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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Há três anos a dor da morte clama por justiça

Maíra Ferreira de Oliveira

Qual das ofensas é a mais profunda: o sentimento impotência ou o menosprezo? Neste caso, especificamente, as ofensas são uma só dor, alimentadas pela saudade. Maíra Ferreira de Oliveira morreu há exatos três anos (31 de outubro de 2010) quando, mesmo tendo sido atendida com um atraso inexplicável, não teve diagnosticada, em tempo hábil, a meningite que a acometia. Para sua mãe, Maria Esmeralda, o desespero, a impotência de acompanhar uma criança de 10 anos morrer, sua própria filha, esquecida, ignorada.

Erro médico? Assim entendemos. Erro médico? A Justiça, em sua morosidade, algum dia irá decidir.

Maíra Ferreira de Oliveira, estudante, modelo, que morreu em 2010, aos 10 anos de idade, vitimada mais pelo descaso do que pela meningite. Seus algozes? Profissionais do Centro Regional de Saúde do Bairro Coophavila II, que deveria prestar atendimento de urgência e emergência para adultos e crianças; Hospital Regional de Mato Grosso do Sul – Rosa Pedrossian.
Maíra começa a vomitar durante a madrugada e sua mãe, enquanto aguardava os coletivos circularem às 5 horas da manhã, lhe ministra Dipirona e soro fisiológico. Vai para o ‘‘24 horas da Coophavilla II’ [Centro Regional de Saúde do Bairro Coophavila II], pois no seu bairro [Lageado] não tem [posto de atendimento médico] 24 horas. Por volta das 6h20, foi atendida e o médico informado de que ela havia tido meningite viral em 2004. Foi diagnosticado “virose”. Não fez o teste da meningite.
Mesmo medicada, a febre não cedia e o vômito e a dor eram constantes. A médica aguardava a melhora de um improvável caso de “virose” para liberá-la para casa. Às 10h30, Maria Esmeralda pediu encaminhamento para o hospital, mas não havia ambulância. Conseguiu, enfim o transporte em ambulância compartilhada com outro paciente, sentada.
Às 12h no Hospital Rosa Pedrossian, "entregamos o encaminhamento e fomos para a pediatria. A todo o momento eu pedia socorro. Pedi para a enfermeira e até mesmo para a estagiária [residente] para medicar minha filha. Mas elas falaram que não podiam fazer nada enquanto não fizesse a coleta para o exame, pois esse era o procedimento do hospital” relata Maria Esmeralda.
Quando, às 16 horas notaram vestígios de sangue em sua boca, porque em função da dor havia engolido um dente, uma médica acompanhada de um enfermeiro, perceberam a gravidade e solicitaram a presença de uma infectologista... doutora Tatiana, que solicitou uma tomografia e a coleta de líquido da coluna. Foi confirmada a meningite.
Entraram com ela na UTI, Maria Esmeralda, parada na porta, viu sua filha desfalecida, mas viva, pela última vez. Maíra não resistiu ao avanço da doença enquanto a burocracia e o descaso caminhavam lentos.
31 de outubro de 2010

Faz três anos que Maíra foi vitimada pela morosidade da saúde, descaso dos profissionais. Faz três anos que sua memória vem sendo vilipendiada pela morosidade da justiça, descaso de nossas leis.

Luiza Ribeiro defende criação de Conselho do Transporte e Trânsito

Vereadora Luiza Ribeiro
Diante do anuncio redução no valor do transporte coletivo de Campo Grande, a vereadora Luiza Ribeiro (PPS) voltou a defender a criação de um Conselho Municipal de Transporte e Transito, que venha a sanar o déficit em relação à transparência e eficiência no serviço prestado à sociedade “nunca chamada” para discutir o tema.
“Uma dos grandes temas nas manifestações em todo Brasil foi o transporte coletivo. A sociedade está reivindicando participar deste debate de maneira autônoma. Em Campo Grande temos um transporte caro, ineficiente, atrasado, apertado, desconfortável e inacessível, por isso, temos que intervir para melhorar este serviço”, defende Luiza Ribeiro.
Segundo Haroldo Borralho, presidente do Centro de Documentação e Apoio aos Movimentos Populares  (Cedampo), o conselho de transporte é uma antiga reivindicação dos movimentos sociais. “A criação do Conselho que deve ser deliberativo, é a democratização de todo o processo. Sem dúvida são vários os ganhos para os usuários”, argumentou.
O projeto que cria o Conselho Municipal de Transporte e Transito em Campo Grande, órgão de caráter participativo no planejamento, fiscalização e avaliação da Política Municipal de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana tem fundamento nas diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana instituída pela Lei Federal n. 12.587/12.
Dados do IBGE apontam que apenas 6,4% dos municípios brasileiros possuem um Conselho Municipal de Transporte. Outro dado preocupante é que o número de municípios com um Plano Municipal de Transporte é de 3,8%, e só 3,7% possuem um Fundo Municipal de Transporte.
Campo Grande não conta com esses mecanismos, fundamentais para o caráter descentralizado e democrático da administração, mediante uma gestão compartilhada das políticas públicas, e do controle e coordenação das ações de governo para transporte público. “A proposta de criação do Conselho coloca o usuário como partícipe das decisões, deixando de serem “passageiros” no processo de melhoria das políticas públicas de transporte e mobilidade urbana”, afirma a vereadora.


