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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Genoino arrecadou valor além do suficiente da multa do mensalão

Antes do prazo estipulado pela Justiça, a família do condenado José Genoino comemorou a arrecadação de doações acima do valor necessário para quitar a multa aplicada pela Justiça na condenação na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Na página da internet criada para a arrecadação, uma mensagem avisa que a quantia necessária foi atingida, sem, no entanto, divulgar o valor exato. 

A campanha teve início 9 de janeiro, três dias após a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal determinar o valor de R$ 667,5 mil (atualizados para o pagamento em 20 de janeiro). A família, em notas divulgadas, declara não reconhecer a  multa imposta pela Justiça e alega que o réu José Genoino não tem condições de arcar com o valor e não tem patrimônio que chegue a tanto. Além de doações, o site está repleto de apoios ao condenado e demonstrações de indignação.

Por haver renunciado ao mandato de deputado federal, evitando o processo de cassação, Genoíno garantiu aposentadoria no valor aproximado de R$ 20 mil mensais. Talvez mais um dos casos em que o crime compensa plenamente.

Apesar de ser doação on line, a família disse não haver contabilizado o valor das doações e esclareceu que o valor excedente será destinado ao Fundo Penitenciário Nacional. Resta ainda saber se  doadores e doação terão isenção de imposto de renda.



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Viva a bandidagem!

Ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski
durante julgamento do mensalão.
Fosse o Brasil um país sério e o senhor José Antonio Dias Toffoli, que foi reprovado por duas vezes em concurso para juiz substituto do Estado de São Paulo; foi assessor jurídico do PT na Câmara dos Deputados; advogado do PT nas campanhas à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (1998/2002/2006); exerceu o cargo de subchefe da área de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República durante a gestão José Dirceu, de quem foi advogado; foi condenado pela Justiça do Amapá (seu escritório Toffoli & Telesca Advogados SC) a devolver R$ 420 mil (valores de 2001); indicado pelo presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal, escandalosamente conseguiu patrocínio de R$ 40 mil da Caixa Econômica Federal para sua festa de posse; enfim, não seria sequer assessor daquele Tribunal. Tivesse o senhor Dias Toffoli, algum apego a “caráter” teria declinado da indicação.

Enfim...

E a trajetória de tão eminente ministro, aponta para decisões que, não fosse a isenção exigida pelo cargo, poderia se supor alguma simpatia pelos que foram tão ligados ao seu passado, e seus amigos: inocentou vários dos acusados do julgamento do mensalão; foi advogado de José Dirceu e o inocentou neste mesmo julgamento; votou contra a Lei da Ficha Limpa.

A pá de cal

Agora, o ministro Dias Toffoli, de inegáveis ligações com o partido que detém a máquina pública federal, como relator das instruções das eleições, determinou que o poder de polícia na Justiça Eleitoral deve ser exercido pelo juiz, retirando assim o poder de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público. Como deve assumir a presidência daquele Tribunal já para as eleições deste ano, com o currículo transcrito acima, o que se pode esperar?

 A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) defendeu, nesta terça-feira (14), a revisão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aprovou em dezembro passado, resolução que limita o poder de investigação de crimes eleitorais pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e da Polícia Federal (PF). Segundo a associação, depender de autorização de um juiz para investigar pode gerar impunidade. 

“A criminalidade eleitoral, quando praticada, é bastante complexa, podendo haver forte vinculação aos crimes de corrupção pública. Assim, torna-se necessário uma pronta ação policial com a instauração imediata de procedimento adequado e o devido acompanhamento do Poder Judiciário e do Ministério Público, sendo fundamental a estrita observância dos princípios do Estado Democrático de Direito e da dignidade da pessoa humana”, diz a associação.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao tribunal a alteração da resolução. O presidente do TSE, Marco Aurélio, também defendeu a revisão da decisão. O ministro foi o único a votar contra a mudança nas regras para investigação de crimes eleitorais durante a sessão plenária que decidiu a questão.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

2013 sem secretariado e projetos, mas com terrorismo político

Vereador Mario Cesar (PMDB) e prefeito Alcides Bernal (PP)
A prefeitura de Campo Grande apresentou durante todo o período de 2013 apenas 5 projetos, contra 33 apresentados em 2012, último ano da gestão de Nelson Trad Filho (PMDB) a frente do governo da Capital. Dados do Sistema de Gestão de Convênios (Sisconv) comprovam que perderemos recursos para as áreas de infraestrutura, educação, cultura, saúde etc. A gestão de Alcides Bernal (PP) perdeu em número de projetos para diversas outras cidades do estado, como Jaraguari e Bataguassu.

