O
governador André Puccinelli repetiu a cantilena dos administradores públicos,
sejam federais, estaduais ou municipais, e declamou lamúrias sobre os recursos
da saúde, que são insuficientes. Por isso, talvez, optem por entregar as
secretarias para gestores mais voltados à saúde do que à administração ou
economia. É uma lógica perversa como a própria insolvência do sistema público.
“O problema na
saúde é crônico, não se consegue pagar os custos. Não é culpa de má gestão é
falta de grana mesmo”, disse Puccinelli. Chego a ter pena do José Carlos Dorsa,
Adalberto Siufi e outros envolvidos na operação Sangue Frio, que deslindou o
esquema de mau uso do dinheiro da saúde pública, como a ex-secretária de saúde,
Beatriz Dobashi e seu fiel escudeiro, Ronaldo Perches. Abnegados servidores mal
compreendidos pelos investigadores que apontaram desvios de recursos, quando
eles apenas assumiram prejuízos para o grupo através da clínica Neorad. Sequer
quiseram aceitar os cinco aceleradores nucleares, oferecidos pelo Ministério da
Saúde, ao preço unitário de R$ 7 milhões, quem sabe tentando uma ação samaritana
com os cofres federais.
Louve-se
a capacidade administrativa desses senhores que conseguiram auferir lucro onde
só se aponta prejuízo, mesmo que isso tenha representado a insolvência de três
hospitais, Regional, Universitário e Santa Casa e a provável antecipação da
morte e imposição de sofrimento de pacientes que ousaram adoecer e insistentemente
exigiram medicamentos – negados a bem das finanças públicas – em contrapartida
aos abusivos impostos e taxas que sempre pagaram.
Mas
é direito do governador lamentar verbas insuficientes, pois que ele não pode
outra coisa que não confiar cegamente em seu secretariado e trabalhar,
trabalhar e trabalhar sem o tempo, sequer, de perceber, como percebe toda a população,
que salta aos olhos caótica situação da saúde oferecida e o enriquecimento dos
denodados colaboradores. Sem confiança em sua equipe, não se trabalha, não se
atingem objetivos e metas. E cego a estes detalhes, a estas mortes sequenciais,
à inexplicável surdez às denúncias e longe, muito longe dos corredores onde se
empilham usuários do Sistema Único de Saúde, sua inocência resplandece.
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