Após 8 anos, Mario Cesar descobre erros na tarifa de ônibus

Após oito anos como vereador, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Mario Cesar (PMDB) declarou que seu antigo mandatário e ex-prefeito Nelson Trad Filho(PMDB) ignorou a Lei de Diretrizes Orçamentárias que determina à prefeitura que arque com os custos da gratuidade do transporte coletivo.

Após vinte anos de governo peemedebista, com um transporte público caótico que não atende aos mínimos conceitos de qualidade ou quantidade, a preços acima do serviço oferecido, agora a Câmara Municipal, sob a presidência de Mario Cesar, pretende que as tarifas sofram redução de tarifa além da anunciada pelo prefeito Alcides Bernal. A tarifa que estava em R$ 2,85 foi recentemente reajustada para R$ 2,75 em função das isenções federais oferecidas e, agora foi proposta redução para R$ 2,70 por meio de redução de impostos municipais.

“Vamos ver qual é a real renúncia fiscal da prefeitura, porque uma emenda da Lei de Diretrizes Orçamentárias determina que a prefeitura arque com o gasto da gratuidade e hoje vimos que a gratuidade é paga pelo usuário pagante”, declarou Mario Cesar. (grifo nosso)

Vereador Mario Cesar (PMDB)
A votação que estava prevista para ser realizada na sessão de hoje (31), será adiada para que os vereadores deliberem sobre o envio de ofício ao prefeito para esclarecimentos. Vereadores agora cobram da prefeitura o subsídio das gratuidades para o próximo ano, o que permitiria nova redução no valor das tarifas.

Como diziam os mais antigos, os não tão antigos e até os mais novos, hipocrisia pouca é bobagem.


Grafites de SP perdem os seios em ação contra o câncer

ADNews

Grafites espalhados pela cidade de São Paulo que retratam o nu feminino são os novos aliados da Liga do Rosa, movimento lançado pelo A.C.Camargo Cancer Center com foco na conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Com o conceito criado pela agência JWT, a campanha “Tinta contra o câncer” fez uma "mastectomia" nos desenhos.

Os artistas que produziram os grafites cederam seus trabalhos para uma intervenção urbana que faz alusão à cirurgia de retirada do seio. Um papel tipo lambe-lambe foi colado sobre as atres, dando um efeito parecido com o da cirurgia. 

Cada um dos grafites inseridos na ação, situados em trechos de grande circulação e redutos da cultura paulistana como a Praça da República, Rua Luminárias, Avenida Ataliba Leonel, dentre outros, recebem a assinatura "Qualquer mulher pode ser vítima do câncer de mama", acompanhada de dizeres relativos ao movimento "Outubro Rosa" e da hashtag #LigaDoRosa.  Embora seja uma ação de rua, a campanha ganhou força nas redes sociais com a replicação das imagens na web e a disseminação do vídeo-case.

Além de abordar a importância da prevenção e alertar para o diagnóstico precoce da doença, a proposta desta campanha, ao retratar a mastectomia, é mostrar que a retirada do seio está longe de representar a perda da feminilidade e do amor à vida. “Uma cicatriz no mesmo lugar onde antes estava um seio não representa uma derrota e sim a confiança em superar a doença. Toda mulher em tratamento é uma guerreira, pois seu foco é lutar pela vida”, destaca a cirurgiã oncologista e diretora de Mastologia do A.C.Camargo, Maria do Socorro Maciel.

De acordo com o CCO da agência JWT (Chief Creative Officer), Ricardo John, o fato de o grafite ser uma arte muito presente na cidade, pode contribuir para conscientizar um grande número de pessoas, além das mulheres. “Por dialogar com todo o tipo de público, a campanha pode atingir também aos adolescentes e aos homens que, no papel de filhos, namorados, pais e maridos, podem ajudar a influenciar na conscientização e prevenção da doença”, destaca. 

LIGA DO ROSA – Criada em 2012 pelo A.C.Camargo, a Liga do Rosa tem objetivo levar informação qualificada para as mulheres de todas as idades e, ao mesmo tempo, homenagear as heroínas anônimas que possuem uma rotina agitada em razão da atuação no mercado de trabalho e no seu lar, dedicam momentos de sua vida para zelar pela própria saúde, dos seus filhos e do marido por meio do incentivo à adoção de hábitos de vida saudáveis como alimentação equilibrada e prática de atividade física. Para isso, criou quatro heroínas que usam os seus superpoderes de mulheres comuns no combate ao câncer de mama e que juntas formam a  Liga do Rosa. A superprofissional, a supermãe, a superesportista e a superconectada são as estrelas. “Estas heroínas são instrumentos para a disseminação de informações em casa, no ambiente de trabalho e nas mídias sociais”, destaca a Superintendente de Marketing do A.C.Camargo, Adriana Seixas Braga. 

