MÁRCIO
MONTEIRO
O presidente regional
do PSDB, deputado estadual Márcio Monteiro, em preparativos para a comemoração
das bodas de prata da criação do Partido, fala sobre as eleições 2012 e a
relação PSDB/Alcides Bernal, o crescimento da sigla no estado, a candidatura
Reinaldo Azambuja ao governo e as aspirações a nível nacional.
PSDB 25 anos: desenvolvendo um projeto e reconstruindo sua história
Após sofrer um esvaziamento de suas forças políticas, o PSDB
enxergou o vácuo provocado pela acomodação política e, o desejo de mudança
consistente e de uma política séria que ficou comprovado nas urnas, já havia
sido percebido quando o partido desenvolveu o projeto “Pensando Campo Grande”.
De forma surpreendente, essas propostas alavancaram a candidatura Reinaldo
Azambuja à prefeitura da Capital.
Dando prosseguimento a este projeto de governo, faz agora o
“Pensando Mato Grosso do Sul” que irá radiografar as carências, necessidades e
desejos de cada uma das regiões e de cada município. Este plano será a base de uma possível
candidatura Tucana ao governo do Estado, que, acreditam, está sendo
administrado sem planejamento.
A se manter o crescimento experimentado pela legenda em
2012, o mapa político de Mato Grosso do Sul deve sofrer profundas alterações.
Jornalista Martins, Washington Sanches (jornal Liberdade) e deputado estadual Márcio Monteiro (PSDB) |
Jornalista Martins:
Qual apreciação o PSDB faz do governo Alcides Bernal (PP), em relação a estes
entreveros, essa dissonância entre executivo e legislativo?
Deputado Márcio Monteiro: A situação nossa com o Bernal, com o governo Bernal, não existe
oficialmente. Existem, sim, duas secretarias dirigidas por membros filiados ao
PSDB, porém, numa escolha individual do prefeito e numa relação dos filiados
diretamente com ele, sem a participação do partido no processo.
Martins: Não foi uma
indicação política.
Márcio Monteiro: Não
foi uma indicação política e isso, inclusive, vem sendo debatido internamente e
ainda com um descontentamento muito grande de vários setores do partido em
relação a essa participação.
Martins: E como tem
caminhado essa relação?
Márcio Monteiro: Nós
tentamos, no início, e não houve manifestação em dar prosseguimento, em inserir
o PSDB num projeto para o desenvolvimento de Campo Grande. Ele não manifestou
esse interesse. Estamos fazendo nosso papel como partido, nossos vereadores com
uma posição independente e, evidentemente que aquilo que é do interesse do
município, eles têm cumprido o dever que é promover a melhoria de Campo Grande.
Não existe nenhuma interlocução ou nenhuma relação formal do PSDB com o Bernal.
Martins: O PSDB cresceu
em Mato Grosso do Sul nas últimas eleições. Quais são os planos para 2014?
Márcio Monteiro: Da
mesma forma que nós tivemos em Campo Grande, o “Pensando Campo Grande”, nós
estamos agora pensando o “Pensando Mato Grosso do Sul”, usando da mesma
metodologia que utilizamos para preparar a candidatura do Reinaldo Azambuja à
prefeitura. Estamos ouvindo a população, sentindo as reais necessidades de cada
região do estado.
Pensamos que temos que
trabalhar o estado de forma regionalizada. Evidente que as ações de educação,
saúde, área social, são políticas públicas já implantadas, mas acima disso
precisamos planejar o desenvolvimento do estado. Entendemos que o PSDB está se
preparando. Se vamos nós com candidato ao governo, ou numa eventual aliança, desde
que nossas propostas sejam contempladas, o objetivo é disputar uma majoritária.
Está faltando planejamento para o Mato Grosso do Sul. Nos últimos governos, o
estado desenvolveu algumas regiões, mas não tem demonstrado preocupações com
aquelas regiões que estão cada vez ficando mais pobres.
Martins: O estado não
está sendo pensando num todo.
Márcio Monteiro: Não.
Você pega municípios que estão crescendo econômica e populacionalmente; em
contrapartida outros estão diminuindo suas populações e estão cada vez mais
pobres. Falta um planejamento estratégico. Tem regiões com crescimento,
desenvolvimento pela própria condição que ela tem, e isso é ótimo, mas o estado
tem que pensar naqueles que não têm essas condições. Esse é o papel do estado e
não está sendo feito.