Segundo o vereador Edil Albuquerque (PMDB), que foi vice-prefeito e secretário da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do Agronegócio (Sedesc) na gestão Nelsinho Trad, os dados são no mínimo preocupantes, pois a prefeitura não arrecada o suficiente para investir nas obras necessárias e que não pode perder as verbas destinadas pelo governo federal. Para obter estas verbas é necessário que projetos sejam apresentados e aprovados, com tempo para que sejam incluídos nos orçamentos da União.

Isso comprova a falta de competência administrativa de Bernal e a incapacidade de grande parte de seu secretariado, que parece ter sido escolhida entre aqueles que não podem, por falta de conhecimento e capacidade de trabalho, ofuscar o chefe, e aqueles com paciência suficiente para suportar seus arroubos. A falta de projetos parece não ter outro motivo que não esse.

Os trabalhos divulgados pelas redes sociais, em especial a página pessoal de Alcides Bernal no Facebook, são paliativos e prosseguimento de obras de projetos anteriores. Que os trabalhos são melhor executados pelas empreiteiras nesta atual gestão, não resta dúvida. Parece que se rompeu um ciclo de fazer mal feito para remendar depois, onerando os cofres públicos e desviando recursos de outras e novas obras.

Terrorismo

Os constantes ataques terroristas que partem da Câmara Municipal, comandados pelo seu presidente, Mario Cesar (PMDB), obedecendo ordens do mandatário do seu partido, atrapalham e afunilam as ações do executivo, além de demandar muito do tempo que poderia ser utilizado para que os projetos necessários fossem elaborados, mas não explicam o insignificante volume de projetos para uma Capital. E Campo Grande terá que sobreviver a isso.

Com a chegada do empresário e suplente de senador, Pedro Chaves, para reforçar e dar qualidade à equipe de governo, aguarda-se para 2014 novas mudanças nas secretarias e, mesmo que isso custe acordos políticos, os indicados para assumirem o cargo devem, antes de tudo, apresentarem um currículo que demonstre competência técnica.

Não advogando em nome de ninguém, mas é estranho que Odimar Luis Marcon, cujo currículo é recheado apenas de “assessorias” a Bernal, ocupe a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), e não tenha sido feito um convite para o ex-vereador e ex-candidato à prefeitura, Marcelo de Moura Bluma (PV), inclusive um dos apoiadores de Bernal para o segundo turno nas eleições. Coisas da Democracia, o regime da ditadura da maioria, mas ainda o nosso regime, que precisa ser aperfeiçoado até que se consiga algo comprovadamente melhor.

Se Bernal conscientizar-se da necessidade de coligar-se com outras forças no molde democrático de dividir encargos, se o milagre de uma mudança que o faça abandonar sintomas neuróticos permitir a convivência de forças que somem seus diferentes projetos, talvez consigamos chegar em 2016 com uma cidade possível de administração e atendendo ao anseio dos eleitores que, pelo voto, determinaram mudanças nos rumos políticos. Se não, os ataques terroristas prosseguirão até que se impeça totalmente a governabilidade ou até que coloque na cadeira do executivo o inexpressivo Gilmar Olarte, já cooptado pelas forças do governador André Puccinelli (PMDB). Então tudo retornará ao ponto de onde deveria ter saído.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Estranho caso Genoino e a merreca de doações

O petista tem que convencer seu eleitorado e amigos que suas intenções eram boas e é chegado o momento de retribuírem os favores recedidos do partido nestes anos de poder, quando engordaram as burras pessoais.

O site foi criado por amigos e familiares de José Genoino que recebe doações de amigos, correligionários e simpatizantes da causa, arrecadou até o sábado (11), R$ 89.495,55, aquém dos necessários R$ 667,5 mil necessários para pagar a multa imposta ao ex-deputado por sua participação no esquema do mensalão.

O site Parceiros da Família Genoino tem até o dia 20 de janeiro para arrecadar a quantia e afirma em mensagem, que Genoino não tem patrimônio para arcar com tal despesa e reforça sua inocência atribuindo sua condenação ao linchamento midiático a que teria sido submetido permitindo que a Justiça o condenasse sem provas.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, convocou seus militantes adestrados a contribuírem com doações e fez divulgar em nota no site oficial do Partido dos Trabalhadores que a sentença dada ao ex-presidente da legenda é “indevida e desproporcional”.

Genoino foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, e mesmo tendo que cumprir pena em regime fechado vem se valendo de um suposto problema cardíaco tentando conseguir que a prisão seja domiciliar, deverá pagar, ainda, a multa de R$ 667,5 mil ou o débito será inscrito no cadastro da Dívida Ativa da União, de acordo com a decisão da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, e a União passa a cobrar a dívida judicialmente. 

