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quinta-feira, 21 de março de 2013

Dependência: técnica reduz desejo por cocaína em 80%

Philip Ribeiro (centro) com sua equipe. (Foto: Info)

Uma nova técnica desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), consegue reduzir em 80% o desejo de usar e em 60% o consumo da cocaína, aumenta a esperança no combate à dependência química, pois os tratamentos até então conhecidos, reduziam a crise de abstinência, chamada “fissura”, em 30%.

A técnica, que faz parte da pesquisa de mestrado do psiquiatra Philip Ribeiro, consiste no uso de estímulos eletromagnéticos no cérebro e, segundo o cientista, os resultados têm tido excelentes resultados.

O tratamento que dura três meses, é ambulatorial desenvolvido em 20 sessões de 15 minutos, cinco vezes por semana. O terapeuta controla um equipamento que, através de um cilindro metálico próximo à cabeça do paciente, produz um potente campo magnético oscilatório que gera corrente elétrica.

O método é indolor e age nas regiões responsáveis pelo poder de decisão e de sensação de saciedade, que ficam comprometidas durante as crises de abstinência. “O método estimula as áreas do cérebro do paciente que foram atrofiadas pelo uso da droga. A corrente estimula essas áreas a funcionarem de maneira mais eficaz”, diz Philip Ribeiro.

O paciente também conta com apoio psicológico em terapia de grupo, para o tratamento da dependência psíquica e a consequente recaída.

O progresso do tratamento é avaliado por exames de urina e avaliações neuropsicológicas realizadas nos pacientes para a comprovação da abstinência da substância e mudança de comportamento. Os primeiros sintomas da evolução são a diminuição de ansiedade e melhoria de humor, pelo fato de reduzir a intensidade das crises de abstinência e o desejo de utilizar a substância. Os efeitos colaterais são mínimos, geralmente restrito a dores de cabeça de pequena intensidade, até porque a equipe trabalha com normas de segurança rígidas, como a que determina o intervalo entre as aplicações.

O estudo é inédito em relação à estimulação magnética em dependentes de cocaína. “Somos os primeiros a desenvolver uma pesquisa que cientificamente tem valor e trabalha essa questão de maneira mais aprofundada”, afirma Philip.

O método é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para o tratamento de depressão e outros transtornos psiquiátricos, no entanto para que o tratamento possa ser aprovado são necessárias novas pesquisas, mas o futuro do tratamento parece ser promissor. Vários pesquisadores do Nordeste, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul começarão pesquisas utilizando este método.

Philip Ribeiro defendeu sua tese em 2012, orientado pelo Prof. Marco Antonio Marcolin, da FMUSP.  “Nosso próximo passo é testar o tratamento em dependentes de crack. O projeto está sendo escrito no momento", diz.

3 comentários:

Anônimo disse...

Interessantíssima a matéria!!! Assim é instigante acompanhar a evolução da medicina...

Anônimo disse...

Boa matéria muito interessante, seria legal sempre ter esses temas e também sobre alcoolismo, muitas famílias sofrem com esses problemas.
Valeu mesmo! Estou me tornando fã desse blog.
E claro fã do Jornalista Dirceu.

Notas&Boatos disse...

Agradeço sua leitura e a crítica positiva.
Vou me permitir arriscar fazer análise do caso alcoolismo, em breve.
abraços,
jornalista Martins