Seis em cada 10 brasileiros conhecem mulheres vítimas de violência doméstica, desses, 63% tomaram alguma atitude para ajudar a vítima. 59% das mulheres e 48% dos homens não confiam na proteção jurídica e policial nos casos de violência doméstica e acreditam que policiais e juízes desqualificam o problema. (fonte: Instituto Avon/Ipsos-2011)
Em determinado e nefasto curto período em 2012, quando
assassinatos de diversas mulheres em Mato Grosso do Sul, ganhou a mídia,
Laurinda Bento, professora em Campo Grande, divulgou seu repúdio na rede social
na forma de um texto a ser repercutido, que de forma sucinta dizia:
“Venho acompanhando pela mídia, casos em que mulheres são
agredidas física e moralmente. Creio que houve avanço em relação à repressão e
punição a este tipo de violência, no entanto, agora elas são assassinadas.
Morrem nas mãos de homens violentos e covardes que julgam,
condenam e executam. Alegam razões para assassiná-las. Imaginem. Qual motivo
tem um ser vivente para matar? Chegam a alegar “comportamento inadequado”. Em
um dos casos, o assassino disse: “Ela procurou, se fosse diferente não teria
morrido”. A perfeita imagem do desprezo pelo ser humano. Quero registrar meu
repúdio. Nada se faz. A violência tomou conta de nossos caminhos.“
Nesta semana, a vereadora de Campo Grande, Luiza Ribeiro
(PPS), propôs a implantação de atendimento 24 horas na Delegacias Especializada
de Atendimento à Mulher, inclusive nos finais de semana, sob o argumento de que
“a maior incidência de violência doméstica acontece exatamente no período
noturno e nos finais de semana e feriados. Também quer a instalação de mais
três delegacias, conforme determina as normas da Secretaria de Políticas para
as Mulheres.
Hoje, quase a metade da ações penais movidas são de
violência doméstica, conforme informa o Ministério Público. Durante audiência
na Câmara Municipal da Capital, a Promotora da Vara da Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher, enfatizou que “A partir da Lei Maria da Penha, as
denúncias aumentaram, mas o aparato público não conseguiu acompanhar essa
demanda”.
Andar na velocidade
do mundo
As mulheres têm seu jeito, seu tempo, sua força. Lutam
incansável e continuamente para se fazer respeitar num espaço que sempre lhes
pertenceu e do qual foram desalojadas por um viés torto de se entender cultura.
Machismo não é cultura machista, nem cultura é.
Conforme podemos apreender dos dados apresentados por estes
textos, se por um lado as mulheres perderam o temor de denunciar e entenderam
que não apenas a agressão física de nível extremado é violência, por outro não
confiam na justiça em suas diversas instâncias.
Leis existem. Gabinetes, projetos, ideias, propostas também,
mas ainda resta a vontade política de colocá-las em execução. A cada passo
burocrático que se dê, mais mulheres sofrerão. Que se dê agilidade de execução
às ideias.
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