Seria talvez mais justo apelar para os beneficiados com o esquema do mensalão, para os quais a quantia da multa seria irrisória em face do que lucraram de forma ilegal, e mesmo condenados não deverão ressarcir o erário a totalidade do desvio.

Estranho caso

A militância mais atuante do PT credita ao ex-deputado condenado que o “erro” cometido está amparado na teoria do bem maior, que seria a luta iniciada nos anos sessenta do século passado por um estado mais justo. Nesta ótica, o partido teria usado dos meios “usuais” para conquistar e manter o poder e, dessa forma, desenvolver ações para a melhoria social. O caixa dois passaria a ser um pecado perdoável.

No entanto, é dito popular que de boas intenções o inferno e as prisões estão lotadas. Finda ai a defesa do indefensável. Genoino não é pior dos bandidos, nem o melhor, mas é bandido. Talvez mais um inocente útil no rol de idealistas usados de maneira torpe pelos ex-presidente Lula e ex-ministro e ex-deputado Zé Dirceu, que conseguiram montar e mostrar uma face de cordeiros que lhes possibilitassem assumir o poder, e contaram com a boa vontade e desprendimento dessa militância idealista.

Genoino, claramente sabe que errou, mas não vai admitir publicamente, mesmo porque a arrogância de alguns membros de sua família, não permitiria. Triste para quem acreditou no partido e lutou por ele e seus projetos de mudança social. Triste mas não justifica que Robin Wood saia das páginas de um romance para roubar dos ricos e distribuir aos pobres. O PT, através do bem urdido esquema do mensalão, galgou o poder, e nada fez que não rasgar seus ideais escritos, porque entronizados estava apenas dentro de alguns.



Violência Contra a Mulher e suas Faces

por Karina Vilas Boas


Nos últimos tempos, com certeza que a velocidade da informação colabora e muito, incluindo as redes sociais, aumentou-se a publicidade em cima de casos absurdos de espancamento e assassinato contra as mulheres e o pior que cometidos por seus próprios companheiros, este post é mais um desabafo do que uma constatação diante dos fatos que tanto nos indignam.
Ao longo da história, os números e índices estão de prova, a violência contra mulher tem sido uma constante em nosso país e com a conquista da independência feminina as denúncias aumentaram e com isso ficamos sabendo cada vez mais da realidade dos casais brasileiros, que muitas vezes se casam, vão morar juntos, estabelecem um relacionamento, embasados no “para sempre”, no amor e de repente toda esta conjuntura se transforma em ódio e violência.
Não podemos esquecer que a violência possui suas faces que vão desde a psicológica, a moral, a física, portanto muitas de nós mulheres sofremos no nosso dia a dia algum tipo de violência e não nos damos conta do que está acontecendo ao nosso redor, até que um dia as coisas pioram e aconteça o que aconteceu com os três casos recentes que chocaram a sociedade sul-mato-grossense, Laida Andréia Samulha , morta a pedradas por seu ex-companheiro,  a médica Maria José de Pauli, assassinada a  golpes de barra de ferro pelo atua companheiro, ao descobrir uma traição e terminar a relação ou a jovem, de apenas 19 anos,  Giovanna Nantes, que foi espancada e teve seu rosto desconfigurado, pelo que tudo indica, por seu próprio namorado.
Quantas de nós, muitas vezes, não insistimos em relações infundadas, baseadas em traições, contradições e sentimentos que passam longe do amor, do respeito ou de qualquer coisa saudável para a construção de uma vida a dois? Momento de reflexão, pois cometemos este erro cruel e nos esquecemos, por medo, por falta de amor próprio, por acreditar que sem o outro não dá para seguir em frente, de dar um basta, não gritamos, não denunciamos e sofremos caladas, assistindo a sociedade machista, preconceituosa e hipócrita vencer mais uma batalha contra a igualdade de direitos e a luta por uma sociedade mais justa.
Além disso, temos um poder público omisso que não investe nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher 24 horas, que demora para liberar uma medida protetiva, que a todo momento quer dar um jeito de distorcer a Lei Maria da Penha, que é clara e objetiva não só em relação a violência física, mas como a violência psicológica e assim por diante…
Se há o que fazer precisamos que seja feito rapidamente, pois os homens que cometem a violência não estão mais soltos nas ruas, como pensávamos antigamente, eles estão dentro dos lares, cumprindo papel de pais, de companheiros e colocando em prática a pior face do machismo, a violência e a exigência da submissão.
“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade” Simone de Beauvoir

outraface.net


Governo de MS desampara mulheres vítimas de violência

A partir de 2007 a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul concentrou no período noturno e finais de semana , nas DEPACs os atendimentos as mulheres vitimas de violência, reduziu o horário de atendimento da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) e fechou a unidade do Bairro Moreninhas. A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) alerta que ações deste tipo desrespeitam a Lei Maria da Penha. “A atenção à vitima de violência doméstica tem suas especificidades e medidas como estas deixam como frutos vidas que não voltam mais”, comentou.

