Fiel ao plebiscito para os temas mais polêmicos como o financiamento
público e o sistema distrital ou proporcional, entende que depender do consenso
ou de colocar na pauta de votações para a aprovação, ela terá dificuldades em
ser votada ou aprovada no Congresso.
O deputado federal Fábio Trad abordou de forma rápida este tema, em
entrevista ao Jornal Liberdade.
Jornalista Martins: Qual influência há no fato de um
deputado do PT, partido que está no poder, ser o relator da reforma política?
Dr.
Fábio Trad: Não vejo por este viés, porque o que
de fato importa é o conteúdo da proposta que independe do partido do relator.
Destaco que a disposição do Presidente da Câmara Henrique Alves em pautar a
matéria é fundamental para a votação da reforma política que há décadas espera
por indefinição.
Martins: A coincidência não tornará as eleições
confusas e desinteressantes para os eleitores?
Dr.
Fábio Trad: Em um primeiro momento, penso que
pode haver não um desinteresse, mas um desequilíbrio de atenção para com alguns
cargos, já que todos estarão sendo decididos pelo voto popular. Entretanto,
este é um problema superável e menos grave diante deste escandaloso sistema
bienal de eleição que paralisa e atrasa o desenvolvimento do país.
Martins: Extinção das coligações não deveria
ser para proporcionais e majoritárias?
Dr.
Fábio Trad: Penso
que não, pois eventualmente a adesão programática de um partido para compor a
chapa com a indicação do Vice é interessante e perfeitamente compreensível.
Martins: Qual o motivo de uma reforma tão
acanhada?
Dr.
Fábio Trad: Falta
de consenso entre as lideranças da casa. Por esse motivo defendo o plebiscito
para os temas mais polêmicos como o financiamento público e o sistema distrital
ou proporcional. Se depender do Congresso, estes temas terão muitas
dificuldades de serem votados e aprovados.
Martins: Como o senhor enxerga o futuro da
reforma política a partir desta primeira alteração?
Dr.
Fábio Trad: Com uma certa desconfiança porque
muitos dos beneficiários do viciado sistema atual criarão um cinturão de
segurança para a perpetuação das regras que os beneficiam. Entretanto, se houver
mobilização popular, creio que a ideia do plebiscito pode vingar.
Martins: Em sua opinião, o cidadão já
demonstra total desinteresse por política em função de ser ver pouco, ou nada
representado, e isso tem levado à eleição de candidatos com maior sustentação
financeiro-econômica ou ligados a correntes religiosas?
Dr.
Fábio Trad: De
fato, alguns fenômenos preocupantes estão a merecer maiores reflexões da
sociedade: a crescente sacralização da política com a caracterização de
certezas dogmáticas religiosas em espaços laicos de necessário dissenso
democrático e a adesão de segmentos cada vez maiores da população ao fenômeno
pop na política.
É
preciso também debater com mais profundidade o desequilíbrio nas campanhas
eleitorais causado pelos que se valem de programas de rádio e televisão para se
tornarem populares durante o mandato, pois corre-se o risco de vermos em breve
uma campanha eleitoral e postos de poder ocupados apenas por
"jornalistas" bissextos sem diploma e apresentadores improvisados de
programas de rádio ou televisão, desvirtuando o pluralismo inerente à qualquer
conceito de democracia, com sacrifício daqueles que têm verdadeira e autêntica
vocação para o nobre exercício da política. Isso já está sendo discutido aqui
na Câmara.
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