O câncer de mama é o mais incidente na população feminina. No Brasil, segundo dados do Instituto nacional do Câncer (INCA) são estimados 52.680 casos novos da doença em 2013. A boa notícia é que, diagnosticado precocemente, as chances de cura do câncer de mama superam os 90%.

Confira:



terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dilma lamenta morte de jovem e condena violência em SP


A presidente Dilma Rousseff lamentou nesta terça-feira, 29, a morte do jovem Douglas Rodrigues, no último domingo durante uma abordagem policial. No Twitter, Dilma prestou solidariedade à família e condenou o que chamou de "violência contra a periferia".

"Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vítimas cotidianas da violência. A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil", escreveu a presidente.

Preparar melhor as forças policiais exige investimentos, conforme explica o presidente do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCG/PM CBM), e Comandante Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Carlos Alberto David dos Santos.  “A atividade de segurança pública é uma atividade extremamente cara, e que exige investimentos de forma permanente. Não há Estado da Federação que tenha estrutura financeira para fazer os investimentos que a segurança pública exige. Imagine Mato Grosso do Sul, que ainda está se formando. Pelo fato de nós termos fronteiras com Paraguai e Bolívia, e considerando que infelizmente o consumo e o tráfico de drogas está assolado no meio da sociedade, e que é o grande indutor, hoje, do crime, dentro de uma comunidade, é necessário que além dos investimentos feitos pelo Estado, ocorram investimentos do governo federal,” disse em entrevista ao jornalista Dirceu Martins.

Há a PEC 24/2012 de autoria do senador João Capiberibe(PSB) do Amapá, que propõe a criação do fundo. “Com o debate iremos definir o melhor formato da PEC para que ela possa atender aos nossos anseios e seja logo apresentada e aprovada pelo Congresso Nacional”, diz o senador.

Douglas morreu no último domingo atingido por um tiro dado por um policial na região do Jaçanã, zona norte de São Paulo. A morte do jovem causou revolta e protestos violentos na noite de ontem. O policial alega que o tiro foi acidental.

Resta averiguar se o tiro foi acidental – um desastre, ou caso de incidente – desentendimento ou acontecimento imprevisto. Resta verificar o quanto os policiais “desentendem” que o fato de ser negro (indígena, mulato, pardo) e pobre não são questões indicadoras de bandidagem, apenas de uma marginalidade forçada, em grande parte, pelo despreparo social que exclui e julga.

Marginal é aquele que está “à margem de” e, a partir do entendimento de que a sociedade é formada, em sua maioria e grossa concepção, por brancos de classe média, entendem que todos os que se situam abaixo desta linha são bandidos ou potenciais bandidos, e aqueles acima desta linha, ainda que marginais também, por gravitarem no entorno, são doutos e inocentes.

5 Alimentos Que São Falsos E Você Não Sabia

de Tedioo Notícias

Você sabia que muitos dos alimentos que consome no seu dia-a-dia são falsos?
Confira a lista de 5 alimentos comuns e que não são realmente o que você pensa!
Chocolate

Segundo o Presidente da Associação de Turismo de Ilhéus, Bahia (Ilhéus é a maior produtora de Cacau do Brasil) 1 em cada 3 chocolates fabricados no Brasil não possuem a quantidade mínima de cacau para ser considerado um chocolate. O valor mínimo de cacau é 25% para que um chocolate seja considerado realmente um chocolate. Sua classificação deveria ser diferente, assim como ocorre com o chocolate branco que não passa de gordura e açúcar.
Pão Integral
Pães integrais são falsos em sua maioria pois não são 100% integrais. O importante ao comprar um pão integral é verificar se ele possui os dizeres “100 %integral” no rótulo e também se possui uma boa quantidade de fibras por porção, o que é comum em pães integrais.

Cereja
A maioria das pessoas compra e come chuchu achando que é cereja. Isso é muito comum em padarias, onde fazem uma cereja falsa utilizando o chuchu, que aceita qualquer sabor e engana muito bem aqueles que não conhecem o sabor de uma cereja de verdade.



Kani Kama
O Kani Kama é um dos alimentos mais falsos da lista, pois tem de tudo menos a carne de siri que todos acreditam estar comendo. O Kani consiste em uma mistura de carne de diversos tipos de pescados e amido de trigo, clara de ovo, açúcar, um extrato de algas, aromatizantes sabor caranguejo, sal, vinho de arroz e um pouco do mal afamado glutamato monossódico, que é um dos piores venenos existentes na comida industrializada.
Além disso, sua cor avermelhada é feita utilizando um pigmento extraído de um inseto chamado Cochonilha, veja:




Manteiga na pipoca do cinema
A tão famosa pipoca, que as pessoas gostam de comer antes de entrar na sala de cinema, também é uma farsa. Aquele cheirinho de manteiga que você sente enquanto compra seu ticket na realidade é óleo de soja com sabor artificial de manteiga. A coloração mais avermelhada é obtida com beta caroteno.
Essa é uma pequena lista dos alimentos que são considerados falsos, pois de alguma forma ou de outra não são o que parecem (ou o que cheiram).


