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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Segure a corda, Prefeito


O que parecia ser um grande negócio eleitoral para o PSDB tornou-se uma incógnita que pode por a perder todo o esforço da cúpula tucana no Estado em dar a aparência de independência e postura ao partido. Seu apoio ao então candidato Alcides Bernal, do inexpressivo PP, no segundo turno das eleições municipais e a apressada indicação de secretários feita por dois dos vereadores eleitos, a revelia da direção partidária, fazem dos tucanos coparticipes de uma administração fraca e insegura.
Solucionar esta questão foi o motivo de tantas notícias desencontradas sobre a esperada reunião entre a direção partidária e os vereadores professora Rose Modesto e professor João Rocha, responsáveis pelas indicações dos nomes do secretário de Educação, José Chadid e da diretora-presidente da Fundação de Esportes, Leila Machado. Exigir a renúncia ao cargo ou à filiação partidária seria desarticular todo um trabalho de recuperação do partido, tomada a pulso pelo seu presidente regional e deputado federal, Reinaldo Azambuja, após a descaracterização de suas cores com as saídas de Waldir Neves e Marisa Serrano eleitos para o Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul.
E a questão a ser trabalhada pelas direções municipal e regional passou a ser de que forma seria entendida pela população “estar no governo municipal sem participar do governo municipal”. Manter a configuração de estar no governo municipal significaria assumir o ônus do desencontro gerencial que assola a administração e que, a permanecer dessa forma, refletirá de forma negativa nas urnas em 2014. Perderiam, Reinaldo Azambuja, nome forte para um embate ao cargo de governador com Delcídio do Amaral, Simone Tebet ou Nelsinho Trad e o deputado Márcio Monteiro, cotado para o Senado.
E a questão fica mais delicada em termos de nomes para a Assembleia do Estado. Dione Hashioka vem apoiada pela força do marido Roberto, bem eleito em Nova Andradina e influente na região. No entanto, a se confirmar a aposentadoria de Onevan de Matos, derrotado pelo seu sobrinho em suas pretensões de retornar ao cargo de prefeito de Naviraí, e a fase descendente de Rinaldo Modesto, que tem seu cargo ameaçado, por ser suplente do atual secretário de Esta-do de Habitação e das Cidades, Carlos Marun (PMDB), o partido poria em risco sua representatividade.
Levar o jogo até o fim
Parece, enfim, que a opção é permanecer no jogo e auxiliar a equipe a virar o jogo enquanto há tempo para isso. Usando de ponderação e bom senso os tucanos pretendem interpor um quadro de realidade entre os votos cintilantes recebidos e o olhar inebriado de vaidade de Bernal, em reunião agendada para a segunda-feira (18).
“O partido tem o maior interesse em participar da administração, ter responsabilidade, mas o Bernal precisa conversar com o partido, ele fez escolhas de pessoas do PSDB, mas não tratou com instâncias partidárias”, explica Azambuja. Não haverá exigências, mas os tucanos se sentem preparados para fazer a articulação política, talvez o ponto mais frágil da atual gestão municipal, e assumir e implantar suas propostas nas secretarias que possui.
Após as decisões apressadas e impensadas tomadas pela direção municipal, de confrontar os vereadores Rose e Rocha nas dependências do partido, sobre as indicações à revelia, o que permitiu supor falta de comando e coesão partidária, Reinaldo Azambuja, Márcio Monteiro e os vereadores eleitos reuniram-se na casa de Reinaldo Modesto para recompor os rumos e evitar consequências mais nefastas.
Reengenharia e estratégia
A opção é fazer com que Bernal entenda a necessidade de manter, com o Legislativo, relações politicamente mais maduras, conforme exige o processo democrático. A articulação que levou a professora Rose a concorrer à presidência da Mesa Diretora da Câmara Municipal, em oposição ao vereador Mário César, não implica antagonizar relações que perdurem os quatro anos de mandato e em todos os seus aspectos, mas uma acomodação do jogo político.
Os tucanos querem autonomia nas pastas que comandam, talvez ampliar sua participação com pessoal de seu quadro técnico-político e liberdade de ação, respeitada a diretriz imposta pelo Executivo. “Quando um partido ocupa espaço no governo tem responsabilidade sobre as pastas e não vamos fugir disso, seguindo as prioridades do prefeito, de quem foi eleito pelo povo e assumiu compromisso de campanha”, explica Azambuja.
Último recurso
Por fim, o despreparo do prefeito eleito e as atitudes intempestivas, tanto dos vereadores ao indicar nomes para a composição do secretariado municipal quanto do presidente municipal da legenda, Carlos Alberto de Assis, ao tratar da questão, colocaram o partido numa situação delicada e que pode trazer perigosas consequências eleitorais imediatas e desarticulações que enfraqueceriam a legenda fazendo-a retomar o papel de coadjuvante na política estadual.
Talvez tenha restado a única e última opção de virar o jogo e tornar a administração Bernal, vitoriosa em seus anseios de bem administrar, emprestando o profissionalismo político que marca a trajetória de Azambuja e Monteiro. O primeiro e crucial momento eles venceram. Será responsabilidade do prefeito optar entre administrar bem ou ficar rodando em torno de sua vaidade.
Segure a corda, prefeito
A corda que lhe é lançada neste momento é a que vai guiá-lo a saída deste labirinto, que lhe é desconhecido e pode ser fatal. Caso desdenhe, a próxima corda que poderá ou não ser lançada será a que lhe auxiliara a sair do fundo do poço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você voltou, jornalista! Que bom! O mundo, além de se tornar um lugar melhor com a sua presença, também se torna mais informado e culto. Bem-vindo, de volta!