Na semana passada a vereadora enviou um oficio à governadora em exercício, Simone Tebet, solicitando audiência para entrega do abaixo-assinado que reivindica a ampliação para 24 horas do atendimento na DEAM, mas até o momento não obteve resposta.

Foto: Midiamax
Durante a passeata realizada no domingo (12), idealizada por amigos e familiares de Dayane Silvestre Uliana, assassinada pelo ex-marido no dia 4 de janeiro, os manifestantes reivindicaram, também, plantão 24 horas da DEAM e alertavam para penas mais duras aos agressores. “A violência não tem dia nem hora para acontece e as mulheres precisam de acolhimento adequado e rápido no momento que necessitam, ou seja, na hora que a agressão ocorre”, comentou Luiza Ribeiro, que participou do ato.

Violência em MS

Segundo o relatório Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investigou a violência praticada contra as mulheres no Brasil, Mato Grosso do Sul é o quinto estado no ranking da violência contra a mulher. A média de mortes nesses casos específicos é de 6,1 para cada 100 mil mulheres no Estado, somente no mês de janeiro, 170 mulheres foram vitimas de violência pelos companheiros na capital. “O poder público não pode mais silenciar diante das tragédias diárias na nossa cidade. Temos 10 mil pessoas apoiando a solicitação no abaixo-assinado que queremos entregar e diversas entidades que lidam diariamente com as mulheres vítimas de violência estão unidas no coro pela DEAM atendendo nas 24 horas”, finalizou a vereadora.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Bancada religiosa: o Brasil tem seu Talibã

Fundamentalismo dos outros é uma insânia, mas o desrespeito à laicidade do Estado brasileiro é a forma hipócrita com que os políticos travestidos de pseudo religiosos buscam manter seus currais eleitorais de ternas vaquinhas de presépio ou de mansos cordeiros do Senhor.

Conforme noticiado pelo portal iG, as bancadas evangélicas da Câmara e Senado se articulam para barrar as mudanças no Código Penal, que tratam de aborto, drogas e criminalização da homofobia. Em dezembro de 2013 os líderes, que se sustentam mais por haverem decorado partes da bíblia e menos por condições mínimas de exercerem bem o mandato parlamentar, haviam conseguido conter a tramitação do PLC 122, anexando-o ao Código Penal. Agora pretendem que a criminalização da homofobia seja, também, retirada da reforma.

Conforme matéria do iG

O Projeto de Lei do Senado 236/2012 foi aprovado em comissão especial em dezembro e deve seguir e ser votado na Comissão de Constituição e Justiça. Em seu relatório, o senador Pedro Taques (PDT-MT), ao atender pedidos dos religiosos, retirou a permissão de aborto nas 12 primeiras semanas de gravidez. Porém, os líderes da bancada religiosa disseram que, como o texto ainda não foi a plenário, qualquer deputado pode alterá-lo.

Privilégios - A estratégia estabelecida pelos parlamentares da bancada evangélica é não deixar o texto da reforma do Código Penal, que data de 1940, avançar. Eles argumentam que a aprovação do projeto vai abrir brecha para a “legitimação da pedofilia”, assegurar “privilégios aos homossexuais”, legalização do aborto e a descriminalização do consumo de “determinadas drogas”.

O senador Magno Malta (PR-ES), que também faz parte da Frente em Favor da Família Brasileira, declarou que eles desejam que tudo “fique como está”, pois, na opinião do senador, a mudança contém uma série de “atentados contra a família”.


Senador, eu tenho família, meus amigos têm família, algumas dessas famílias são iniciadas com dois seres do sexo masculino ou do sexo feminino, e não nos sentimos ameaçados pela atualização necessária da Lei. Privilégio aos homossexuais, não. O entendimento tardio que o código deve proteger o ser humano, sem discriminações, isso sim. Legitimação da pedofilia? Onde? Legalização do aborto, sim, acabando com a hipocrisia das clínicas conhecidas por todos que provocam o aborto a alto custo e outras, de menor custo, que colocam em risco a vida das grávidas que pelos mais diversos motivos as procuram.

