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domingo, 24 de março de 2013

Dízimo, Velho Testamento, pastores políticos e Sartre


Posso até compreender o princípio que norteia o dízimo. Creio que o dízimo sirva para sustentar a Igreja e permitir que ela leve “suas verdades” aos ímpios. E grifo meu no suas verdades, creio não necessitar maiores explicações. Mas, confesso, não compreendo o dízimo sendo utilizado para sustentar estilos de vida semelhante ao dos nababos, ou templos suntuosos. Templos soberbos e vazios de fé.
Não vejo fiéis ou pastores que os frequentem em busca do “conhece-te a ti mesmo”, oráculo do templo de Delfos, tão próximo dos ensinamentos de Jesus, mas percebo uma procissão de mercadores em busca da prosperidade material, como se aí residisse a felicidade suprema que os aproxime de um Deus mais e mais desconhecido e deformado.
Acossados por um Deus vingativo e cruel, pagam o dízimo não como difusão de sua fé, mas como indulgência que lhe dê remissão total das penas temporais aos pecados cometidos. Deus de Antigo Testamento, antiga era. Longe do Deus de Amor que nos trouxe Jesus.
E pastores de todas as denominações e padres católicos agem como discípulos fiéis do “Senhor Poder”, temporal e distante da fé. Querem, sim, o dízimo, as ofertas, o vil metal. Suas arraigadas “fé” na temporalidade os levam a cibernéticas Cruzadas, agora em busca da exclusividade em representar a Cruz, símbolo de devoção ao Pai e entrega plena pelo bem da humanidade. Em suas mãos e concepção, apenas um símbolo de morte.
Arrogam-se porta-vozes do criador a ditar, de suas visões toscas, verdades absolutas às criaturas de Deus. Caso estranho de sanha de poder onde a criatura quer e se acredita capaz de sobrepujar o criador. A humanidade é apenas um rebanho a ser guiado, ovelhas inconscientes que não sobrevivem sem a sagacidade e esperteza destes líderes. Sagacidade e esperteza que são características próprias da raposas...
Aos pobres? – “O que nos sustenta são dízimos e ofertas de pessoas simples e humildes", disse [ministro da Pesca, bispo licenciado da Igreja Universal Marcelo] Crivella (PRB)durante um evento da Convenção Nacional das Assembleias de Deus - Ministério Madureira, em São Paulo. "Com a presidenta Dilma, os juros baixaram. Quem paga juros é pobre. Com menos juros, mais dízimo e mais oferta."
Em Convenção Nacional das Assembleias de Deus, líderes religiosos traçaram as diretrizes da igreja evangélica para os próximos quatro anos, montaram uma comissão política para acompanhar as eleições e o processo de elaboração de leis, com foco no engajamento contra a descriminalização do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo.
Eu quero meu direito de seguir uma orientação religiosa diferente, ou não seguir nenhuma e ser tão cidadão dessa Nação quanto qualquer outro. Que meus princípios sejam ouvidos. Respeito o direito dos cristãos, muçulmanos, budistas, xintoístas e de todos. Caso decida por evangelizar-me em outra fé, procurarei uma das igrejas que se multiplicam pelo poder do dízimo e da oferta e, lá, obedecerei seus dogmas e ritos. Aqui sou um cidadão que ajudou a escrever a Constituição Cidadã e quero e exijo ser respeitado por isso.
Religiosos podem ajudar em muito nossa política levando ao povo as noções de Respeito, Amor e Caridade, de outra forma são apenas como se apresentam: “vendilhões do templo”. Sarte estava pleno de razão ao escrever “O Diabo e o Bom Deus”.

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