“Não
crie asas se não sabe voar.” Nenhum dos políticos, tenham quanto
tempo tenham de filiação suportou as agruras enfrentadas pelo –
agora quase licenciado presidente regional do Partido Progressista
(ou Progressistas – ex-PP) – Alcides Bernal. Ainda que se
discorde de suas atitudes, seu jeito político, seu próprio pessoal,
é inegável que pegou uma agremiação que beirava o nada e o
transformou num Partido Político efetivo.
Foi
procurado por tantas pessoas de pouca projeção política e os
acolheu sob a promessa de cumprirem, caso eleitos, o estatuto do
partido. Enquanto membros do PP regionais, ou até a nível nacional,
se envolviam em escândalos políticos, mesmo assim o partido se
fortaleceu e estabeleceu a nível estadual aqui em Mato Grosso do
Sul. E tudo pode se fazer e dizer de seus membros eleitos, mas muito
pouco, ou nada se tem de escândalos. Sejam os vereadores (quem
esteve envolvido no escândalo da cassação foi desligado do partido
e hoje voltou a ser um nada ) e ainda conquistou muito nos municípios
do interior do estado, além de duas cadeiras na Assembleia
Legislativa.
Havia
um nome e uma determinação teimosa para essa ascensão. E tamanha
era a determinação de acreditar numa classe e forma de fazer
política desacreditada, que tantos se uniram para evitar uma nova
maneira de agir politicamente, de forma límpida, eficaz e
transparente. Uma coisa política nova que buscava a transparência,
essa coisa inimaginável para quem fez da política uma profissão
rentável, bem paga, de mordomias e supostos poderes.
Antes
e ainda das operações judiciais da Lava Jato, e no rastro do
Mensalão, a população de Campo Grande começava a acreditar que
poderia e seria ouvida, atendida. Parece que havia acabado o período
do “rouba, mas faz” e partiria para o “apesar de não roubar,
faz”.
Bernal
foi eleito. O “suposto” mensalinho (que oficialmente nunca
existiu) da Câmara acabou. Então começou o combate capitaneado
“supostamente” por André Puccinelli, Nelsinho Trad, Edil
Albuquerque, seu parceiro e então presidente da Câmara, Mario César
e seus coisos, além de empresários que hoje cumprem prisões ou
delações.
Desses
políticos, diversos estão presos, outros sob investigação. Bernal
foi substituído pelo vice, Gilmar Olarte, que aprofundou a queda da
Capital em termos de gestão de finanças. Mas, respaldado por
“quens?”.
“Aparentemente”
por um conluio de quem tem forte ascendência sobre o Judiciário
Estadual, que faz desaparecer CDs de denúncias de dentro das
instâncias mais altas da Justiça e que manteve viva a equipe de
empresários, e de tradicionais famílias deste Velho Centro-Oeste.
Chegou
o momento em que não mais se poderia tapar esse Sol de verão com a
peneira, então, entre idas e vindas a Justiça estadual houve por
bem retirar aquele boneco manipulado e retornar às mãos do
efetivamente eleito, a Capital falida. Sem condições de investir,
com o tripé básico de educação, saúde e infraestrutura
totalmente quebrados, sem dinheiro (em setembro) para cumprir as
obrigações do pagamento do 13º salário, ainda assim o prefeito
eleito assumiu.
Resolver
as questões cria inimizades, invejas e intrigas. Resolver os
problemas implica em demonstrar a incapacidade dos administradores
anteriores. Mas num revez da história ao invés de “se não puder
derrotá-los, junte-se a eles”, tudo e todos foram na direção do
“exterminar” essa administração.
A
cada uma das ações que eram bem-sucedidas, saúde por exemplo,
utilizava-se a força do poder junto à mídia. Em cada percurso para
resolver problemas criados anteriormente, como os buracos do asfalto
pelo total desleixo e má administração do período anterior,
utilizava-se a mídia, ao atraso na entrega de kits escolares que era
responsabilidade das licitações mal formuladas, utilizava-se a
mídia e todas as outras forças instituídas e constituídas para
atribuir àquele pequeno espaço de tempo de um segundo mandato de
governo erros e descalabros.
