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Foto Kiko Cangussu (Midiamax) |
Uma das vítimas do primeiro dia
de manifestação cívica ocorridas em Campo Grande, com certeza foi este
jornalista que subestimou a capacidade de mobilização e quantificou erroneamente
o grau de insatisfação da população, quando escreveu a matéria: “Campo Grande:
uma manifestação que nasce morna”.
Por isso, “peço desculpas”.
Não errei mais,
pois finalizei o artigo antevendo que: “O que vai
permitir que o movimento se aqueça, até ebulir, é o fogo da paixão popular pelo
respeito, pela lisura, pela ética.”
Essa
paixão fez com que mais de 50 mil campo-grandenses demonstrassem de forma cabal
toda a insatisfação com todos os rumos de uma política capenga, quadrilhesca,
bandida. E a população tomou ruas, portando cartazes que estampavam as mais
diversas manifestações e gritando palavras de ordem contra todo o tipo de
falcatrua que fica exposta, dia a dia, como se um grupo desvinculado da
sociedade pudesse ditar regras impunemente.
E o povo cantava
o Hino da sua Nação. Se houvesse a possibilidade de pensar outra pérola da
música para compor a trilha da manifestação, creio que seria “Gota D’Água”, da
peça homônima de Chico Buarque: Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui
de mágoa / E qualquer desatenção, faça não / Pode ser a gota
d'água...
Sem policiamento por quê?
A
última tentativa de desmoralização desta Manifestação foi a determinação de
impedir que a polícia cumprisse sua mais nobre e pouco praticada função, estar
nas ruas para garantir a segurança da população que, efetivamente, paga seus
soldos. Por maior poder de mando que tenha o governador, ele é apenas um gestor
a serviço da população. Nada mais e, por prazo determinado.
Não
havia policiamento, exceto pequena tropa de choque no paço municipal,
acompanhada de inoperantes guardas municipais, atônitos, embevecidos e, também,
assustados.
O
trânsito fluiu mais por consciência e cumplicidade dos motoristas do que pelo
parco, exíguo número de policiais de trânsito colocados em serviço.
Para
quem desejava desmoralizar a manifestação repercutindo eventuais atos de
violência, a resposta sutil estava contida nas entrelinhas dos refrãos, das
músicas, do Hino Nacional entoado: “Os
bandidos são vocês, nós somos um povo sofrido, lutador, ordeiro e consciente”. Está
respondida sua dúvida, governador André Puccinelli?
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