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Agente da Abin e mulher foram presos participando de quebra-quebra

Antônio Werneck – globo.com

Carla Hirt detida no momento em que supostamente
atirava pedras na vidraça de uma loja, e Igor Pouchain Matela,
por desacato aos PMs. 
Marcelo Piu / Agência O Globo
RIO - Presos pela Polícia Militar sem documentos na madrugada de 18 de julho no Leblon, palco de uma das mais violentas manifestações do Rio, perto da residência do governador Sérgio Cabral, o casal de geógrafos Igor Pouchain Matela e Carla Hirt foi levado à 14ª DP, no bairro. Carla foi detida no momento em que supostamente atirava pedras na vidraça de uma loja, e Igor, por ter desacatado os PMs que a prenderam. O caso seria mais um dos que marcam os bastidores dos protestos na cidade, não fosse por um detalhe: segundo os policiais de plantão naquele dia, os dois se apresentaram como agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agora são tratados como suspeitos de estarem ali trabalhando infiltrados. A Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo (CEIV) e a Polícia Civil estão investigando o caso.

A Polícia Civil confirmou ao GLOBO que Igor e Carla se apresentaram como agentes da Abin ao chegarem à delegacia. Também informou que, de acordo com o relato do delegado titular da 14ª DP, Rodolfo Waldeck, Carla foi presa em flagrante por formação de quadrilha, e Igor, por desacato a um PM. Na delegacia, Igor também teria desacatado a delegada Flávia Monteiro, responsável pelo plantão no dia. Carla foi autuada por formação de quadrilha e liberada após pagamento de fiança. Igor, por crime de desacato. Os dois não foram localizados para comentar a denúncia.

Segundo nota da Polícia Civil, a CEIV — criada depois dos atos de vandalismo durante os protestos — vai “investigar a informação de que o casal preso na manifestação do dia 18 de julho no Leblon seria integrante da Abin”.

Agência nega ter agentes infiltrados

A Abin negou manter agentes infiltrados nas manifestações do Rio. Em nota, garantiu “desconhecer a prisão ou a autuação de servidor de seu quadro em 18 de julho ou nos dias subsequentes na cidade do Rio” e explicou que “o sigilo dos nomes dos integrantes da Abin é garantido pela lei 9.883, de dezembro de 1999, sendo, portanto, vedada a sua publicação, inclusive em atos oficiais”. No Diário Oficial da União, de 2008, Igor aparece entre os nomeados para atuar junto ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a Abin está subordinada.

O caso de Igor e Carla acontece num momento delicado, em que vem à tona a participação de policiais fluminenses infiltrados em manifestações. Esta semana, o Ministério Público estadual anunciou que passou a investigar vídeos divulgados nas redes sociais, em que policiais do serviço reservado (P-2) da PM do Rio aparecem supostamente infiltrados no protesto em Laranjeiras, na noite de segunda-feira, durante a recepção ao Papa Francisco. No mesmo dia, a PM reconheceu o uso do expediente, informando que os policiais agem filmando, coletando provas e fazendo prisões.

Infiltrar agentes é prática reconhecida internacionalmente nos meios policiais de inteligência, mas os especialistas alertam que há limites: o agente infiltrado deve se limitar a observar, coletar informações e transmiti-las. Mas eles não podem se envolver em crimes — há denúncias de manifestantes de que PMs estariam incitando e até praticando atos violentos.
— Na ausência de disciplina legal específica, os limites da ação de inteligência são os parâmetros gerais, constitucionais e legais dos agentes estatais — disse um especialista, que preferiu o anonimato.

Ainda segundo ele, essa premissa tem sua validade confirmada na Lei n. 9.034/95, que trata dos meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. Em seu art. 2, inciso V, a lei prevê a infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituídas pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.

— Falando em tese eu diria: mesmo para a infiltração estrutural, é preciso autorização judicial que preveja os limites genéricos da operação. Na lei atual, embora não esteja prevista a possibilidade da prática de crimes pelos agentes infiltrados, entende-se na doutrina ser admissível quando se tratar de prática necessária e imprescindível para a garantia da infiltração, o que envolve obter a confiança do grupo, e o crime a praticar for menor do que o investigado.







De olho em canal, pastor pede que fiéis finjam milagres

Com o objetivo de adquirir o canal 32, usado até 30 de setembro para transmitir a programação da MTV Brasil em sinal aberto, a Igreja Mundial do Poder de Deus, comandada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, está pedindo aos seus fiéis que se passem por enfermos, conforme noticia o site Notícias da TV.

Segundo a matéria, assinada pelo jornalista Daniel Castro, uma carta encontrada numa sala do templo da Avenida João Dias, na zona sul de São Paulo, revela os planos escusos da Igreja Mundial.

O bispo Jorge Pinheiro, segundo na hierarquia interna, declarou que "a informação não procede".

