Difícil analisar
amigos, menos ainda analisar pessoas que consideramos. Pior, tentar
entender esse universo da política, que longe da Política, iniciada
em maiúscula, é reles e vil.
O ex-prefeito
Alcides Bernal tem, inequivocamente, vários defeitos; mas é um
obstinado, ou como eu prefiro dizer, “cabeça dura”. Para o
certo, ou para o errado. Fez uma carreira política, se entregou de
corpo e alma elevou um partido em Mato Grosso do Sul que vivia à
mercê, de uma coisinha que se vendia a tudo e todos, em um partido
politico.
Todos foram lhe
procurar, aqueles sem legenda, sem nome, sem nada. As excelências da
nulidade. Até então ele era a grande oportunidade de democracia e
de diálogo. Época anterior a essa que viveremos nas próximas
eleições, quando eram necessários acordos para viabilizar
candidaturas. Para a possibilidade de eleger os anônimos.
Lembro de conversas
com candidatos que haviam sido escorchados, humilhados até por
outros partidos e que foram buscar guarida no PP, agora
Progressistas. Então, o ex-prefeito Alcides Bernal – com seus
muitos erros e defeitos – foi a tábua de salvação desses nomes,
postos e propostos para os cargos legislativos. Todos tiveram guarida
e conversas. Todos eles tiveram amparo. Todos eles se propuseram
cumprir com o estatuto do partido. Houve, enfim, um partido, aquele
que, anteriormente não era nada, apenas uma coisa que se comprava e
se vendia.
Bernal foi o
“inocente útil”. Bernal foi o que se propôs a enfrentar uma
Câmara Municipal humilhada em seus próprios devaneios, em suas
próprias mesmices de compra e venda, sabida mas meio que
comprovadas. Foi vítima e algoz das peripécias de uma política que
sabidamente é corrupta e corruptora. Enfim, Bernal não soube
dialogar, não soube compactuar com toda essa nova política.
Essa nova forma de
ver a política ficou patente com a eleição de um presidente,
também incapaz. Seguro e segurado pelos militares. Um presidente que
não foi eleito por si, mas na corrente de um povo que não consegue
mais suportar a incapacidade e roubalheira de uma esquerda imbecil.
Ninguém votou em Bolsonaro, votaram contra o Partido dos
Trabalhadores, do PSDB, do DEM, de Eduardo Cunha, de governadores
antigos investigados em tantos e tão constantes crimes.
Bernal não foi
eleito como rejeição, foi eleito ao propor ideias, novos modos de
administração, na torrente da “Força do Trabalho. Também foi a
rejeição contra os desmandos de anos de PMDB e PT no estado e na
Capital.
Mas Bernal “não
poderia dar certo”, isso significaria o “dar errado” daquela
política, da situação imposta de tantos; do atual senador
envolvido em tantas investigações e com bens retidos; a senadora –
que até tem se saído bem –, mas também sob investigação;
ex-prefeitos e ex-governadores com seus secretários e “amigos de
fé, irmão camaradas” presos; com força e talento para fazer
desaparecer DVDs da própria justiça federal (assim, grifado em
minúsculas); no entanto, o que não se supunha era que Bernal
conseguisse fazer um bom governo.
Ai, então,
pulularam as acusações. Acabou a galinha, acabou o resguardo.
Secada a fonte da caixinha beneficente, todos se voltaram contra uma
administração; não de forma republicana, não com o confronto de
ideias, mas de maneira sórdida. Onde está hoje o então presidente
da Câmara? Onde estão os vereadores e mandatários das secretarias?
Como está a moral imoral do ex-governador – senhor preposto e
superposto – que atuou na cassação do então prefeito? Como está
o vice com seu secretariado – um deles o todo senhor poderoso da
Câmara? Onde estão?
Posso responder que
um deles, hoje é senador – apesar de todas as acusações e
investigações que pesam sobre ele. Posso responder que um deles é
prefeito, incompetente, mas prefeito, aquele que não cumpriu nenhuma
das promessas de campanha, aquele que é garotinho da família, sem
apoio, sem nada, porque tudo tem limite.
Quantos Trads
existem na política do Velho Centro-Oeste e o quanto progredimos?
Por que trocar 17 mil votos por 45 mil? Quem deveria, efetivamente
nos representar os 17 mil da deputada ou os 40 e tantos mil de
Bernal?
São questões a
serem discutidas, afinal a Democracia se faz da discussão e embate
de ideias, propostas e projetos. São traições e inocência nem tão
inocentes.
De tanto tomar
porradas, os calos nos doem mais, ou nos fazem mais fortes. Hoje
temos uma relação negativa. A Câmara é rejeitada. O executivo do
mimadinho Marquinhos Trad é rejeitado, bem como seus apoiadores;
houve uma renovação, parece que para pior. A Capital está entregue
aos quatro anos de “nada”.
O bom da democracia
é que podemos renovar, e tentar, e tentar, novamente após quatro
anos. Mas, o que vai mudar, enfim? Pouco mais do que a renovação de
metade dos inoperantes. E quando se pensa que valem mais promessas de
campanha do que o efetivo e cobrado trabalho dos “nossos
representantes” ainda temos um longo caminho a percorrer em nossa
recente democracia – 1985/2019;
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