E
a Justiça, atendo-se exclusivamente à fria escrita da Lei, ao mesmo
tempo que determinou o cumprimento do que disseram as urnas,
impedindo a falência de uma Capital, entregou a administração de
Campo Grande para quem poderia “tentar” salvá-la da
miserabilização. Assim foi feito, e resolvido. A Justiça, para o
entendimento da população, “É Justiça”. Mas uma outra
“justiça” que não se manifestou quando a gestão de Alcides
Bernal assumiu uma Capital falida, o TRE, entendeu que ele estaria
inelegível após a malfadada ação do legislativo.
Então,
ainda que lhe tenha permitido o TJMS reassumir o governo da Capital,
foi impedido de assumir o cargo para o qual foi legitimamente eleito,
deputado federal. Estranhas condições das Justiças brasileiras.
Uma Justiça que por baixo da venda em seus olhos que deveria
significar a Justiça Plena, mantêm seus olhos vesgos enviando ao
cérebro mensagens de um único foco. A Justiça parece cega e com
sua balança com um único peso, mas por estar cega e vesga, não
impede que um dos lados investigados jogue no prato da balança que
lhe convém pepitas de ouro ou moedas para que, enfim, tendam para um
lado, ou outro.
Então,
o desacreditar
A
população desacredita dos políticos, sempre foi assim, pois que
eles nunca acreditam nas falcatruas, falsidades e falácias dos
legisladores e executivos, mas podem mudar sempre, como têm mudado;
o pior é quando desacreditam, também, na justiça, que se apequena
e se mostra em compadrio e companheirismo.
A
atual legislatura, ou seja, esses vereadores, reforçam essa
descrença. Para uma administração ridícula, inoperante, sem força
moral, resta a força política de uma Câmara desacreditada. Quantos
efetivamente serão reeleitos? Provavelmente retornem aqueles que já
fizeram parte da combalida Câmara Municipal, nomes que ressoam nas
mentes. Afinal, por que trocar? Vamos manter os antigos nomes, que
falseavam ações mas mantinham jornais, revistas, sites, sob seu
comando, porque mantinham um certo poder sobre o executivo. “Faz de
conta que aprovo e você faz de conta que faz”.
Afinal,
como disse um determinado vereador de grande estatura física e
mínimo em estatura moral, “Vereador gosta de Vereador”. Agora,
um líder sem liderança em termos legislativos, porque seu “chefe”
manda e desmanda na Câmara – qualquer um serviria para esse posto,
sem comando, sem nada – e, será certamente reeleito, na base de
mendigar adesões com as alterações impostas pelas novas leis
eleitorais; e quais serão os candidatos mendigos? Aqueles que buscam
desestruturar tudo, apenas para manter suas posições.
Será
que terão cacife? Os coisos conseguirão, certos por vezes, errados
por outras, manter uma agremiação política? A
democracia
é
o pior
dos
regimes
políticos,
mas
não há nenhum sistema melhor que
ela.
(Winston
Churchill).
Se tantos tentaram e usaram o Partido que buscam desmembrar, se
tantos usam e usurpam dos partidos que lhes dão guarida, como
confiar em traidores?
Ou
se extermina o partido por meio daqueles que não lhes puderam dar
sustentação durante tantos anos; ou se extermina o partido por
aqueles que usaram dele para se elevarem aos cargos que ocupam, e
muito em função de quem, efetivamente, tem representatividade, ou
serão meros números, aquela soma de votos para auxiliar e eleger
quem conhece esse caminho entre a lama da política que consegue
manter essa coisa política e judiciária que a população vota,
como gado, mas sequer acredita.
A volta por cima
Na verdade a volta por cima será a doação incondicional, a entrega do partido para aqueles que têm capacidade de administrá-lo. Então, ai sim, será separado o joio do trigo, aqueles que esperneiam daqueles que trabalham; dos que pretendem holofotes e daqueles que constroem. É esperar para ver.