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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Quantas vezes gritamos e vocês não entenderam?

Cristina Viduani*


Os representantes do poder público se calam. Já disseram, na semana passada, que "não entendiam" os protestos. Não há mesmo o que entender. Está na cara. Isso é a soma "de todos os cansaços". E nem é preciso ser muito esperto para enxergar isso.

A culpa é de quem? O Brasil é surrupiado, especialmente, pela classe política há décadas. Vemos os homens do poder público diariamente, por anos a fio, em imagens ostentatórias, em seus veículos importados, em suas mansões, em suas viagens, em suas vidas cheias de regalias. Alguns que, durante a campanha eleitoral, levavam uma vida de padrões medianos, de repente estão ganhando rios de dinheiro e posando de autoridade para o povão, que até pouco tempo atrás, pensava que eles estavam certos, que mandavam e desmandavam na população, afinal, eram "os doutores" deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores... Só que... agora, não. Não mais.

Quantas vezes gritamos que não queríamos Calheiros na presidência do Senado? Quantas vezes gritamos "fora Feliciano" em vão? O governo se fez de surdo para preservar seus conchavos travestidos de interesses políticos. Qual a parte da palavra "não" os senhores não entenderam?

Esses protestos, que começaram como outros tantos que não deram em nada, cresceram e se espalharam de maneira vertiginosa, sob o manto das redes sociais. A internet é algo ainda muito novo para nós. Ainda não tínhamos nos dado conta do poder de alcance da rede. Não tínhamos. Até a semana passada.
 

Hoje, a maioria da população brasileira faz uso da internet e os que hoje ocupam o poder, em qualquer nível, aí sim, têm que entender que o povo deixou de ser ingênuo. Que carnaval e futebol não bastam. Pão e circo, artimanhas das quais lançavam mão até dias atrás, já não bastam mais.

Logo de início tentaram usar a velha e empoeirada grande mídia para taxar os manifestantes de vândalos. Os usuários das redes sociais não deixaram.

Vandalismo? Definam "vandalismo", senhoras e senhores do poder. Quem á mais vândalo? O povo que quebra tudo pra chamar a atenção do mundo, ou os governos que matam brasileiros nas portas de hospitais públicos e postos de saúde? O povo que quebra tudo, ou os governos que achacam a população com altos impostos e nada devolvem em benefício? O povo que quebra tudo ou os senhores que teimam em taxar os míseros salários que recebemos como se fossem "renda"? Onde estão as mega obras no Nordeste brasileiro? No bolso de quem elas foram parar?

Não, não nos chamem mais de vândalos. Nós não somos o vosso espelho, senhores.

E se preciso for, vamos continuar quebrando tudo, sim. Até que os senhores "entendam", finalmente, que os senhores não mais nos representam.

Não esqueçam da arma mais letal que usamos hoje contra os senhores: a nossa cidadania.

*Cristina Viduani é jornalista e radialista


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