Posso até compreender o princípio
que norteia o dízimo. Creio que o dízimo sirva para sustentar a Igreja e
permitir que ela leve “suas verdades” aos ímpios. E grifo meu no suas verdades, creio não necessitar
maiores explicações. Mas, confesso, não compreendo o dízimo sendo utilizado
para sustentar estilos de vida semelhante ao dos nababos, ou templos suntuosos.
Templos soberbos e vazios de fé.
Não vejo fiéis ou pastores
que os frequentem em busca do “conhece-te a ti mesmo”, oráculo do templo de
Delfos, tão próximo dos ensinamentos de Jesus, mas percebo uma procissão de
mercadores em busca da prosperidade material, como se aí residisse a felicidade
suprema que os aproxime de um Deus mais e mais desconhecido e deformado.
Acossados por um Deus
vingativo e cruel, pagam o dízimo não como difusão de sua fé, mas como
indulgência que lhe dê remissão total das penas temporais aos pecados cometidos.
Deus de Antigo Testamento, antiga era. Longe do Deus de Amor que nos trouxe
Jesus.
E pastores de todas as
denominações e padres católicos agem como discípulos fiéis do “Senhor Poder”,
temporal e distante da fé. Querem, sim, o dízimo, as ofertas, o vil metal. Suas
arraigadas “fé” na temporalidade os levam a cibernéticas Cruzadas, agora em
busca da exclusividade em representar a Cruz, símbolo de devoção ao Pai e
entrega plena pelo bem da humanidade. Em suas mãos e concepção, apenas um
símbolo de morte.
Arrogam-se porta-vozes do
criador a ditar, de suas visões toscas, verdades absolutas às criaturas de
Deus. Caso estranho de sanha de poder onde a criatura quer e se acredita capaz
de sobrepujar o criador. A humanidade é apenas um rebanho a ser guiado, ovelhas
inconscientes que não sobrevivem sem a sagacidade e esperteza destes líderes.
Sagacidade e esperteza que são características próprias da raposas...
Aos pobres? – “O que nos sustenta são dízimos e
ofertas de pessoas simples e humildes", disse [ministro da Pesca, bispo licenciado da Igreja Universal Marcelo] Crivella
(PRB)durante um evento da Convenção Nacional das Assembleias de Deus -
Ministério Madureira, em São Paulo. "Com a presidenta Dilma, os juros
baixaram. Quem paga juros é pobre. Com menos juros, mais dízimo e mais
oferta."
Em
Convenção Nacional das Assembleias de Deus, líderes religiosos traçaram as diretrizes
da igreja evangélica para os próximos quatro anos, montaram uma comissão política
para acompanhar as eleições e o processo de elaboração de leis, com foco no engajamento
contra a descriminalização do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo.
Eu quero meu
direito de seguir uma orientação religiosa diferente, ou não seguir nenhuma e
ser tão cidadão dessa Nação quanto qualquer outro. Que meus princípios sejam
ouvidos. Respeito o direito dos cristãos, muçulmanos, budistas, xintoístas e de
todos. Caso decida por evangelizar-me em outra fé, procurarei uma das igrejas
que se multiplicam pelo poder do dízimo e da oferta e, lá, obedecerei seus
dogmas e ritos. Aqui sou um cidadão que ajudou a escrever a Constituição Cidadã
e quero e exijo ser respeitado por isso.
Religiosos podem
ajudar em muito nossa política levando ao povo as noções de Respeito, Amor e Caridade,
de outra forma são apenas como se apresentam: “vendilhões do templo”. Sarte
estava pleno de razão ao escrever “O Diabo e o Bom Deus”.
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