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sábado, 31 de agosto de 2013

Sem opção, PMDB lança Nelsinho governador

Nelson Trad Filho, pré-candidato ao governo de MS
Partido rompe o imobilismo e na falta de um nome de projeção popular capaz de arregimentar votos, parte das lideranças cede ao clã dos Trad, indicando o ex-prefeito de Campo Grande como pré-candidato ao governo nas eleições 2014. Alguns aguardam ansiosos que o governador André Puccinelli, grande artífice de candidaturas saque um nome em condições de enfrentar a candidatura do senador Delcídio do Amaral (PT), que tem grande dianteira e o partido pacificado. Ou ainda que convença o partido a manter a não-comprovada aliança de 2010 com Delcídio e faça, em nível estadual, a aliança que deu certo no plano federal. Alguns querem a fritura de Nelsinho por não acreditarem que será capaz de vencer, outros aceitariam a estranha aliança PT e PMDB, nesta ordem. Todos querem, mesmo, é manter o poder a qualquer custo.
Simone Tebet não conseguiu ganhar a simpatia dos sul-mato-grossenses, apesar do sobrenome e de seu trabalho político na região de Três Lagoas, e corre o risco de abrir a picada até o Senado, que será trilhada pelo governador André Puccinelli. Ou isso até já está decidido.
Lideranças do PMDB aprovaram, na manhã de sexta-feira (30), a pré-candidatura do ex-prefeito da Capital e atual secretário estadual de Articulação com os Municípios, Nelson Trad Filho, ao Governo do Estado em 2014. O anuncio foi feito pelo presidente regional, deputado estadual Junior Mochi.

Com Nelsinho Trad, personagem da vez na Dinastia Trad, indicado pelo PMDB, na remota hipótese de vitória contra o até então preferido das pesquisas e há mais tempo postado candidato, Delcídio do Amaral (PT) e contra a suposta (vai-não vai) candidatura Reinaldo Azambuja (PSDB), deve ganhar uma sobrevida de quatro anos na política local.
Resta saber o que vai minar essa candidatura: fogo amigo ou inimigo. Marun não deixa transparecer se fala sério ou faz uso de sua veia cômica quando afiança que “[Nelsinho] fez uma ótima gestão na prefeitura e é nossa principal liderança”. No entanto foi direto ao falar sobre o apoio aventado por Jerson Domingos ao candidato do PT, “a voz de Jerson não esta refletindo o sentimento do partido nesse momento”, disse categórico.
O encontro chamou mais a atenção pelas ausências do que elas presenças ao evento. Ausentaram-se o governador André Puccinelli, o deputado federal Marçal Filho, o vice-presidente regional do partido, Esacheu Nascimento, o primeiro secretário Manoel Gildo de Almeida (que justificou dizendo-se hospitalizado), o deputado estadual e presidente da Assembleia, Jerson Domingos e o vereador e ex-presidente da Câmara, Paulo Siufi, primo do pré-candidato.
André Puccinellli e Delcídio do Amaral
Das ausências e dos “desapoios”, o do governador André Puccinelli é emblemático. Dono de uma trajetória política que buscou modernizar o estado, encerrando um ciclo de caciques ruralistas e quebrar a hegemonia de grupos que haviam se apropriado da política em sistema de rodízio de mandatários, com pouca força política em nível nacional e muita força de votação a cabresto e outras artimanhas. Cercado de técnicos competentes, modernizou a máquina pública, em que pesem desacertos imperdoáveis e uma acentuada tendência ao despotismo. Não poderia, então, coadunar com o partido sendo arregimentado por um clã que estende seus tentáculos à Câmara Federal, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores de Campo Grande e poderia retomar diversas secretarias num eventual governo Nelsinho. Precavido, decerto, acordou um apoio não oficial a Delcídio, já em 2010.
Outras ausências talvez tenham a ver com a própria sobrevivência do partido que ajudaram a construir ou que servem aos seus propósitos. Marçal Filho, enxovalhado em Dourados, ainda permanece peemedebista em função da perda de mandado em caso de desligamento. Paulo Siufi não carregou a candidatura Edson Giroto à prefeitura nas eleições 2012 e sente as dores da não indicação de seu nome para concorrer ao cargo majoritário em detrimento de um importado de outro partido e sacado do bolso do colete do governador, também sabe que não é boa a exposição de seu nome na lista dos médicos que recebiam sem trabalhar nos postos de saúde a que eram destinados. Esacheu Nascimento cresceu com o desenvolvimento do partido a partir do grupo de André Puccinelli, e lidera seu próprio grupo, antagônico aos Trad. Jerson Domingos é experiente o suficiente para instigar o PMDB a apresentar um nome evitando tornar maior a dianteira que Delcidio obteve, dessa forma ganha tempo e espaço para a fritura ou sedimentação desta candidatura.
De qualquer forma, na imensa e incessante briga executivo versus legislativo municipal, borbulham questionamentos ao governo de Nelsinho Trad. Saúde pública sucateada; imensos gastos com o remendródomo das operações tapa-buracos, que cobririam os custos de recapeamentos; transporte urbano caro e sem qualidade; projetos não finalizados; licitações para merendas, tapa buracos e outros serviços de uma mesma e pequena empresa; licitações em valores vultosos e prazos imensos, no apagar das luzes etc. Farta e documentada munição a ser usada na campanha.
Avaliando a derrota do candidato Edson Giroto nas eleições 2012, Nelsinho diz que “a derrota serviu para amadurecer as estratégias políticas”. Mas Bernal não venceu em função das estratégias, porque também não as tinha, mas pelo desgaste de retorno ao estagnado que representou a sua própria administração durante os oito anos à frente da prefeitura. A arrogância do governador, o desgaste natural de uma mesma política, o distanciamento entre o povo e o clã Trad, a penalização de uma população sem médicos, mal servido nos órgãos públicos, transportado como gado por nossas ruas, amedrontado a cada chuva porque obras particulares foram autorizadas mesmo contra o bom senso, derrubaram e derrubarão o PMDB.
E se o pré-candidato diz: “Vou sentir dentro das ações do Governo quais aquelas que foram aprovadas pela população de Mato Grosso do Sul para poder verificar o que pode ser melhorado e mudar o que deve ser mudado”; não nos convence. Nunca mudou, não mudará. Seu perfil não é este, seu temperamento é instável e imaturo.
Não se despreze, portanto, o rompante de sinceridade de Esacheu Nascimento quando declara que não participou da reunião, pois tentava resolver um dos desastres da administração Nelsinho, sem mencionar o caso Hospital da Santa Casa, e enfatiza que “não tenho interesse nenhum em promover essa candidatura. Ao meu ver, ele [Nelsinho] não serve para o Mato Grosso do Sul.”


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