Retornando ao iG

Pontos polêmicos - Elaborado em 2012 por uma comissão especial de juristas, o texto apresentado e que segue em debate no Senado inclui uma série de temas que ainda são tabu na sociedade brasileira. Destacamos aqui aqueles que tem gerado o acirramento de ânimos entre as bancadas conservadoras e progressistas no Congresso Nacional.

Aborto: o texto original permite que a gestante interrompa por vontade própria a gravidez até a 12ª semana de gravidez. Porém, em seu relatório, o senador Pedro Taques (PDT-MT) retirou este ponto.

Porte de drogas: prevê a descriminalização da pessoa portadora de substância ilegal, porém, continua proibido o consumo em locais públicos.

Prostituição: legaliza as casas de prostituição e estabelece pena de nove anos em regime fechado para o dono da casa/ prostíbulo que obrigar uma pessoa a se prostituir. 


Vale dos Orixás: UM peso, DUAS medidas

por Paulo Preché (em facebook)

Foi publicada hoje, no campograndenews, a aprovação pela Câmara dos Vereadores, da liberação de R$ 500.000,00 para a construção do “Vale dos Orixás”.

A matéria recebeu uma enxurrada de criticas contra o prefeito e a autora do projeto Vereadora Luiza Ribeiro. Por se trata de um ESTADO “laico”, DEMOCRÁTICO e REPUBLICANO, como diz que o Brasil é segundo a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, acredito que o poder público, não teria que auxiliar nem uma doutrina religiosa.

 Mas, a realidade é outra, quando a verba é para seguimento Católico e Evangélico, principalmente para o segundo segmento, pois  aqui em Campo Grande, temos uma lei que determina a realização mensal de Shows Gospel, com toda estrutura e cachê para de músicos de fora bancados com os nossos impostos.

Chamo a atenção que as demais manifestações religiosas não são contempladas por essa lei. Ninguém reclama e fica tudo certo, com se as religiões evangélicas fossem superiores ás demais.

Eu não manifesto nenhuma religião, mas sou obrigado a aceitar que os recursos de meus impostos paguem ações específicas às religiões evangélicas. Se assim disse a lei que o bem coletivo é superior ao bem particular, aplaudo a iniciativa do prefeito e da vereadora em instituir o espaço Vale dos Orixás, afinal estão demonstrando que a função política e pública que assumiram perante o município de Campo Grande, por meio dos votos de vários (as) eleitores(as) , independentemente da manifestação religiosa, está sendo cumprida.

O poder público e todos (as) que nele exercem função devem atender ao interesse coletivo, visar para o cumprimento das leis vigentes, atuar de modo laico, democrático e republicano. Afinal o que deve reger não é o código maior de um país, ou seja, sua CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Vale dos Orixás (Estado de São Paulo)
Que se inaugure o espaço dos Orixás dentro do prazo legal, respeitando a legislação ambiental, os preceitos das comunidades afro-brasileiras, tornando nosso município uma sociedade de e para todos (as) cidadãos(ãs) de bem. Preocupemos e nos revoltemos com atos de violência sexual contra crianças e adolescentes praticados por pastores e padres, isto sim é contra a lei.


Inumano faz anúncio de venda de negros

Secretaria solicita ao Mercado Livre informações sobre anúncio de venda de negros

Mariana Branco // Agência Brasil

Brasília - A Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), informou na quinta-feira (9) que solicitou ao site de vendas Mercado Livre informações sobre o autor de uma postagem que anuncia a venda de negros por R$ 1. Segundo o ouvidor nacional, Carlos Alberto Silva Júnior, a intenção é encaminhar os dados ao Ministério Público Federal para que seja oferecida denúncia.

Por meio da assessoria de imprensa, o Mercado Livre disse que ainda não recebeu o pedido de informações, mas está à disposição da ouvidoria. O site informou que entregou os dados cadastrais e de acesso do usuário à Polícia Civil do Rio de Janeiro, após notificação oficial, para que o autor seja investigado.

Em nota divulgada à imprensa, a empresa de vendas diz que o conteúdo foi retirado do ar na segunda-feira (6), após denúncia dos usuários do site. O anúncio repercutiu nas redes sociais no domingo (5). A nota do Mercado Livre diz que o site de vendas repudia o conteúdo da postagem e que todos os anúncios publicados têm um botão de denúncia. 'Os usuários que infringem as regras do Mercado Livre têm seu cadastro cancelado. Reiteramos que o Mercado Livre está sempre à disposição para colaborar com as autoridades', declara o texto.

O ouvidor nacional, Carlos Alberto Silva Júnior, explica que quem fez a postagem pode ser enquadrado no Artigo 20 da Lei n° 7.716/1989, que prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Carlos Alberto destaca que quem compartilhar o material ofensivo em blogs ou redes sociais com intenção de denegrir ou discriminar pode responder pelos mesmos crimes.

