h20, foi atendida e o
médico informado de que ela havia tido meningite viral em 2004. Foi
diagnosticado “virose”. Não fez o teste da meningite.
Mesmo medicada, a febre não cedia e o vômito e a dor
eram constantes. A médica aguardava a melhora de um improvável caso de “virose”
para liberá-la para casa. Às 10h30, Maria Esmeralda pediu encaminhamento para o
hospital, mas não havia ambulância. Conseguiu, enfim o transporte em ambulância
compartilhada com outro paciente, sentada.
Às 12h no Hospital Rosa Pedrossian, "entregamos o
encaminhamento e fomos para a pediatria. A todo o momento eu pedia socorro.
Pedi para a enfermeira e até mesmo para a estagiária [residente] para medicar
minha filha. Mas elas falaram que não podiam fazer nada enquanto não fizesse a
coleta para o exame, pois esse era o procedimento do hospital” relata Maria
Esmeralda.
Quando, às 16 horas notaram vestígios de sangue em sua
boca, porque em função da dor havia engolido um dente, uma médica acompanhada
de um enfermeiro, perceberam a gravidade e solicitaram a presença de uma
infectologista... doutora Tatiana, que solicitou uma tomografia e a coleta de
líquido da coluna. Foi confirmada a meningite.
Entraram com ela na UTI, Maria Esmeralda, parada na
porta, viu sua filha desfalecida, mas viva, pela última vez. Maíra não resistiu
ao avanço da doença enquanto a burocracia e o descaso caminhavam lentos.
31 de outubro de 2010
Faz três anos que Maíra foi vitimada pela morosidade
da saúde, descaso dos profissionais. Faz três anos que sua memória vem sendo
vilipendiada pela morosidade da justiça, descaso de nossas leis.
Um comentário:
Hospitais não abrem mão de seus protocolos burocráticos nem em caso de emergência pq para constatar a emergência é preciso passar pelos ... protocolos burocráticos . Ah, se fosse um parente ou um amigo do médico atendente! Judiciário não abre mão de suas férias mais do que dobradas (60 dias mais recesso de fim de ano, beneplácito concedido na ditadura, por razões óbvias). Ah, se fosse um caso que afetasse um familiar ou um amigo do juiz ou do promotor! E assim vai...
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