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terça-feira, 25 de abril de 2017

Má gestão provoca caos e Marquinhos perde controle da Saúde



136 médicos pedem exoneração, projetos que estavam corrigindo problemas foram extintos, excessiva pressão sobre os profissionais de saúde, política da delação entre apaniguados...

Existe uma queda de braço entre os servidores médicos e a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) que envolve o clima de “denuncismo” contra os profissionais médicos num claro jogo de repassar a responsabilidade a esses profissionais e não à falta de gestão do atual secretário e da incapacidade administrativa do governo municipal.

Denúncias indicam que alguns profissionais médicos assinam o ponto de colegas que não comparecem às escalas de plantões. Isso implica, por exemplo, que mesmo escalados seis médicos por plantão, muitas vezes apenas dois profissionais cumprem a jornada, o que acarreta prejuízos à população. A Sesau informa que seis sindicâncias foram abertas.

Em março e abril, a Sesau conseguiu flagrar seis faltas a plantões sem justificativa e investiga a circunstância por meio de sindicância administrativa. As informações de que o profissional escalado não apareceu ou ‘desapareceu’ no meio do expediente chegam por meio de denúncias”, disse o prefeito. No entanto estranho que apenas “seis” faltas causem tamanha deficiência de atendimento nas unidades, isso é coisa que não explicaram.
Ainda que 136 médicos tenham pedido exoneração e que o atual prefeito Marquinhos Trad (PSD) informa que buscou resolver a situação da saúde com a convocação “temporária e para o setor de Saúde da Família” de profissionais aprovados no último concurso durante o ano de 2016, e tenha determinado o pagamento de gratificações para os plantões e finais de semana nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), como se houvesse novidade nisso, ainda assim a falta ou abandono do posto impedem que a escala consiga ser cumprida. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) foi notificado, bem como o Ministério Público Estadual (MPE).

Em meio ao terror ditatorial

Ainda que houvesse extinto programas fundamentais para o bom funcionamento da saúde pública, Marquinhos se apropriou de outros para, na pior face do Big Brother, exercer um comando de terror nas Unidades. Por monitores instalados, que antes serviam para atendimento da população por meio do programa Equipe Móvel – sempre que havia ausência de médicos, equipes sediadas na Sesau eram deslocadas para suprir essa lacuna – o prefeito aterroriza servidores exigindo o atendimento deste ou daquele paciente, demonstrando total ignorância dos procedimentos e da classificação de risco feita exclusivamente por profissionais da área.
Não bastasse, menospreza – ou realisticamente entende – a incapacidade administrativa de seu secretário da pasta, mais sócio de seu irmão do que um administrador.
A partir da falta de atendimento, pode-se entender a extinção de outro projeto que obteve mais de 85% de aprovação da população – conforme pesquisa da auditoria do SUS – do projeto Posso Ajudar, quando universitários tinham seus estudos pagos e davam suporte de atendimento nas unidades, esclarecendo e sendo facilitadores dos pacientes.
Até mesmo o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sebastião Junior, afirma que falta organização, quando são constatados “abandono” e limite de atendimentos provocando espera excessiva dos pacientes.
Triste realidade
Um médico (que destina pelo menos 6 anos de estudos e residência) concursado recebe hoje do município R$ 2.516,72 para 12 horas por semana de trabalho, e por plantões (com limite de carga) R$ 830,56 para cada 12 horas trabalhadas, R$ 913,60 para plantão no período noturno e R$ 996,11 aos fins de semana e feriados. A remuneração dos plantões dos pediatras é diferente.
Enquanto os médicos vêm sofrendo todo tipo de pressão e sendo responsabilizados pela falta de gestão (além, e muito além, de má gestão), ex-vereadores semianalfabetos ou de instrução mínima são comissionados com rendimentos de até R$ 11 mil, leis são alteradas para favorecer parentes de parentes, também com salários elevados, cabos eleitorais idem... numa folha inchada em mais de 900 desses comissionados.
Entre o terror e a incapacidade administrativa, o prefeito ameaça com o atraso do pagamento dos servidores, o que lhe permite o clima de denuncismo feito por todos aqueles que entenderam que o melhor, em época de vacas abandonadas no pasto seco, é ser amigo do rei.

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