A crise da Igreja Mundial vem se arrastando há meses. Porém, nos últimos dias, o quadro se agravou. Tanto que a saga e Valdemiro Santiago em busca de espaço na mídia é capa da revista ISTOÉ desta semana. A publicação também aborda os entreveros do apóstolo com seu arqui-inimigo Edir Macedo, líder da Igreja Universal.

O próprio Notícias da TV lembra que a congregação de Santiago deixará as frequências da Rede 21, do Grupo Bandeirantes, que ocupa durante 23 horas desde 2008. A Igreja Universal deve ocupar o lugar.

Confira uma reprodução da carta:



Minirreforma eleitoral veta uso de bonecos e outdoors eletrônicos

A cada movimento social ocorrido por esgotamento absoluto ao suportar o escracho dos políticos para com a sociedade, num “ao invés” da fortaleza sitiada, Brasília, onde quem está dentro não quer sair e um sem número querem entrar, mais um retalho foi oferecido para a confecção da imensa colcha de retalhos da reforma eleitoral. Arrastada, penada, democraticamente desejada pela maioria e ditatorialmente impedida pelos políticos, a reforma eleitoral buscando o desejável mais e mais se aproxima do passado, esbarrando e quase entrando de corpo e alma na Lei Falcão. (A Lei Falcão teve como seu principal objetivo evitar que o horário eleitoral gratuito viesse a ser utilizado como forma de criticar a ditadura daquela época. Na propaganda eleitoral, os partidos se limitassem a mencionar a legenda, o currículo e o número do registro do candidato na Justiça Eleitoral, divulgar sua fotografia pela televisão, podendo mencionar o horário e local dos comícios.)


Após meses de discussão e negociação partidárias, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (22), o projeto de lei da minirreforma eleitoral (PL 6397/13), que apresenta como principais mudanças, limitações de publicidade em via pública e a proibição em bens privados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidirá se as mudanças valem para as eleições de 2014, no entanto tem-se como certo que deverão vigorar apenas nas eleições de 2016 pois quaisquer alterações na Lei devem ser feitas antes de um ano das eleições.Foram rejeitados um destaque do DEM que proibiria a utilização de bonecos e bandeiras pelos candidatos; outro do PTB que permitiria o suo de outdoors eletrônicos; e permitir que a propaganda de rádio e TV ridicularizem os candidatos, partidos ou coligação  – o partido queria evitar que o juiz eleitoral enquadrasse o uso do humor na definição do termo, proibindo inserções em que ele é usado.
Foram aprovados o limite de dois fiscais por partido nas seções eleitorais; limite para a propaganda em bens particulares – proíbe placas, cavaletes e envelopamento de veículos; fixa teto com alimentação e aluguel de veículos em campanha; retirada a restrição para a contratação de cabos eleitorais; permite a manifestação em redes sociais, entre outros pontos mais técnicos.
Foram mantidas duas pérolas da forçosa democracia de representação que, abaixo da linha do equador, são conhecidas como balcão de negociatas: a que facilita a troca de partidos, ao realizar a desfiliação automática quando ocorre a filiação à nova legenda e a que determina que o candidato só pode ser trocado até 20 dias antes da votação, para coibir que fichas sujas façam a campanha e sejam substituídos por parentes às vésperas do pleito. Mas 20 dias não é às vésperas do pleito?
Mais polêmicas
É permitido que concessionárias de serviços públicos façam doações para campanhas eleitorais.  As siglas defendiam a realização de uma reforma mais ampla, que contemplasse o fim das doações de empresas e mais mecanismos de participação popular na política. PMDB, PSDB, PR, PSD, DEM e PTB foram os principais defensores da proposta, dizendo que assegurava mais transparência e reduzia os gastos de campanha. Mas também é de levar em consideração que são partidos ricos, muito ricos em relação a outros e, caso as agremiações dependessem de financiamento público, o caixa dois – que segundo o mensaleiro Delúbio, todos fazem, um crime que todos praticam acaba sendo menor e perdoável – destes partidos tem um excelente amparo contábil, experimentado ao longo dos anos.
Partidos contrários ameaçaram com obstruções a aprovação do texto, mas como manda quem pode e obedece quem tem juízo, o PT recuou após a ameaça feita pelo PMDB, de não aprovar a proposta Mais Médicos, recentemente aprovada no Congresso e a tábua de salvação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Mas, enfim, essa colcha de retalhos nunca se completa e, começa a ficar desgastada e esfarrapada antes mesmo que consiga cobrir por inteiro nossa infantil democracia. Ora cobre-lhe os pés, ora a cabeça.


Mario Cesar atira as pedras da calçada contra Bernal

O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Mario Cesar (PMDB), desengaveta e dá novas cores a projeto que foi pensado pela vereadora Magali Picareli (PMDB), por cinco ou mais anos, e diversas vezes apresentado, sem nunca haver sido aprovado. Está em tramitação na Câmara Municipal de Campo Grande o Projeto de Lei Complementar n° 378/13, agora de autoria do vereador Mario Cesar, que propõe alterações no Código de Política Administrativa do Município acerca da construção, manutenção e conservação das calçadas.