Além da penalização de quem cria ou compartilha o conteúdo, Silva Júnior defende a responsabilização dos sites que, na avaliação dele, deveriam ter dispositivos de segurança para barrar material preconceituoso. 'Não é possível que uma plataforma dessa não consiga oferecer nenhum tipo de filtro. É precisa que seja oferecida denuncia para responsabilização da plataforma, o que, por enquanto, não aconteceu', diz. Segundo ele, a prerrogativa de responsabilizar plataformas que deixam passar conteúdo discriminatório é do Ministério Público. 'É uma ofensa à sociedade como um todo. [A legitimidade para denunciar] cabe ao Ministério Público', destaca.

No ano passado, um anúncio semelhante ao atual, vendendo pessoas negras, foi postado no Mercado Livre. Na ocasião, a Ouvidoria da Igualdade Racial também solicitou os dados do usuário, que foram fornecidos. De acordo com Silva Júnior, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o autor da postagem.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sociedade hipócrita e políticos coniventes

por Juarez Cruz

(Matéria revisada parcialmente)

Imagens: Veja - Editora Abril
No dia 06 de janeiro aconteceu um crime bárbaro, selvagem, na Vila Sarney, em São José de Ribamar no Maranhão e o povo brasileiro parece insensível diante do ocorrido.
Bandidos comandados por outros bandidos de dentro da penitenciária de Pedrinhas incendiaram ônibus com passageiros dentro deles. Em um deles a menina Ana Clara de Sousa, de seis anos, foi queimada enquanto sua mãe, Juliane Carvalho, implorava para que eles não ateassem fogo nela. Tudo em vão.

Esta notícia parece não chocar nossa sociedade (os políticos nem se fala, pois eles não são gente, não são humanos) que não se manifesta e nem se mobiliza como o fazem quando se trata de alguém de classe social mais abastado, de parente de algum artista global, ou de algum cantorzinho de meia tigela que enche nosso saco nas programações de TV das tardes domingo.

Ana Clara era negra, pobre e morava numa cidade mais pobre ainda. O Maranhão por sua vez, é comandado pelo clã dos Sarneys que governam aquele estado há mais de 40 anos com uma incompetência tão grande ( para não dizer outra coisa) que o Maranhão esta em um dos últimos lugares na fila do IDH-Indice de Desenvolvimento Humano do ensino de matemática, do ensino de português, da falta de saneamento básico, doenças contagiosas, morte de crianças por diarreia, fome e outras cozitas mais.

Em 2013 foram incontáveis estupros, 14 decapitações e 60 mortes dentro das penitenciárias no Maranhão. A barbárie impera dentro das penitenciárias enquanto a governadora Rosana Sarney dorme em berço esplêndidos. Não tá nem ai.

A família Sarney faz parte de um grupo de velhos coronéis deste país que ainda teimam em se manterem no poder e vivem as custa do benesses  do governo federal.     
Paradoxalmente ao que propagava quando na oposição, a turma do PT que está no governo ha 11 anos, ajuda a manter estes clãs em alguns estados brasileiro que se locupletam e fortalecem seus grupos políticos, usurpam a riqueza de seus estados e deixa o povo a margem das riquezas produzidas no país.

Este é o PT à moda antiga, dos conchavos políticos com as famílias dos Sarneys, Magalhães, Maluf, Collor, Vieira Lima, Tato, Neves e tantos outros clãs que ele tanto condenava quando não era governo e agora os apoia incondicionalmente.

A morte de Ana Clara é culpa do governo federal, do governo da Maranhão e dos ilustres senhores responsáveis pela condução da justiça em nosso país (procuradores, desembargadores, juízes, procuradores do Ministério Público Federal, etc.) que fecharam os olhos para o que acontece dentro das penitenciárias públicas onde monstros são formados e se proliferam como ratos de esgotos.

A sociedade, o governo e os políticos não dão mínima bola para este setor da sociedade. Veja a pérola dita por Sarney, amigo de Lula e sua turma e relatada na coluna do Josias de Souza (27/12/2013): “Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua, como aconteceu no Espírito Santos que nem teve carnaval (mentira dele, teve sim) e nós temos conseguido que aqui que essa coisa não extrapole para a própria sociedade”. Disse o pai da governadora durante uma entrevista na Rádio Mirante AM, uma das emissoras que compõe o império estadual de comunicação da família Sarney.

Como disse Josias em sua coluna, o que o Senador disse, com outras palavras, foi o seguinte: a carnificina nas cadeias é um mal menor, desde que não perturbe “a própria sociedade”.

