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terça-feira, 9 de abril de 2013

Fabio Trad: É preciso debater seriamente as campanhas eleitorais

O deputado federal Fábio Trad (PMDB) é um dos mais entusiastas defensores da Reforma Política e, mesmo que parcial como está sendo proposta, enxerga avanço significativo neste primeiro passo.

Fiel ao plebiscito para os temas mais polêmicos como o financiamento público e o sistema distrital ou proporcional, entende que depender do consenso ou de colocar na pauta de votações para a aprovação, ela terá dificuldades em ser votada ou aprovada no Congresso.

O deputado federal Fábio Trad abordou de forma rápida este tema, em entrevista ao Jornal Liberdade.

Jornalista Martins: Qual influência há no fato de um deputado do PT, partido que está no poder, ser o relator da reforma política?

Dr. Fábio Trad: Não vejo por este viés, porque o que de fato importa é o conteúdo da proposta que independe do partido do relator. Destaco que a disposição do Presidente da Câmara Henrique Alves em pautar a matéria é fundamental para a votação da reforma política que há décadas espera por indefinição.

Martins: A coincidência não tornará as eleições confusas e desinteressantes para os eleitores?

Dr. Fábio Trad: Em um primeiro momento, penso que pode haver não um desinteresse, mas um desequilíbrio de atenção para com alguns cargos, já que todos estarão sendo decididos pelo voto popular. Entretanto, este é um problema superável e menos grave diante deste escandaloso sistema bienal de eleição que paralisa e atrasa o desenvolvimento do país.

Martins: Extinção das coligações não deveria ser para proporcionais e majoritárias?

Dr. Fábio TradPenso que não, pois eventualmente a adesão programática de um partido para compor a chapa com a indicação do Vice é interessante e perfeitamente compreensível.

Martins: Qual o motivo de uma reforma tão acanhada?

Dr. Fábio TradFalta de consenso entre as lideranças da casa. Por esse motivo defendo o plebiscito para os temas mais polêmicos como o financiamento público e o sistema distrital ou proporcional. Se depender do Congresso, estes temas terão muitas dificuldades de serem votados e aprovados.

Martins: Como o senhor enxerga o futuro da reforma política a partir desta primeira alteração?

Dr. Fábio Trad: Com uma certa desconfiança porque muitos dos beneficiários do viciado sistema atual criarão um cinturão de segurança para a perpetuação das regras que os beneficiam. Entretanto, se houver mobilização popular, creio que a ideia do plebiscito pode vingar.

Martins: Em sua opinião, o cidadão já demonstra total desinteresse por política em função de ser ver pouco, ou nada representado, e isso tem levado à eleição de candidatos com maior sustentação financeiro-econômica ou ligados a correntes religiosas?

Dr. Fábio TradDe fato, alguns fenômenos preocupantes estão a merecer maiores reflexões da sociedade: a crescente sacralização da política com a caracterização de certezas dogmáticas religiosas em espaços laicos de necessário dissenso democrático e a adesão de segmentos cada vez maiores da população ao fenômeno pop na política.

É preciso também debater com mais profundidade o desequilíbrio nas campanhas eleitorais causado pelos que se valem de programas de rádio e televisão para se tornarem populares durante o mandato, pois corre-se o risco de vermos em breve uma campanha eleitoral e postos de poder ocupados apenas por "jornalistas" bissextos sem diploma e apresentadores improvisados de programas de rádio ou televisão, desvirtuando o pluralismo inerente à qualquer conceito de democracia, com sacrifício daqueles que têm verdadeira e autêntica vocação para o nobre exercício da política. Isso já está sendo discutido aqui na Câmara.


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