A presidente Dilma Rousseff fez uma opção pensando
mais no seu futuro eleitoral e menos no seu futuro político. Na linguagem
popular dos interiores amenos dos Estados de grandes capitais, entre o “ruim e
o menos pior”, escolheu a segunda opção. Vetou integralmente projeto aprovado
em outubro que permitia a criação de aproximadamente 180 municípios pelo
Brasilzão afora.
Será alvo da vingança fácil dos parlamentares, mas
irá segurar as periclitantes finanças públicas que teimam em bambolear por
sobre os trilhos do desenvolvimento, mesmo que trafegando lentamente.
Mas quais motivos levam a tal revanche? O que
implica a não criação de um pequeno município? Para os políticos tudo. Em
épocas de manifestações populares e recrudescimento dos votos de antigos senhores,
coronéis de eleitores passivos e alheios, a criação de um novo município
significa lutar para que ocupem os cargos executivos e legislativos diversos
capan... digo, apoiadores, assessores, colegas de partido. Significa verbas,
propaganda da verba obtida para construção ou aluguel de sedes de governo e
câmaras municipais. Significa, em última análise, saciar a fome daqueles que se
alimentam das esferas do poder e dos próprios políticos, num horripilante
espetáculo antropofágico.
E o que mantém esses novos municípios, sem fontes
mínimas de receita para financiar suas atividades, senão os repasses
obrigatórios de recursos da União e dos Estados. Apenas de FPM (Fundo de
Participação dos Municípios), são 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR)
e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
“Esse crescimento de despesas não será acompanhado
por receitas equivalentes, o que impactará negativamente a sustentabilidade
fiscal e a estabilidade macroeconômica”, diz o veto, atribuído a recomendação
do Ministério da Fazenda.
Oficialmente e como elucidação aos 53 senadores que
votaram pela aprovação do projeto, a lacônica nota explicando que este gasto
forçaria divisões dos recursos do FPM, o que prejudicaria principalmente “os
municípios menores e com maiores dificuldades financeiras”.
Dilma arrisca o apoio que lhe permite
governabilidade, mas tem a certeza que desviar-se do fio da navalha da
estabilidade x inflação poria a perder votos, apoio popular, duramente comprado
a base de “bolsas tantas sem contrapartida” e maciças e massificantes campanha publicitária
desenvolvida de forma voluntária por petistas radicais.
Em tempos de Justiça
enviando companheiros e colegas para a cadeia, melhor receber os respingos de
ódios de alguns poucos
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