Intitulada “Nossa Calçada”, visa transferir para a Prefeitura Municipal a responsabilidade de construir, conservar e manter as calçadas, que é hoje do proprietário do imóvel. De acordo com o vereador “a proposta vem atender a necessidade da adequação técnica dos passeios públicos e da manutenção do seu bom estado de conservação, proporcionando à população condições apropriadas de deslocamento e acessibilidade”.

Conforme o Projeto, a responsabilidade do poder público decorre da própria natureza da calçada (passeio público), haja vista que o próprio Código de Trânsito Brasileiro define, em seu anexo I, o termo “trânsito” como “movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres” e “via” como a “superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central”.

Segundo o vereador, as calçadas são de responsabilidade de construção, adequação e manutenção pelo Poder Público, assim como são as vias pelas quais transitam os veículos automotores. Acerta quando afirma que o atual estado de conservação das calçadas causa transtornos à população, principalmente idosos e deficientes.

É de conhecimento de toda a população que as calçadas dos imóveis públicos de Campo Grande estão em péssimas condições, e isso já foi motivo de reportagem no Jornal Liberdade, com farto material fotográfico das calçadas de postos de saúde, escolas estaduais e municipais, entre outros. Não possuíam calçamento ou o que havia estava em péssimo estado. Invariavelmente não obedeciam às normas de acessibilidade. Exemplo claro é o próprio imóvel da Câmara Municipal que não possui piso tátil. Mesmo denunciado, nenhuma providência foi tomada durante os oito anos Nelson Trad Filho, tão ferozmente defendido por Mario Cesar.

Clone mal formulado

Neste clone do projeto original, Mario Cesar não define de onde virão os recursos que sustente tal projeto, o que forçará o prefeito Alcides Bernal a vetar, caso aprovado pela Câmara.

Melhor seria haver sido aprovado o original da então vereadora Magali Picareli, melhor elaborado porque previa a construção das calçadas quando do asfaltamento das vias públicas, com o custo vindo da contrapartida da empreiteira responsável. Foi reprovado por mais de uma vez na legislatura anterior, da qual também fazia parte Mario Cesar, mas que, naquela ocasião era base de sustentação do ex-prefeito Nelson Trad Filho.

E antes que alguém chame a atenção para a diferença deste projeto, que prevê a recuperação das calçadas em vias já asfaltadas, lembramos que pelo fato de não haver indicação de origem dos recursos, o projeto é claramente uma tentativa de desgastar a imagem do atual prefeito, quando ele forçosamente vetá-lo.

A briga por uma eleição perdida, a batalha pela recuperação da imagem do ex-prefeito, a sanha de resgatar um PMDB debilitado e envelhecido pelos 20 anos de gestão, tem impedido que a tropa execute bem as funções para a qual foi eleita. Não temos problemas urgentes a serem resolvidos, senhores vereadores? Resta-lhes tempo para projetos mal formulados apenas para dar cumprimento aos favores devidos?

A proposta está em tramitação na Casa de Leis e aguarda parecer favorável das comissões pertinentes para ser, então, submetido à votação em Plenário.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os desatinos da rapaziada, Carlos Brickmann

Carlos Brickmann
(*) Especial, Observatório da Imprensa,
Circo da Notícia, 22 de outubro/2013


Um grande jornalista, Humberto Werneck, um grande livro, uma fonte ideal para copiar o título desta coluna. Os acontecimentos que se discutem abaixo só podem ser avaliados como desatinos; jornalismo é que não são.

1 - Revistas de fofocas (e jornais que exploram o tema) aproveitaram o Dia da Criança e destacaram "o corpão" que uma menina de 13 anos, de biquíni, "exibia na piscina". São revistas de fofocas, portais de fofocas, colunas de fofocas; mas certos valores não podem ser esquecidos. Por exemplo, explorar em notas, reportagens e fotos o corpo em formação de uma adolescente que sem dúvida é bonita, mas continua sendo uma adolescente. Terá sido combinado com a garota, com a mãe, artista de fama, com algum empresário artístico? Não muda nada: a quebra de decoro continua existindo, mesmo com o consentimento da menor, mesmo com o consentimento da mãe da menor, mesmo com apoio do empresário da mãe da menor, mesmo com o consentimento do pai da menor ou de todos juntos. Tudo tem limite; e a adolescência usada para despertar erotismo em adultos é absolutamente inaceitável.

2 - É absolutamente inaceitável em matérias, é absolutamente inaceitável em anúncios. Uma loja de calçados do Ceará fotografou uma criança de três anos, só de calcinha, em poses que imitam imagens sensuais de publicidade. Colares, maquiagem adulta, pernas abertas, tudo sugerindo erotismo - e, repetindo, a garota tem três anos de idade. A mãe afirma que as fotos, todas com o mesmo tipo de apelo sensual infantil, foram feitas de graça, sem que ela nada recebesse. E diz que não entende a má repercussão do caso (a campanha foi retirada do ar, o anunciante pediu desculpas e jurou que as fotos tinham sido mal interpretadas, os anúncios foram levados ao Conar). "Não vi erotização no resultado", disse Mamãe. Já a coordenadora do Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia da Universidade Federal do Ceará, Inês Vitorina, diz que a campanha desrespeita as crianças. "A marca é para consumo de adultos e coloca a criança extremamente erotizada (...) em situação vexatória, de calcinha, se maquiando".

