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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A imprensa e a unanimidade burra


Se toda a unanimidade é burra, como muito bem descreveu Nelson Rodrigues, a imprensa sofre duas vezes: a primeira por se acreditar unanimemente isenta e verdadeira; a segunda por ser unanimemente desacreditada por todas as correntes políticas conhecidas ou ocultas.

No que tange a ideologia, os partidários radicais das esquerdas cobram que a imprensa trabalhe cada uma das informações veiculadas a partir dos seus significados com as estruturas capitalistas versus socialista/comunista. Ou seja, para cada ato governamental, como por exemplo, oferecer alguns cursos profissionalizantes, esperam que se faça uma análise da educação e as motivações e razões de a educação favorecer ao sistema capitalista, produzindo à custa do erário, mão de obra especializada para as multinacionais, e que deveriam dar um nível de educação que priorize e privilegie a formação do amplo saber que permita uma sociedade de cidadãos conscientes. Ufa.

No entanto, mesmo que o jornalista ou o órgão de imprensa tenha como linha editorial a defesa incontestável esta ou aquela cor partidária, o artigo em defesa da educação técnica ou da formação ampla seria maçante e enfadonho. Para estes artigos existem veículos especializados e público idem.
Seria essa a forma de informar? Não. Por melhor que seja o artigo, a ideia, o ideal, em primeiro lugar era teria a concordância plena de uma parcela e o repúdio de outra; segundo, se não lido porque enfadonho, não cumpriria sua função de informar.

Informar é levar o fato de forma mais isenta possível e permitir que o leitor desenvolva, a partir de tal informação, seu julgamento. Mas até ai há um adendo: a isenção total não cria estilo e sem estilo não se concebe um bom texto, e um texto ruim nunca é assimilado, e se não assimilado não é compreendido, e não resulta em consciência crítica.

Em nossa defesa digo que duas unanimidades, por lógica, criam uma não unanimidade. E, mesmo sob constante crítica ou enterrados sob confetes, vamos nos salvando da burrice.


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