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terça-feira, 3 de março de 2015

Impeachment de Dilma representa sério risco para o futuro da democracia

Charge: Lézio Junior - S1 Notícias

O PMDB talvez, e apenas talvez, seja o único partido a quem interessa o impeachment da presidente.




O propalado, divulgado e exorbitado pedido de impeachment para a presidente Dilma Rousseff (PT) é a exata tradução do “bicho papão”, usado para atemorizar criancinhas penalizando-as em caso de malfeitos, traquinagens ou aporrinhações não suportadas por adultos. No caso Dilma, o bicho papão está sendo usado para mantê-la acuada, desestabilizada, refém.
O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda que o tenha feito em outro contexto, acertou ao dizer que o povo brasileiro é conservador. A partir dessa assertiva é fácil quantificar o grau de conservadorismo da Casa que comanda e do próprio Congresso, como um todo. E os retrógrados têm por hábito criar temores e aventar improváveis golpes contra o mundo.
Mas, e o impeachment?
Em caso de impedimento da presidente assumiria um PMDB meia-boca, conivente e participativo de todos os esquemas de corrupção neste e nos governos anteriores. Não seria definitivamente o bem, quando muito, uma mal menor, hoje, porque no futuro, com certeza provocaria um retrocesso maior em nossa claudicante democracia.
E o modo de pensar desse eleitorado “conservador” é o seguinte:
“Se mudar as estruturas, muda grande parte da máquina pública, de ministros até os convocados ou nomeados. Isso gera custo e um séquito de pessoas que pretendam se locupletar, desviando ainda mais o dinheiro público, afinal, querem ganhar o que os outros já ganharam, tirar sua parte no quinhão”.
Não deixam de ter razão. Para quem observa a política brasileira que vai além dos políticos, é comum observar que as marolas do mar de lama são provocadas pelos que caminham ou se instalam no arredor do político, aquele que ocupa os holofotes.
E o impeachment beneficiaria um único partido e algumas agremiações nanicas e negociáveis. Sequer para a oposição seria vantagem. Para a democracia seria um desastre.
Impedida a presidente Dilma, assumiria o posto seu vice, Michel Temer (PMDB-SP) escudado pela comoção popular, que arrastaria consigo pelo menos a grande massa de deputados do baixo-clero, menos esclarecidos e mais adeptos do “tudo pelo voto e abaixo as verdades”.
Michel Temer teria, a princípio, um cheque em branco passado pelas manifestações das ruas; seja sobre caminhões, automóveis, tratores, motos, bicicletas, ou mesmo a pé; e todas as suas ações, possível de retrocessos nos avanços conquistados a trancos e barrancos. E para tudo teria uma explicação lógica e o benefício da dúvida.
Para as medidas econômicas duras, porém necessárias, o apoio de todos. Pior do que uma derrota nas urnas, seria a satanização imposta ao governo petista de Dilma. Eles destruíram com o apoio do voto que vocês deram, agora teremos que reconstruir ainda que utilizando dos excessos que nos permite a ciência econômica.
O fato de o PMDB ser copartícipe de todos os escândalos, e caso se comprovem nomes da alta cúpula partidária, seriam lançados como boi de piranha para um bem maior: o poder.
E não se pode negar que o PMDB possui em seus quadros pessoas capacitadas para as mais diversas áreas, o suficiente até para deixar o céu carregado e pintar nele um lindo arco-íris.
E depois?
Mas e o futuro da democracia? Quanto de atraso isso representaria no caminhar por suas próprias pernas a nossa democracia que ainda gatinha? Estas são as questões a se pensar quando se pretende compor um samba do criolo doido, dando, por meio do impeachment, uma característica de parlamentarismo para um regime presidencialista.
E as eleições? Como se poderá julgar o trabalho de um grupo que veio para determinado fim sem que isso indique que implique ou signifique as mudanças que o país necessita. Buscando um pouco do expediente apreciado pelo ex-presidente Lula, e partindo para um comparativo elucidativo, é como buscar um técnico de futebol para uma equipe de futebol em vias de rebaixamento e acreditar que este mesmo técnico tenha condições de comandar o time para conquistar o campeonato mundial interclubes.
Estamos sendo levados a confundir alhos com bugalhos. Que os envolvidos respondam à Justiça pelos seus erros, e que a Justiça consiga se desvencilhar de quaisquer laços com os outros dois poderes.
Em fevereiro, o jornal Britânico Financial Times listou 10 motivos para o impeachment de Dilma, entre os quais a Petrobras, crise econômica, problemas hídricos e de energia, desmantelamento das bases no Congressos etc. No entanto, economista é radicalmente lógico, diferente dos cientistas sociais que possuem uma visão mais abrangente e descartam essa possibilidade. “Incompetência, por si só, não é motivo para o impeachment”, diz acertadamente Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, em Washington.
Oposição
Para a oposição, o melhor cenário é com Dilma Rousseff no poder, desgastando sua imagem e, mais importante que isso, desgastando a imagem do PT. No momento, é vantagem para a oposição; e até para o PMDB, se o partido não tivesse uma sede insaciável de estar no poder ou perto dele; que Dilma tome as impopulares e difíceis medidas de austeridade e seja responsabilizada por elas.
Some-se a isso os erros na política externa, as perigosas parcerias com pseudo-ditaduras esquerdistas do continente americano e das ditaduras africanas, aos escândalos que se sucedem, as críticas generalizadas até de antigos aliados, as benesses aos amigos com dinheiro do BNDES etc., não há motivo para que se apague o holofote que ilumina e destaca os erros do governo Dilma Rousseff (PT).



segunda-feira, 2 de março de 2015

Dilma precisa aprender que a economia não aceita melindres, ou ministros enfraquecidos





















Joaquim Félix não deve ser um Mantega, economista competente, porém fraco, que obedeceu cegamente a presidente Dilma Rousseff (PT), ainda que em prejuízo do país.