3 - Como todos sabem, é mentira que o homem tenha chegado à Lua: aquilo tudo é coisa de Hollywood, efeitos especiais, entende? Também não é verdade que o Japão tenha perdido a Segunda Guerra Mundial. Há duas correntes:
uma acha que a guerra continua (é cada vez mais minoritária, e há alguns anos foi encontrado um de seus últimos representantes, escondido numa ilha do Pacífico e pronto para lutar contra os Aliados); outra acha que o Japão venceu a guerra e os americanos, que controlam a imprensa internacional - às vezes; a imprensa internacional também é controlada pelos judeus e pelos sionistas, conforme o caso - inventaram uma vitória inexistente, com a foto forjada da rendição do imperador Hiroíto. Um grupo black bloc dessa corrente foi o Shindo-re-mei, que andou matando japoneses e descendentes que, no Brasil, acreditaram na mentira da vitória aliada na guerra (Corações Sujos, de Fernando Morais, é um esplêndido livro sobre este tema).

Malucos e maluquetes agora discutem se as Torres Gêmeas foram mesmo derrubadas pela Al Qaeda ou pelos próprios americanos. Detalhe: esta discussão se trava entre filiados à Abraji, entidade que reúne jornalistas investigativos. As proclamações da própria Al-Qaeda, comemorando a derrubada das Torres Gêmeas, não são levadas a sério: importantes mesmo são os depoimentos de jornalistas ocidentais que decidiram mudar-se para países muçulmanos por motivos ideológicos. Falta de notícia? Talvez. E, mais ainda, falta de bom senso.

Como diria um amigo do colunista, "ô, gente chata!"

4- Mas a falta de notícias também integra os desatinos da rapaziada. Este é um caso que se tornará clássico: um fotógrafo inglês notou que um casal, na praia de Eastbourne, com roupas de banho de estampa parecida. E criou o título Casal combina roupa ao tomar banho de sol na Inglaterra.

Até aí, vá lá. Mas dar a notícia na primeira página, com foto imensa? Os portais brasileiros de notícias certamente exageraram. Talvez nem houvesse tantas notícias assim, mas não precisavam ir tão longe.

5 - Chico Buarque expôs sua opinião sobre censura a biografias. Acredita este colunista que ele falou muita bobagem; e, concretamente, chegou a negar que tivesse sido entrevistado pelo biógrafo de Roberto Carlos, quando a entrevista tinha sido filmada, fotografada e gravada. OK; mas a reação contra Chico nos meios de comunicação - tanto em editoriais como em entrevistas e artigos - está sendo desmedida. Embora em posição difícil de explicar, Chico não está com as faculdades mentais alteradas pela idade, nem tem interesses escusos, nem deixou de ser um dos monumentos da música popular brasileira. Ele não mudou de um mês para cá - nem mesmo modificou sua posição política, já que sempre defendeu regimes em que a liberdade de expressão é restrita (e, por favor, não lhe peçam que tenha um apartamento em Havana, em vez de Paris. Chico tem suas preferências ideológicas, um inalienável direito seu, mas sabe o que é bom).

Que a posição de Francisco Buarque de Holanda no caso da censura às biografias seja discutida, contestada, desmontada, mas que se evite o patrulhamento. Crítica, sim; patrulha ideológica, não.

Muito mais nessa coluna deliciosa de ser lida... acesse:http://www.brickmann.com.br/

A culpabilização da vítima: somos todas Fran

Recebemos uma mensagem de Débora Araújo relatando que um site com temática de Direito, que se propõe ser engraçadinho, publicou um texto machista sobre o caso Fran. Após muitas reclamações por parte de leitoras e leitores, o dono do site decidiu abrir espaço para quem discordou. Débora, Mariana Czepeula e Irina Nigg se organizaram e escreveram um texto, contra a culpabilização da vítima, que foi publicado no mesmo site, no dia 21 de outubro. O texto recebeu apoio de várias pessoas, porém, ao verificar que o texto das "reclamonas" fazia sucesso e estava tendo repercussão, perfis falsos no Facebook foram criados para criticar a publicação. Ao confrontarem o dono do site, elas tiveram seu texto apagado. Por isso, republicamos o texto e repudiamos atitudes que culpabilizam vítimas de violência.


Texto de Débora Araújo, Irina Nigg e Mariana Czepula

"hipocrisia
sf (gr hypókrisis+ia1) Manifestação de fingidas virtudes."


Nos últimos dias fomos todos apresentados à Fran. Não que ela tenha dado alguma entrevista, feito uma participação na novela ou gravado um disco. Fran, a menina de Goiânia, fez sexo. Isso mesmo. Sexo. E por isso virou o assunto da vez e está pagando um preço que nunca imaginou pagar.

