Escrevo mal. Em compensação, leio muito.
Só não sei dizer, depois, o que li.
Minha
mulher perguntou se eu estou lendo tantos livros de Psicologia pra virar
psicólogo. Ainda não sei mas, em compensação, com essas leituras esquizoides,
descobri que nasci “psicótico”, já sou “neurótico” há muito tempo e estou quase
me tornando “paranoico”.
Já o filho
do meu ortopedista todo ano letivo quebra um braço ou uma perna, só pra poder
fazer segunda chamada das matérias em que está fraco. No início do ano, mal
começaram as aulas já apresenta sintomas de osteoporose nas primeiras notas
vermelhas: uma fissura em Biologia, uma grave fratura em Português e uma
considerável falta de Cálcio em Física.
Do jeito
que anda mancando o aprendizado engessado do menino, no final do semestre
doentio dele vai precisar de uns pinos particulares em História, uns parafusos
de reforço em Matemática e uma fisioterapia preventiva em Química.
E um tio
meu desconfiava que o filho fosse “hiperativo”. O guri acordava às 5h da matina
pra estudar pro vestibular, passava a manhã na escola, fazia estágio à tarde e
ia pro cursinho de noite. Hoje, meu primo está formado em duas universidades,
muito bem empregado e ainda sustenta a família!
Enquanto
isso, meu tio vive desempregado desde 1973, se aposentou por tempo de descanso
e nunca colocou um prego numa barra de sabão (passa o dia deitado na rede,
pedindo água pra quem estiver em casa). Por isso, agora foi que a família
descobriu que o problema não era meu primo ser hiperativo, mas o pai dele ser
“hiperINATIVO”.
Tenho
outra prima, rica, que está deprimida pela “síndrome do pânico”. Não tem carro
importado que o pai dê que a satisfaça. Também não tem apartamento luxuoso, SPA
caríssimo ou viagem pro exterior que a moça ganhe que resolva a depressão da
menina. A riqueza de nascença dela parece que é crônica!
Eu sei que
é difícil, mas será que uma “terapia de volta à vida dos antepassados” não
resolveria o problema? Era só fazer um “intercâmbio anticultural de consumo”
com os tios pobres do interior.
Com 3
meses indo buscar lata d´água na cabeça; andando 10 km por dia pra assistir
aula; morando num casebre de barro batido cheio de mosquito barbeiro, escorpião
e besouro de chagas; e viajando de bote dois dias pra se vacinar de malária,
duvido que ela não percebesse a vida boa que leva.
- Gustavo
Arruda (in "Calúnias de um Jovem Velho - crônicas bem humoradas",
inédito)
Eu
recomendo a leitura dos textos de Gustavo Arruda. (Dirceu Martins)
Um comentário:
O e-book será comercializado pela www.livrariasaraiva.com.br e o lançamento "virtual" será no Facebook, das 18h às 19h do dia 8-dez-2013. Obg!
- Gustavo Arruda 0
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