Planos econômicos costumam não conseguir seus objetivos mais em função da fraqueza política dos governantes do que equívocos das equipes de economistas que os desenvolvem. Foi assim, por exemplo, com o Plano Cruzado, do então ministro Dilson Funaro (1933-1989), sob a presidência de José Sarney, um presidente fraco e mal intencionado que, por não compreender o que é democracia, até porque nunca a conheceu, sempre foi um articulador de vantagens, desmantelou a tentativa de reordenamento da economia preferindo contemplar interesses de amigos.
Outros tantos planos foram tentados, alguns feitos por incompetentes, ministros e presidentes, que preferiam mais “jogar para a arquibancada” com firulas econômicas mirabolantes, e pouca efetividade.
A saga da guerra contra o caos da economia brasileira, que todos sabem, mas poucos compreendem, está ai disposta em tentativas e erros até 1994, a mais ampla medida econômica já realizada no país, que tinha por objetivo principal, não único, o controle da hiperinflação. O Plano Real reduziu em 85,58% a inflação logo em seu primeiro mês de operação, conforme série histórica do IPCA, disponível no site do IBGE. No mês de junho de 1994, a pressão sobre os preços foi de 47,43%. Com a nova moeda, a pesquisa seguinte apontou inflação de 6,84%. Até o início da circulação do Real, em 1º de julho de 1994, a inflação acumulada foi de 763,12% (no ano) e 5.153,50% (nos doze meses anteriores).
O grande responsável foi o presidente Itamar Franco, que chamou a si a responsabilidade de apoiar o plano sob responsabilidade do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que uniu um grupo heterogêneo de economistas para salvar a economia do país. A equipe era constituída por Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, eleito na esteira do sucesso do plano Real, crises econômicas internacionais forçaram reordenamentos nem sempre bem-sucedidos. O mundo econômico enfrentou as crises do México (1995), Asiática (1997-1998), Russa (1998-1999), Argentina (2001), Atentado terrorista nos EUA (2001), falsificação de balanços da Enron/Arthur Andersen. Internamente, a fuga de hot-money pelo temor da eleição de Lula em 2002, que elevou o dólar a quase R$ 4,00.
Lula foi eleito e os temores afastados a partir do momento em que o governo petistas optou por manter a base econômica e desenvolver os embrionários projetos de desenvolvimento social que visavam tirar da miséria parte significativa da população. Lula manteve a estabilidade e aprimorou as bolsas sociais. Em macroeconomia nunca existe unanimidade, não existem projetos perfeitos, mas a economia brasileira se manteve estável e o país avançou neste aspecto.
Pouco afeito ao trabalho, Lula preferiu dar autonomia, nem sempre bem-sucedida, mas a economia conseguiu segurar até mesmo o descontrole de gastos e desvios ocorridos em seu governo complacente.
Escorado numa empatia pouco compreendida, num impecável trabalho de mídia e na força da militância fanática, elegeu o “poste” Dilma Rousseff, personalista e inconsequente. Centralizadora e portanto cega à realidade, barganhou ministérios desnecessários e nada competentes em troca de apoio político, comprando por valores superfaturados votos no Congresso Nacional. Fez mais, optou por uma equipe econômica de competência mediana e obediência cega. “Está errado, muda-se a matemática”, esse foi o lema.
Mantega obedeceu a presidente, esqueceu, entretanto, que a economia mundial não tem a espinha dobrável. A mimada jovem de classe média alta que, por arroubos da adolescência assumiu uma rebeldia sem causa, pagou pesada pena por isso até buscar guarida nas asas do astuto político Leonel Brizola e seu PDT e que, mais tarde, por sobrevivência política, tornou-se petista, descobriu o exíguo território das fronteiras de seu suposto reinado.
Mantega não errou, foi fraco. Até foi inventivo em alterar dados e impor por força de lei, alterações na economia interna, risíveis para boas práticas econômicas e motivo de escracho para o mundo. Num retrocesso mental e imaginário, talvez explicado pela psicologia, Dilma voltou a ser a adolescente mimada que gastava além da mesada paterna, no seu próprio benefício e privilégio dos amigos. Deu no que deu.
Até quando o atual ministro Joaquim Levy vai suportar as críticas e ordenamentos inconsequentes de Dilma Rousseff? Ele é claro quando diz em público o que todos dizem no acobertado: “Você [o governo] montou um sistema que é muito desigual entre as empresas. Você aplicou um negócio que era muito grosseiro". E mais: "O problema é que essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano e vários estudos que têm sido feitos demonstram que ela não tem protegido emprego. Nem criado, nem sequer protegido".
Se o ministro não tem respaldo para impor uma economia de mercado coesa e séria, é difícil supor que terá forças para controlar a gastança inconsequente da mesada que a presidente recebe da mamãe Pátria?