Em que momento os valores morais da nossa sociedade se inverteram ao ponto de um vídeo banal de uma mulher fazendo sexo despontar na internet e, ao invés de questionarem o mau caráter de quem expôs a garota publicamente, questionam a mulher? Quando começou a fiscalização da sexualidade alheia? O fato de que a moça se deixou filmar não significa que ela mereça toda a exposição que vem sofrendo, tampouco a humilhação pelo homem ser casado. Fran não assumiu um compromisso de fidelidade, ele sim. Porém, não se espera que os machistas de plantão entendam isso.

O julgamento (como se estivéssemos na era medieval) veio por todos os lados: '"puta"; "deixou-se filmar" ; "vadia"; "estava pedindo"; "quando você se filma fazendo sexo está assumindo que esse vídeo possa cair na internet"; "É preciso se dar valor". Ora, a sexualidade não é da mulher por direito?

Fran, a menina que faz sexo, foi massacrada. Moralmente atacada de todas as formas. Virou meme, saiu do emprego, parou de estudar, não pode mais sair às ruas. Sua família foi exposta. E por qual razão? Ela é mulher, e repita-se, faz sexo. Ela confiou no seu parceiro (amigo, amante, namorado, ficante, cliente). O relacionamento, seja ele qual for, não compete a ninguém de fora. Portanto, o acordo foi quebrado.


São lamentáveis os textos e comentários grotescos/hediondos/nojentos que circulam pela internet, a terra de ninguém. É lamentável porque são feitos por homens, mulheres, juristas, gente "estudada", que, a princípio, deveria ter um entendimento mais amplo sobre as coisas. Será que fazem parte do grupo que acredita que "saiu de sainha, não é mulher honesta, pediu pra ser molestada"? Isso assusta.

Vivemos em uma época em que o consumismo de informação ultrapassa os limites da privacidade, bom senso e, nesse caso específico, superaram a noção de humanidade. Dá medo viver nesse esquema de "ande na linha, senão...".

E não venha nesse momento gritar "feminista!"; defender a Fran é defender a todos. Qualquer pessoa poderia passar por uma situação dessas. "Ah, mas não me deixo filmar fazendo sexo". Parabéns. Você pode ser filmado sem saber ou, talvez, ser filmado em qualquer outra situação que não seja na cama e acabar também se tornando vítima de uma situação de humilhação. Não é engraçado ser exposto publicamente. Não se deixe enganar: todos somos suscetíveis a passar por isso. A hipocrisia não tem preconceitos, é democrática e pode atingir qualquer um.

Esses dias surgiu um projeto de lei conhecido como "Lei Maria da Penha Virtual", em que a violação da intimidade da mulher na internet, com a divulgação de imagens, vídeo, áudio, dados, montagens ou qualquer coisa do gênero, obtidas durante a relação doméstica, sem o consentimento, deverá ser punida e combatida nos termos da Lei Maria da Penha. Não por acaso, numa pesquisa no site Vote na Web, 67% dos homens são contra e 86% das mulheres a favor. Coincidência? Pior são os 14% de mulheres que também são contra. A depreciação latente da mulher em cima da outra só traz atraso, ocupa o quadro da arrogância e mal percebe que diminuindo a outra só diminui a si própria.

Fran é vítima da estupidez do ser humano, não precisa ser perdoada. Fazer sexo e filmar, como uma brincadeira, algo que excita e dá prazer para o casal não é crime; divulgar tais imagens sem o consentimento de quem elas retratam é. A cretinice é de quem vaza, é de quem compartilha e é de quem faz graça.


Hoje, Fran agradeceu no Facebook o apoio que tem recebido:

Bom dia... Eu sou Fran e estou aqui para agradecer o apoio de todas as 34.972 pessoas que estão ao meu lado, que souberam se colocar no meu lugar e entender tudo que estou passando... É muito bom saber que ainda existem pessoas capazes de amar o próximo sem juga-lo e sem condena-lo! Quero dizer que li e continuo lendo todos os comentários e mensagens possíveis, a força que estou recebendo, as outras "FRAN'S" que passaram por isso, que tem histórias parecidas que conseguiram superar. Espero que agora conseguimos todos juntos lutar pelo direito da mulher, o direito de amar e não ser julgada, o direito de uma lei especifica para que as próximas vitimas não sofram e não passem pelo que passei, não desejo a ninguém isso e se depender de mim vou fazer o possível para ajudar a Lei Maria da Penha virtual sair do papel, para que crimes como esse não se tornem "piadinhas " de pessoas que não sabem direito da situação, que contribuem para essa sociedade podre a qual vivemos! Obrigado gente, do fundo do meu coração obrigada, vocês não sabem o quanto a ajuda de vocês foi importante ! Beijo e que Deus possa abençoar cada um de vocês todos os dias ! Fiquem com Deus.







Débora Araújo tem 28 anos. É advogada, mineira, atleticana (GALO!!!), beatlemaníaca e avessa à gente babaca.

Irina Nigg tem 23 anos. É designer, neurótica, exagerada e anarcafeminista.

Mariana Czepula tem 28 anos. É contadora e uma neurótica vivendo em um mundo clichê e hipócrita.


Fonte: Blogueiras Feministas