Martins: Se Reinaldo
sair candidato a vice de um dos dois partidos que dizem não abrir mão de
candidatura própria, PT e PMDB –em campos opostos ao do PSDB no âmbito federal
–, como está sendo costurado isso com os comandos nacionais?
Márcio Monteiro: Evidente
que a direção nacional pensa em uma candidatura própria para o partido. Essa é
uma tendência natural e nós entendemos isso claramente. Agora, evidente que nós
temos que ver, também, as condições regionais. Isso já aconteceu, por exemplo,
no Acre. Certamente não vai ser diferente aqui no Mato Grosso do Sul. Evidente
que nós precisamos e vamos garantir aqui, sob qualquer condição, a campanha do
Aécio Neves. Até mesmo porque no Mato Grosso do Sul o PSDB tem vencido todas as
eleições presidenciais dos últimos anos. Mas nós temos que fazer uma composição
aonde nós possamos ter o compromisso, o “Pensando Mato Grosso do Sul”, o
planejamento estratégico, nós não podemos abrir mão disso.
Martins: Está
descartada a possibilidade de termos o Reinaldo como cabeça de chapa compondo
com um vice do PMDB?
Márcio Monteiro: Isso não está fora em hipótese nenhuma.
Martins: Não há
empecilhos por parte do PMDB?
Márcio Monteiro: Eu
penso até, com toda a franqueza, que pode ter uma resistência, maior até, por
parte do governador André Puccinelli. Mas até não acho que o PMDB em si, possa
ter isso. Porque a gente vê uma certa manifestação, uma sinergia entre os
outros membros do partido, nessa vontade.
Martins: Seria o
retorno de uma dobradinha que vinha dando certo?
Márcio Monteiro: E
que poderia ter feito muito bem para Campo Grande se isso tivesse acontecido. E
não foi falta de tentativa de nossa parte.
Martins: A projeção é
aumentar a bancada na Assembleia Legislativa?
Márcio Monteiro: Nós
temos grandes chances disso. Estamos construindo projetos. Veja, nós temos os
três já eleitos e vários outros candidatos em diversas regiões. O PSDB está
preparado, bem alicerçado, com bons nomes e se necessário for uma chapa pura,
nós temos condições de fazer isso.
Martins: Caso o
Reinaldo candidato a deputado federal, o senhor manteria sua candidatura?
Márcio Monteiro: Estrategicamente,
nós teríamos que fazer um ajuste. Mas o projeto é o Reinaldo para governador ou
como partícipe de uma aliança.
Martins: Há a
possibilidade de Reinaldo pleitear a candidatura ao Senado?
Márcio Monteiro: É
viável.
Martins: Além do nome
Reinaldo Azambuja, algum outro nome? O seu, inclusive?
Márcio Monteiro: Nós
temos o atual senador Ruben Figueiró, que é o titular da vaga em disputa, e ele
já declinou de concorrer, tem falado que não é esse o seu projeto. Essa vaga
seria do Reinaldo, com a outra hipótese de fazer aliança, em que nós tenhamos
que colocar um quadro para o Senado, poderíamos, então, reforçar o Reinaldo, ou
podemos buscar outros nomes.
Inclusive o meu, se
for necessário. O PSDB tem se caracterizado por um planejamento não só nas
ações de governo, mas no próprio partido. Chegamos a ter maior bancada de
deputados estaduais e a deputada federal Marisa Serrano e o senador Lúdio
Coelho. Terminou o mandado do Lúdio, ele não concorreu. A Marisa, candidata
natural, se candidatou para disputar o governo do estado porque o André
[Puccinelli] amarelou. Dos estaduais só sobraram o Kayatt e o Waldir Neves. Eram
sete, ficaram dois.
Ai, fizemos um
planejamento que retomasse a história, com a eleição da Marisa ao Senado, o
Waldir à Câmara Federal. Naquele ano eu era pretenso candidato a estadual,
também deixei de ser para concentrar esforço no Reinaldo, para que nós
tivéssemos pelo menos um deputado estadual. Tivermos a grata satisfação de ter
a Dione eleita também. Na eleição seguinte o Reinaldo foi para federal, eu vim
para estadual, e a bancada já compareceu mais um pouco. Enfim, nós estamos
trabalhando o partido e, nessas eleições, foi o partido que mais cresceu no
estado.
