Nada
mais incoerente do que colocar fatos dentro de nossas verdades. E temos visto
uma arrazoado de encaixes imperfeitos na defesa do impossível, no todo do caso
mensalão ou em cada caso em particular.
Uma
das sandices, esta perdoável até por se tratar de filha e pai, é a defesa de
Genoino, ou o contra-ataque desfechado por sua filha. Miruna Genoino emitiu
nota ao portal Terra, afirmando que
sente vergonha do Brasil, “que deixa que se condene uma pessoa à pena de morte
enquanto seu único erro foi não ter medo de lutar pelos demais”.
Quais demais e onde
a luta? Numa recente ditadura instaurada, nos arroubos cívicos da juventude que
fizeram a ele e tantos outros acreditarem ser possível derrubar as Forças
Armadas que tomaram o país como seu, apoiados e amparados numa Direita sedenta de
poder e numa coligação de “forças econômicas supremas” que manipulam o mundo? Se
isso, agradecemos. Se toda a trajetória após esse arroubo, dispensamos.
A junta médica determinada
pelo Supremo Tribunal Federal concluiu que o estado de saúde de Genoino não é
grave e o regime domiciliar ou hospitalar não é imprescindível para a
continuação do tratamento de saúde a que vem sendo submetido desde que foi
preso. Em defesa do pai, mesmo sem base de conhecimentos para tanto,
Miruna desqualifica os médicos: “Com que
autoridade os senhores sentem-se no direito de dizer que meu pai pode voltar
para lá? Viram as condições oferecidas? Comeram a comida de lá? Foram ao
banheiro de lá? Viram o ambulatório? Equipamentos de lá?”, questionou.
Então por que não questionar a filha
daquele que “empenhou sua vida em prol de uma Nação”, os motivos de o sistema
penitenciário brasileiro estar em tão lastimável situação mesmo após doze anos
de governo dos devotados salvadores? Se a resposta for: “Ah, mas ele não fazia
parte direta do governo, era um dos legisladores”, será patético.
Não fez parte do governo, mas está, conforme
comprovado pelo STF, envolvido no desvio de verbas (menores que outros, sim,
mas mesmo assim corrupção) do executivo. Verba essa que, empregada na melhoria
de vida da população, digamos carcerária, impediria essa imundícia que é a
Papuda.
Resta a esperança de que Miruna use de suas
própria palavras para um julgamento mais real e menos emotivo: "No
entanto, apesar de ser difícil, eu acredito que a justiça, não a dos homens,
não falha jamais, e que vocês um dia sentirão na pele o que é agir com falta de
humanidade e sem um mínimo de vergonha na cara." Quem merece ouvir e
repensar sua vida baseada nestas palavras, Miruna? Não seria seu próprio pai,
Genoino?
Nenhum comentário:
Postar um comentário