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terça-feira, 28 de março de 2017

Falando um pouco de saúde... e política

Há necessidade de legisladores com amplo conhecimento de Saúde Pública, as Leis e Normas que regem o Sistema Único de Saúde – SUS.

As campanhas publicitárias desenvolvidas para os chamados “Planos de Saúde” privados focam de forma específica e enfaticamente na qualidade de atendimento aos pacientes, em ambientes aconchegantes e, por vezes luxuosos, com amplo acesso a exames e procedimentos, utilizando de equipamentos de ponta, sem enfatizar que os profissionais médicos e outros, no geral são os mesmos que atendem pelo SUS.

Em contrapartida a mídia, de forma geral e sistemática, divulga os diversos gargalos de atendimento na rede pública, ressaltando as deficiências provocadas, em sua maioria, por desvios ou má aplicação das verbas por parte de gestores indicados e nomeados mais pela sua atuação e participação na política partidária e menos pela capacidade como gestor.

No Brasil historicamente se faz administração pública de governo, focada na gestão, não política pública com viés de longo prazo. A Saúde vive nesse sobressalto onde o SUS corre o risco de ser remodelado a qualquer momento, podendo ser privado em parte, extinto ou entregue aos pedaços às administrações estaduais ou municipais.

Isso tem a ver em parte com a dicotomia “Planos de Saúde Privados” e sua maciça publicidade positiva versus “SUS” com suas deficiências e lentidão burocrática somadas à gestões amadorísticas e, por vezes, mal intencionadas que geram uma publicidade negativa.

Cria-se, portanto, na população de forma geral, altos índices de rejeição às políticas públicas de saúde conforme expressam diversas pesquisas. Importante salientar que essa negatividade em relação ao SUS atemoriza a todos por estar entronizado no senso comum.

As pesquisas que indicam a Saúde Pública com altos índices de péssimo e ruim são feitas não apenas com usuários do sistema, mas com toda a população, mesmo aquela que não utiliza os serviços públicos de saúde, mas que sofrem influência direta dessa publicidade positiva para o privado e negativa para o público.

Os desassistidos pela saúde privada evitam o atendimento médico assistido e constante oferecido pelo SUS baseados nessa concepção de ineficiência e inoperância, ou quando o fazem já possuem um pré-conceito e isso amplia eventuais pequenas falhas numa visão mais ampla do “nada funciona”.

Como exemplo podemos verificar que uma consulta pode ser marcada por telefone ou em ambientes agradáveis com determinados especialistas na rede privada, ainda que demore longos 120 dias para determinadas especialidades. Isso, em geral, não gera reclamações incisivas e denúncia na mídia, apenas uma conformidade por parte do usuário.

Na rede pública, ainda que o tempo de espera pela consulta com o especialista seja o mesmo, o fato do paciente enfrentar a burocracia das Unidades Públicas de Saúde em ambientes desconfortáveis e sem um sistema de informática que permita a marcação das consultas e/ou exames via telefone – aliada à cultura de que “se é publico não funciona” – gera insatisfação, reclamações e denúncias à mídia.

É necessário posicionar-se em defesa da Saúde Pública enfatizando a necessidade de gestão profissional e ser pensada e gerida como política de governo e não plano de uma única gestão.

Enfatizar a necessidade de investimento na Saúde Preventiva que gera economia para os cofres públicos e qualidade de vida para a população, além de reduzir a sobrecarga nos hospitais públicos e particulares que atendam usuários do SUS, em contrapartida a saúde curativa (hospitalocêntrica) .

Demonstrar que um bom administrador, conhecedor da área de saúde, tem uma visão mais ampla que lhe permite atuar em busca de soluções para a violência gerada pela falta de políticas efetivas de segurança pública – que remetem vítimas aos hospitais; criar propostas de melhoria da infraestrutura em diversos setores.

Algumas situações são exemplares para entender a necessidade de a saúde ser posicionada por outros fatores:

malha viária que apresenta problemas causa acidentes com vítimas que lotam o setor de trauma dos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento, quando não vítimas fatais; estresse que potencializa comorbidades como hipertensão e diabetes;

descaso com acessibilidade – que retira qualidade de vida;

transtornos no socorro ou traslado de pacientes pela imobilidade imposta às ambulâncias 

etc.

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