O título
poderia ser “Em terra de pecuária, garrote vira boi de piranha”, sem que
alterasse a noção exata dos recentes acontecimentos que envolveram o prefeito
Alcides Bernal (PP) e o vereador em primeiro mandato e relator da Comissão
Parlamentar de Inquérito da Inadimplência (CPI do Calote) Elizeu Dionízio
(PSL), e que estão longe de ter um fim.
Bernal
anunciou na quarta-feira (11) que deu entrada civil indenizatória contra o
vereador, por este tê-lo chamado de “ladrão”, e que será protocolado na Câmara
Municipal pedido de providências por quebra de decoro parlamentar.
O
vereador cometeu a ofensa no dia 5 de setembro, durante manifestações populares
no plenário, quando disse textualmente: “o prefeito roubou os cofres públicos,
recursos do tapa-buracos, dinheiro da merenda das crianças”. E completou
dizendo que “se ele quiser me processar, que processe, ai vou provar também na
justiça o que estou falando”. Anteriormente o prefeito havia se referido ao
vereador como “guri”, provável motivo da destemperança.
Cópias
das ações de crime contra a honra, e civil indenizatória, foram apresentadas
pelo prefeito que foi enfático ao dizer que “falar que prefeito rouba merenda
escolar merece uma reprimenda severa, e eu vou buscar essa reprimenda na
justiça”.
Retrato
Elizeu Dionízio é cria de André Puccinelli, e
divulga isso com desmedido orgulho, é filho do pastor Antônio Dionizio da Silva, presidente
estadual da Igreja Assembleia de Deus Missões, recentemente filiado ao PDT pelo
qual pretende disputar uma cadeira da Assembleia Legislativa e casado com a
médica Juliane Chaia Dionizio,
funcionária da Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, que teria feito uma
viagem em março deste ano para um Congresso, que não ocorreu, em Belo Horizonte-MG,
com passagens pagas pelo Governo do Estado, conforme denunciou (e não foi
desmentido) órgão de imprensa da Capital.
O vereador também é acusado de se
beneficiar, através da empresa Neteser Ltda, da qual é sócio, editora de jornal
evangélico da Igreja ADM, de duas publicidades de um quarto de página nas
edições 77 e 78. Dionízio se defende afirmando
que vendeu sua parte na empresa, mas não explicou como só agora a Câmara decidiu
publicar anúncios naquele veículo que, pelo fato de haver emitido notas
fiscais com numeração inferior a 10,
apesar de estar no mercado há vários anos, não parece ter um departamento comercial muito ativo ou não tem por hábito
emitir notas fiscais, o que seria tão grave quanto.
O vereador parece
não contar com total apoio dos fiéis, pois foi duramente criticado quando não
endossou apoio à CPI da Saúde, e quando, junto com seus familiares, homenageou
o governador André Puccinelli com o título de “Emérito Colaborador da Igreja
Evangélica”, permitindo inclusive que ocupasse o púlpito que é considerado
local santo e lhe presenteando com um relógio. Uma crítica na rede social
expunha “Me indigna ver a igreja sendo usada. É lastimável. Será que os seus três
primeiros meses de vereança não deu pra fazer nada, nenhuma investigação? Será
que o senhor realmente tem interesse em ir de encontro aos interesses de seu
grupo político?”. Houve vários
compartilhamentos e o comentário de uma fiel que declarou indignada: Vamos à
igreja para adorar a Deus e não para sentarmos e vermos essas bajulações. Me
arrependo de dar meu voto para Elizeu Dionízio e ver essas justificativas sem
nexo”.
Assim como sempre
Com um currículo cuja tendência é se alongar na linha
traçada até aqui, de descaminhos e suspeitas, o vereador deveria consultar mais
assiduamente seus livros sagrados e, assim, evitar ser aquele a atirar a
primeira pedra. Medir suas palavras e desenvolver o hábito de respeitar seus
semelhantes, se não lhe foi ensinado na Igreja que diz representar, ou se foi
perdido nos mimos de súdito de presidente, será ensinado, fatalmente, por esta
realidade de vida que nem sempre é muito cristã.
Experiência é sinônimo de malícia e, pelo sim, pelo não, os
jovens vereadores, no mínimo ingênuos, vêm sendo usados como peões nesta linha
de frente da batalha. Os bois (ou garrotes) que atrairão as mordeduras das
piranhas para que o restante do gado passe ileso na travessia. Chocolate e,
principalmente o afoito Elizeu Dionízio, têm se prestado a esse uso. Nada
fizeram, e muito pouco têm capacidade de fazer, somam apenas números, são
descartáveis, uteis apenas para as manobras dos mais experientes. Quando tudo
ruir, serão os corpos retirados dos entulhos.
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