Alias este pensamento não é só de Sarney, é igual ao do Governo Federal, dos Governos Estaduais, dos Ministérios e das Secretarias de Justiça, do judiciário, das instituições públicas encarregadas de conter este bolsão de miséria e monstruosidade que cresce nas periferias das grandes cidades, se fortalece dentro dos presídios e ameaça a sociedade que não faz parte da elite política brasileira, porque os Sarneys da vida e parte de nossa sociedade mais abastado e hipócrita, pensam que estão imunes aos atos criminosos que ameaçam cada vez mais a todos nós, ricos ou pobres. Sem piedade, como aconteceu com a pequena Ana Clara.

Juarez Cruz  //  Salvador-BA  //  jaurez.cruz@uol.com.br



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Luiza Ribeiro garante orçamento para construção do Vale dos Orixás

Entendendo a necessidade de haver um espaço democrático para as práticas dos cultos afro-brasileiros e ameríndios em Campo Grande, a vereadora Luiza Ribeiro (PPS) apresentou projeto que cria o Vale dos Orixás. “Todas as formas de religiosidade engrandecem o homem porque são baseadas no amor de Deus. Campo Grande necessita deste espaço para que algumas religiões possam apresentar suas manifestações de fé e, por outro lado, este projeto fortalece a cidade culturalmente e pode se transformar em um espaço para o turismo”, comentou a vereadora que destaca a data de hoje - Dia da Liberdade de Cultos.

O projeto aprovado foi um pedido da Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams), segundo o presidente, Iraci Barbosa dos Santos, o Vale dos Orixás será um lugar sagrado onde os praticantes de cultos afros e ameríndios possa praticar sua religiosidade fazendo oferendas de maneira correta preservando meio ambiente e com liberdade. “Os praticantes poderão ir a um lugar adequado para fazerem suas oferendas sem incomodar as pessoas de outras religiões. No candomblé, por exemplo, são feitas oferendas com comidas em lugar aberto o que causa constrangimento aos não praticantes e neste projeto buscamos o respeito, a harmonia com a população com a natureza”, frisou.

Iraci Santos e Luiza Ribeiro
O exemplo para o projeto apresentado é o Santuário Nacional da Umbanda, no interior de São Paulo, que atrair milhares de turistas anualmente. “O Candomblé e a Umbanda são manifestações ricas em rituais e festas e neste projeto haverá um espaço para eventos atraindo assim uma diversidade de pessoas. Na Umbanda, por exemplo, existe um sincretismo com os Santos Católicos e aqui em Campo Grande eles já prestam homenagens à Santo Antonio, padroeiros da cidade, e com este espaço poderão fazer uma festa muito mais linda e mais expressiva culturalmente”, comentou a vereadora. 

O valor aprovado para construção do Vale dos Orixás de R$ 500.000,00 será publicado no Diogrande juntamente com Orçamento para 2014 ainda em janeiro, após sansão do prefeito.

No ano passado por intermédio da vereadora Luiza Ribeiro, pela primeira vez, a entidade realizou um culto na Câmara, que ao fim da manhã de cada segunda-feira cede o espaço para celebrações religiosas.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Xingamento – por Gregorio Duvivier

Imagem: blog Entrelaços
Puta, piranha, vadia, vagabunda, quenga, rameira, devassa, rapariga, biscate, piriguete. Quando um homem odeia uma mulher — e quando uma mulher odeia uma mulher também— a culpa é sempre da devassidão sexual. Outro dia um amigo, revoltado com o aumento do IOF, proferiu: "Brother, essa Dilma é uma piranha". Não sou fã da Dilma. Mas fiquei mal. Brother: a Dilma não é uma piranha. A Dilma tem muitos defeitos. Mas certamente nenhum deles diz respeito à sua intensa vida sexual. Não que eu saiba. E mesmo que ela fosse uma piranha. Isso é defeito? O fato dela ter dado pra meio Planalto faria dela uma pessoa pior?

Recentemente anunciaram que uma mulher seria presidenta de uma estatal. Todos os comentários da notícia versavam sobre sua aparência: "Essa eu comeria fácil" ou "Até que não é tão baranga assim". O primeiro comentário sobre uma mulher é sempre esse: feia. Bonita. Gorda. Gostosa. Comeria. Não comeria. Só que ela não perguntou, em momento nenhum, se alguém queria comê-la. Não era isso que estava em julgamento (ou melhor: não deveria ser). Tinham que ensinar na escola: 1. Nem toda mulher está oferecendo o corpo. 2. As que estão não são pessoas piores.

Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizendo que o Lula é feio: "O Lula foi um bom presidente, mas no segundo mandato embarangou." Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e orelhas de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu pra mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas.

