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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Minirreforma eleitoral veta uso de bonecos e outdoors eletrônicos

A cada movimento social ocorrido por esgotamento absoluto ao suportar o escracho dos políticos para com a sociedade, num “ao invés” da fortaleza sitiada, Brasília, onde quem está dentro não quer sair e um sem número querem entrar, mais um retalho foi oferecido para a confecção da imensa colcha de retalhos da reforma eleitoral. Arrastada, penada, democraticamente desejada pela maioria e ditatorialmente impedida pelos políticos, a reforma eleitoral buscando o desejável mais e mais se aproxima do passado, esbarrando e quase entrando de corpo e alma na Lei Falcão. (A Lei Falcão teve como seu principal objetivo evitar que o horário eleitoral gratuito viesse a ser utilizado como forma de criticar a ditadura daquela época. Na propaganda eleitoral, os partidos se limitassem a mencionar a legenda, o currículo e o número do registro do candidato na Justiça Eleitoral, divulgar sua fotografia pela televisão, podendo mencionar o horário e local dos comícios.)


Após meses de discussão e negociação partidárias, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (22), o projeto de lei da minirreforma eleitoral (PL 6397/13), que apresenta como principais mudanças, limitações de publicidade em via pública e a proibição em bens privados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidirá se as mudanças valem para as eleições de 2014, no entanto tem-se como certo que deverão vigorar apenas nas eleições de 2016 pois quaisquer alterações na Lei devem ser feitas antes de um ano das eleições.Foram rejeitados um destaque do DEM que proibiria a utilização de bonecos e bandeiras pelos candidatos; outro do PTB que permitiria o suo de outdoors eletrônicos; e permitir que a propaganda de rádio e TV ridicularizem os candidatos, partidos ou coligação  – o partido queria evitar que o juiz eleitoral enquadrasse o uso do humor na definição do termo, proibindo inserções em que ele é usado.
Foram aprovados o limite de dois fiscais por partido nas seções eleitorais; limite para a propaganda em bens particulares – proíbe placas, cavaletes e envelopamento de veículos; fixa teto com alimentação e aluguel de veículos em campanha; retirada a restrição para a contratação de cabos eleitorais; permite a manifestação em redes sociais, entre outros pontos mais técnicos.
Foram mantidas duas pérolas da forçosa democracia de representação que, abaixo da linha do equador, são conhecidas como balcão de negociatas: a que facilita a troca de partidos, ao realizar a desfiliação automática quando ocorre a filiação à nova legenda e a que determina que o candidato só pode ser trocado até 20 dias antes da votação, para coibir que fichas sujas façam a campanha e sejam substituídos por parentes às vésperas do pleito. Mas 20 dias não é às vésperas do pleito?
Mais polêmicas
É permitido que concessionárias de serviços públicos façam doações para campanhas eleitorais.  As siglas defendiam a realização de uma reforma mais ampla, que contemplasse o fim das doações de empresas e mais mecanismos de participação popular na política. PMDB, PSDB, PR, PSD, DEM e PTB foram os principais defensores da proposta, dizendo que assegurava mais transparência e reduzia os gastos de campanha. Mas também é de levar em consideração que são partidos ricos, muito ricos em relação a outros e, caso as agremiações dependessem de financiamento público, o caixa dois – que segundo o mensaleiro Delúbio, todos fazem, um crime que todos praticam acaba sendo menor e perdoável – destes partidos tem um excelente amparo contábil, experimentado ao longo dos anos.
Partidos contrários ameaçaram com obstruções a aprovação do texto, mas como manda quem pode e obedece quem tem juízo, o PT recuou após a ameaça feita pelo PMDB, de não aprovar a proposta Mais Médicos, recentemente aprovada no Congresso e a tábua de salvação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Mas, enfim, essa colcha de retalhos nunca se completa e, começa a ficar desgastada e esfarrapada antes mesmo que consiga cobrir por inteiro nossa infantil democracia. Ora cobre-lhe os pés, ora a cabeça.


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