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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Elizeu Dionízio, surdo, atira a primeira pedra

O título poderia ser “Em terra de pecuária, garrote vira boi de piranha”, sem que alterasse a noção exata dos recentes acontecimentos que envolveram o prefeito Alcides Bernal (PP) e o vereador em primeiro mandato e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Inadimplência (CPI do Calote) Elizeu Dionízio (PSL), e que estão longe de ter um fim.
Bernal anunciou na quarta-feira (11) que deu entrada civil indenizatória contra o vereador, por este tê-lo chamado de “ladrão”, e que será protocolado na Câmara Municipal pedido de providências por quebra de decoro parlamentar.
O vereador cometeu a ofensa no dia 5 de setembro, durante manifestações populares no plenário, quando disse textualmente: “o prefeito roubou os cofres públicos, recursos do tapa-buracos, dinheiro da merenda das crianças”. E completou dizendo que “se ele quiser me processar, que processe, ai vou provar também na justiça o que estou falando”. Anteriormente o prefeito havia se referido ao vereador como “guri”, provável motivo da destemperança.
Cópias das ações de crime contra a honra, e civil indenizatória, foram apresentadas pelo prefeito que foi enfático ao dizer que “falar que prefeito rouba merenda escolar merece uma reprimenda severa, e eu vou buscar essa reprimenda na justiça”.
Retrato
Elizeu Dionízio é cria de André Puccinelli, e divulga isso com desmedido orgulho, é filho do pastor Antônio Dionizio da Silva, presidente estadual da Igreja Assembleia de Deus Missões, recentemente filiado ao PDT pelo qual pretende disputar uma cadeira da Assembleia Legislativa e casado com a médica Juliane Chaia Dionizio, funcionária da Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, que teria feito uma viagem em março deste ano para um Congresso, que não ocorreu, em Belo Horizonte-MG, com passagens pagas pelo Governo do Estado, conforme denunciou (e não foi desmentido) órgão de imprensa da Capital.

O vereador também é acusado de se beneficiar, através da empresa Neteser Ltda, da qual é sócio, editora de jornal evangélico da Igreja ADM, de duas publicidades de um quarto de página nas edições 77 e 78.  Dionízio se defende afirmando que vendeu sua parte na empresa, mas não explicou como só agora a Câmara decidiu publicar anúncios naquele veículo que, pelo fato de haver emitido notas fiscais  com numeração inferior a 10, apesar de estar no mercado há vários anos, não parece ter um departamento  comercial muito ativo ou não tem por hábito emitir notas fiscais, o que seria tão grave quanto.

O vereador parece não contar com total apoio dos fiéis, pois foi duramente criticado quando não endossou apoio à CPI da Saúde, e quando, junto com seus familiares, homenageou o governador André Puccinelli com o título de “Emérito Colaborador da Igreja Evangélica”, permitindo inclusive que ocupasse o púlpito que é considerado local santo e lhe presenteando com um relógio. Uma crítica na rede social expunha “Me indigna ver a igreja sendo usada. É lastimável. Será que os seus três primeiros meses de vereança não deu pra fazer nada, nenhuma investigação? Será que o senhor realmente tem interesse em ir de encontro aos interesses de seu grupo político?”.  Houve vários compartilhamentos e o comentário de uma fiel que declarou indignada: Vamos à igreja para adorar a Deus e não para sentarmos e vermos essas bajulações. Me arrependo de dar meu voto para Elizeu Dionízio e ver essas justificativas sem nexo”.

Assim como sempre

Com um currículo cuja tendência é se alongar na linha traçada até aqui, de descaminhos e suspeitas, o vereador deveria consultar mais assiduamente seus livros sagrados e, assim, evitar ser aquele a atirar a primeira pedra. Medir suas palavras e desenvolver o hábito de respeitar seus semelhantes, se não lhe foi ensinado na Igreja que diz representar, ou se foi perdido nos mimos de súdito de presidente, será ensinado, fatalmente, por esta realidade de vida que nem sempre é muito cristã.

Experiência é sinônimo de malícia e, pelo sim, pelo não, os jovens vereadores, no mínimo ingênuos, vêm sendo usados como peões nesta linha de frente da batalha. Os bois (ou garrotes) que atrairão as mordeduras das piranhas para que o restante do gado passe ileso na travessia. Chocolate e, principalmente o afoito Elizeu Dionízio, têm se prestado a esse uso. Nada fizeram, e muito pouco têm capacidade de fazer, somam apenas números, são descartáveis, uteis apenas para as manobras dos mais experientes. Quando tudo ruir, serão os corpos retirados dos entulhos.

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