Martins: O PSDB
passou um período crítico de esvaziamento.
Márcio Monteiro: Sim.
Hoje nós não temos poder federal, não temos o MS, não temos a Capital do
estado, e mesmo sem ter o poder, somos o partido que mais cresceu no estado, e
é um crescimento consistente. Crescemos e eles todos diminuíram. Se você pegar
o quadro da eleição passada e confrontar com a anterior, o PMDB fez menos
prefeitos, menos vereadores e menos vice-prefeitos. E o PT, a mesma coisa. Nós
fizemos mais vereadores, mais prefeitos, mais vice-prefeitos. É um jogo em que
o partido cresceu, além da disputa em Campo Grande, que mesmo tendo perdido,
isso deu nova musculatura para o partido.
Martins: A eleição em
Campo Grande teria sido uma grande vitória do PSDB?
Márcio Monteiro:
Representou para nós, teve o mesmo efeito de quando a Marisa foi candidata a
governadora. Veio o mesmo sentimento, mas no momento em que o partido vem
crescendo.
Martins: 25 anos de
PSDB. A renovação representada pelo Aécio Neves dá condições de retomar o
governo Federal?
Márcio Monteiro: Eu
creio nisso. O PSDB a nível nacional tem que aproveitar esse bom momento. É
certo que nós tivemos um período em que o PSDB esteve no comando do governo com
o Fernando Henrique, e houve fadiga. O PT veio e também tem essa fadiga, até
porque já está a mais tempo e problemas começam a surgir por
falta de estratégia política e de tomada de decisões, que nem sempre são fáceis
de serem tomadas, mas que são necessárias. Ai eu faço a crítica ao governo do
PT, pois faltam atitudes.
Quando o Fernando
Henrique fez a privatização da telefonia, fomos ousados porque era um problema a
ser resolvido, porque o sistema de telecomunicações era extremamente precário e
nós teríamos que quebrar paradigmas,
propostas que eram ditas, convencionadas como as corretas. E o PSDB enfrentou
e, hoje, todos têm um celular e todos nós temos um endereço eletrônico no
bolso, na mão, em qualquer lugar, em qualquer parte do país.
Martins: Era um
entrave para o desenvolvimento.
Márcio Monteiro: Era
um entrave e, pergunto: poderia não ter dado certo? Sim, poderia. Mas nós
acreditamos e fizemos acreditando que daria certo. E deu certo. Tem problemas?
Tem críticas? Tem reclamações? Tem, mas ai é o papel do atual governo fazer as
gestões necessárias para isso funcionar. Mas, tomou atitude e fez.
O PT não tem feito.
Veja a situação dos indígenas. Conflito agrário no estado, onde nós temos duas
vítimas, uma são os indígenas e outra os proprietários rurais, por falta de
atitude do governo federal, que é o único que tem competência para tomar
qualquer atitude. O governo do estado, a Assembleia, as prefeituras, não têm. O
poder que tem competência para tomar uma atitude é o governo federal, e não teve
coragem.
Martins: O grande
cabo eleitoral do PSDB 2014 é a política econômica do governo Dilma?
Márcio Monteiro: É
uma das grandes bandeiras do PSDB. Porque de fato a política econômica da
Dilma, e não só a econômica, também a de desenvolvimento estratégico do país,
que está extremamente estagnada. Nós já passamos oito anos de Lula, já estamos
indo para três anos de Dilma, e nem a transposição do Rio São Francisco, que
era uma grande bandeira deles, a salvação do nordeste, está se destruindo mesmo
antes da conclusão. Eles precisam se tornar os planos de aceleração do
crescimento verdadeiros. Não podem ficar só na publicidade.
O PSDB nos 25 anos de
existência do partido, que serão comemorados no dia 25 de junho, tem bons
motivos para comemorar, porque o Brasil mudou muito depois que o PSDB teve
oportunidade de atuar no governo. Foi no Plano Real, depois no governo do
Fernando Henrique Cardoso, e agora entendo que mais uma vez o PSDB tem uma
grande oportunidade de ajudar o Brasil a construir esse Brasil, mas com
atitudes que realmente precisam ser tomadas e que o governo que está ai não
teve coragem de tomar.
E o Aécio, sem sombra
de dúvida representa isso.
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