Filho da puta, filho de rapariga, corno, chifrudo. Até quando a gente quer bater no homem, é na mulher que a gente bate. A maior ofensa que se pode fazer a um homem não é um ataque a ele, mas à mãe — filho da puta- ou à esposa — corno. Nos dois casos, ele sai ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma mulher da vida. Hijo de puta, son of a bitch, fils de pute, hurensohn. O xingamento mais universal do mundo é o que diz: sua mãe vende o corpo. 1. Não vende. 2. E se vendesse? E a sua, que vende esquemas de pirâmide? Isso não é pior?

Pobres putas. Pobres filhos da puta. Eles não têm nada a ver com isso. Deixem as putas e suas famílias em paz. Deixem as barangas e os viados em paz. Vamos lembrar (ou pelo menos tentar lembrar) de bater na pessoa em questão: crápula, escroto, mau-caráter, babaca, ladrão, pilantra, machista, corrupto, fascista. A mulher nem sempre tem culpa.


Gregorio Duvivier - é ator e escritor e um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.

Reproduzido do site Folha.com - com imagem adicionada pelo autor deste blog.

Cofre de Histórias - por Vanda Ferreira

Certo dia fiz longa pausa diante de entulhos, induzida pela atração incontrolável na releitura de coisas antigas, velhas, abandonadas. Pulsa um mundo em cada objeto descartado, substituído ou simplesmente desprezado.

Descobri que estava diante de uma montanha de ideias, mistérios de histórias ocultadas, mascaradas, despejadas ali naquele monte de lixo. Por dedução tentei decifrar o passado de quinquilharias, como, por exemplo, a quem pertenceu, se teria sido útil, amado, mal tratado... Há justiça destinar para a inutilidade aquilo que nos serviu? 

Pausei o olhar sobre um ramalhete de rosas murchas. As pétalas, já desidratadas pelo passado tempo, insistiam em sangrar a originalidade da imponência vermelha do rubi, talvez o capítulo principal de um breve romance. Cena que me inspirou ao retrocesso. O plantio daquelas flores, sua colheita, a comercialização, o presentear, a emoção de cada fase de vida daquelas rosas, tudo que se processou até nosso primeiro encontro, onde a cumplicidade estabeleceu a conexão entre dois mundos de coisas feitas pelo homem vivo e o morto. 

Interroguei a mim mesma, e meus “botões” ficaram por demais curiosos quanto à missão daquele ramalhete, que apesar de jazer ao lixo, mantinha um certo quê de exclusiva beleza. Teria obtido êxito ao objetivo que lhe propuseram? Quantos prazeres e a quantas pessoas aquelas rosas teriam proporcionado antes, durante e após sua transformação em ramalhete, além de meu apreço?

Ao avistar uma velha porta quebrada, escombro de algum prédio reformado ou demolido, imaginei se alguém sentou-se ao seu batente para meditar com o pé no chão, ou se algum casal, em beijo de despedida a fez de marco da separação, ou a usou como portal para alegre beijo de reencontro.

Todo lixo tem história. Cada um daqueles objetos já proporcionou alguma ou várias emoções, tristes ou alegres aos seus abandonadores que, por algum motivo, num certo (ou até mesmo incerto) momento fora descartado, posto do lado de fora da intimidade, enfim apartados de suas vidas. 

No lixo são jogadas coisas que avivam sentimentos. Desfazemos de capítulos ou promovemos o fim de convivência, fim de historia, ponto final de um trecho percorrido em paralelo com a tal coisa depositada na lixeira. Talvez joguemos no lixo as coisas significativas, como se decretássemos a morte de dolorosas lembranças. Desfazemos de coisas sem ritual de despedida, sem chance para voltar. É a hora da maldade, do infame egoísmo no gesto que despreza a continuidade de vida.

Por outro lado impera a positividade no desejo para limpar passado, na soberana sede pelo novo absoluto, pelo sonho virgem que renova a esperança intuitiva de coisas melhores.

Com certeza cada um dos componentes daquele amontoado, marcou momento histórico, episódio no qual somente o próprio objeto pactuou da cumplicidade sentimental. Nessa apreciação vi infinidade de coisas que juntaram seus destinos, suas lendas, seus fracassos finais, mas que, no entanto mantiveram as individualidades coadjuvantes ou protagonistas de contos, poemas, canções e prosas.

Ao redor: a velha árvore, o buraco na terra, o caco de garrafa, a lixeira, a panela amassada e furada, a xícara partida e inúmeros outros muitos objetos, cada qual sendo um cofre de histórias codificadas.


Vanda Ferreira - escritora