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terça-feira, 30 de julho de 2013

Como ter lucro com setor que dá prejuízo

O governador André Puccinelli repetiu a cantilena dos administradores públicos, sejam federais, estaduais ou municipais, e declamou lamúrias sobre os recursos da saúde, que são insuficientes. Por isso, talvez, optem por entregar as secretarias para gestores mais voltados à saúde do que à administração ou economia. É uma lógica perversa como a própria insolvência do sistema público.

“O problema na saúde é crônico, não se consegue pagar os custos. Não é culpa de má gestão é falta de grana mesmo”, disse Puccinelli. Chego a ter pena do José Carlos Dorsa, Adalberto Siufi e outros envolvidos na operação Sangue Frio, que deslindou o esquema de mau uso do dinheiro da saúde pública, como a ex-secretária de saúde, Beatriz Dobashi e seu fiel escudeiro, Ronaldo Perches. Abnegados servidores mal compreendidos pelos investigadores que apontaram desvios de recursos, quando eles apenas assumiram prejuízos para o grupo através da clínica Neorad. Sequer quiseram aceitar os cinco aceleradores nucleares, oferecidos pelo Ministério da Saúde, ao preço unitário de R$ 7 milhões, quem sabe tentando uma ação samaritana com os cofres federais.
Louve-se a capacidade administrativa desses senhores que conseguiram auferir lucro onde só se aponta prejuízo, mesmo que isso tenha representado a insolvência de três hospitais, Regional, Universitário e Santa Casa e a provável antecipação da morte e imposição de sofrimento de pacientes que ousaram adoecer e insistentemente exigiram medicamentos – negados a bem das finanças públicas – em contrapartida aos abusivos impostos e taxas que sempre pagaram.

Mas é direito do governador lamentar verbas insuficientes, pois que ele não pode outra coisa que não confiar cegamente em seu secretariado e trabalhar, trabalhar e trabalhar sem o tempo, sequer, de perceber, como percebe toda a população, que salta aos olhos caótica situação da saúde oferecida e o enriquecimento dos denodados colaboradores. Sem confiança em sua equipe, não se trabalha, não se atingem objetivos e metas. E cego a estes detalhes, a estas mortes sequenciais, à inexplicável surdez às denúncias e longe, muito longe dos corredores onde se empilham usuários do Sistema Único de Saúde, sua inocência resplandece.

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