O projeto Nu Real que trabalha realizando ensaios
fotográficos de mulheres nuas, com a máxima de publicar imagens
tal qual captadas pelas lentes, jamais utilizando softwares de retoque de imagens,
expondo a beleza natural e individual, ganha sua primeira
exposição em São Paulo.
Serão expostas imagens inéditas dos mais de 30 ensaios realizados no último ano e
Espaço Decor Café
Rua Marquês de Paranaguá, 363 -
Consolação - São Paulo - SP - 06 de Junho de 2013 - a partir
das 20 horas até as 23 horas - acesso gratuito - informações: clique aqui.
Projetos de 'nu verdadeiro' atraem mulheres em busca da beleza
natural
EMILIO SANT'ANNA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Difícil calcular quanto tempo
a designer Fátima Frazão, 27, já passou na frente do computador para
transformar modelos naturalmente bonitas naquilo que elas não são: perfeitas.
Faz parte do trabalho, mas
ela está longe de concordar com isso. Neste mês, Fátima resolveu dar o troco.
Procurou uma fotógrafa que havia lhe falado sobre um tal "nu
verdadeiro", sem nenhum tipo de retoque, e tirou toda a roupa.
O motivo? A afirmação do seu
corpo e o desejo de "estar do outro lado". "A manipulação da
imagem para atingir a beleza irreal é uma mutilação da mulher", reclama.
Satisfeita com o resultado,
Fátima não vai deixar as fotos no fundo de uma gaveta. Elas estão na internet
e, assim como ela, cada vez mais mulheres se interessam em posar nuas, desde
que sem retoques.
Pouco importa que dobrinhas,
marquinhas ou estrias fiquem à mostra. A ideia é que "seja de
verdade" e que o Photoshop passe longe das fotos.
Sites como o Apartamento 302,
do fotógrafo Jorge Bispo, (apartamento302.tumblr.com),
Nu Real (nureal.com.br ) e o The Nu Project (thenuproject.com ), do americano Matt Blum, são alguns
exemplos de projetos de "nu verdadeiro".
Nenhum deles paga nada para
as modelos. Tampouco cobram pelas fotos. A procura é espontânea. "Já temos
cerca de 200 mulheres inscritas", garante Wagner Nogueira, criador do Nu
Real.
A Folha acompanhou um dia de sessões de fotos
do site. Algumas chegam tímidas, outras decididas. No caso da atriz Carolina
Costa, 32, foram necessárias quatro doses de martini para se soltar.
Com cerca de 1,70 m, ela já
pesou 100 kg. Hoje, quase 30 kg mais magra, não tem vergonha das estrias que
lhe restaram. "Nem todas têm que ser a Gisele Bündchen", diz.
Advogadas, administradoras,
atrizes e designers, não há nada em comum entre elas.
No mesmo dia da sessão de
fotos de Carolina, a terapeuta tântrica Gabrielle Carla Dal Piva, 26, decidiu
se dar uma segunda chance. Com 1,58 m e 59 kg, ela não está exatamente fora dos
padrões de beleza, tanto que já posou para o site de uma revista masculina.
Achou que seria "o
máximo". Não foi. "As fotos ficaram lindas, mas eu parecia uma
boneca. Esse modelo [de beleza] é mentira", afirma, com uma timidez
surpreendente, a descendente de japoneses de voz quase inaudível.
Mulheres de verdade
Completamente diferente de
Gabrielle é a designer brasileira T.M., 30, que posou há três anos para o The
Nu Project. Com uma beleza exótica, tatuagens e quase nada de timidez, ela se
sentia fora do padrão admirado pelos homens.
"Foi justamente aí que
me identifiquei com o The Nu Project. Aquelas mulheres não eram o padrão de
beleza 'comercial de cerveja'. Eram como eu, com cicatrizes, tatuagem,
esquisitas, mas lindas... mulheres de verdade."
É essa percepção que também
atrai mulheres com uma posição política clara, a de se expor para afirmar a
beleza natural do corpo feminino.
"Apenas quero fazer nus
da maneira que acredito. Mas ouvi alguns relatos de meninas que posaram nesse
sentido [político]", diz o fotógrafo Jorge Bispo, cujo trabalho deve virar
livro. "Isso e a vaidade são dois dos motivos principais que fizeram as
mulheres virem ao Apartamento 302."
Para Katy Kessler, editora do
The Nu Project, o objetivo é "mostrar que há beleza em cada corpo".
"Não é político, ou pelo menos não começou assim. Se as pessoas querem
torná-lo político, isso é com elas", disse, por e-mail, à Folha.
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