A mulher contemporânea já possui direitos capazes de
garantir a sua liberdade de escolha, tanto na vida pessoal quanto profissional.
Contudo, mesmo diante de tantas conquistas e direitos adquiridos, ainda existem
muitas mulheres que se limitam a fazer o que os outros determinam, sem levar em
conta os seus próprios desejos e metas. Muitas vezes, para eliminarmos focos de
desigualdade entre gêneros é preciso que a própria mulher pare de se
inferiorizar perante o outro reconhecendo a sua própria força em suas relações
interpessoais.
Glorita
Cajaty
Presidente da BPW – Campo Grande/MS, Célia Aparecida Zanetti. |
O título é frase de um dos mais
importantes governantes que o mundo conheceu: Abraham
Lincoln. Como conseguir um mundo justo
quando relegamos a força criadora da vida? Como obter justiça se agimos de
forma injusta com quem nos gerou e irá gerar os nossos? Como considerar menor
quem possui o dom e a força da criação da vida?
Se os homens não conseguem responder
a estas questões, as mulheres avançam distribuindo as respostas. A BPW é uma
entidade que dá voz e força às mulheres. Conheça mais sobre essa Organização
nesta entrevista que a presidente da BPW Campo Grande, Célia Aparecida Zanetti,
concedeu ao jornal Liberdade.
Dirceu Martins: Qual o tipo de apoio que a BPW proporciona às empresárias?
Célia
Zanetti: Favorece as empresárias com uma atividade de empoderamento.
Por exemplo, este ano tivemos a Cerimônia das Velas e as comemorações dos 25
anos da BPW Campo Grande, onde compareceram mais de 50% de participantes,
favorecendo todo o ritual da cerimônia [ver mais em Box]. Foram 15 velas acesas
e cada qual tinha a história de uma mulher, ligada à de outra mulher que a
acompanhava. Estas histórias servem de parâmetro para tantas outras mulheres,
numa forma de demonstrar que tantas s têm capacidade para conseguir,
também.
Em agosto, fizemos uma jornada no Sebrae, intitulada de
Jornada Intercultural, com palestras de empoderamento, talk show, entrevistas e
palestra do príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa
Isabel. Todas essas palestras foram de ordem de empoderamento. Uma as
palestrantes favoreceu de tal maneira, que está se montando um grupo de
empresários em Campo Grande, para atuar numa área de trabalho, em função
daquela palestra.
Martins: São
eventos fechados?
Célia: Abrimos
para as mulheres da comunidade e duas delas estão sendo beneficiadas com
entrevistas na televisão, , em jornais, e agora estão na iminência de conseguir
uma cozinha industrial favorecida por alguém que estava presente e que conheceu
aquele grupo que faz os produtos do Cerrado. Será uma cozinha industrial
financiada pelo BNDES. Então, tudo vai favorecendo.
Martins: Outros
eventos?
Célia: Nós temos
um leilão, o primeiro realizado a cada exposição, que favorece a associada
pecuarista. É a divulgação da mulher, que favorece a mulher em seu
empoderamento. Nós fazemos os produtos
de melhor qualidade para esse leilão, que já é tido como um case internacional
de sucesso.
Martins: BPW é aberto a todas as mulheres empresárias,
ou tem restrições?
Célia: Qualquer
mulher, desde que ela queira se associar. Para isso é necessário o pagamento da
anuidade (R$ 400,00), e a participação. A partir do momento em que ela
participa, se empodera, porque sempre são atividades voltadas para o
empoderamento. Por exemplo, nós temos um dia, em fevereiro, que é para as novas
associadas. O que acontece? As antigas
associadas dão um testemunho da vida delas dentro da associação. Isso já
empodera aquelas que estão chegando. Elas vão sendo favorecidas pelo depoimento
das mais antigas.
Martins: Como
exemplo, cite o que a BPW lhe acresceu.
Célia: Eu sou uma
pessoa que, dentro da associação, fui compreender o mundo do Mais. O que é
isso? Todo o meu excesso não é abundância, é escassez. Eu deixei de ser
centralizadora e consegui montar uma gestão para a minha empresa agropecuária.
Eu centrava tudo em mim, estava cansada, já não estava tendo progresso. Hoje eu
estou numa aceleração porque eu contratei pessoas mais competentes.
Eu aprendi com depoimentos de mulheres dentro da Associação:
põe gente boa, especializada, pague mais e você vai ter resultados favoráveis.
E isso foi fantástico para a minha empresa.
Era tanto trabalho e tão centralizado que eu tinha crises de pânico.
Gelava mãos e os pés. Eu fui ao psiquiatra e ele me disse que eu teria que
tomar remédios controlados para o resto da minha vida. Eu tomei remédios por 6 meses e arrumei a
gestão. Nunca mais tomei remédios e nunca mais meus pés e minhas mãos gelaram.
Eu tinha excesso de trabalho, estava entrando num perigoso estágio de estresse.
Martins: E suas
empresas também ganharam com essa delegação de funções?
Célia: O meu
sonho, que era desmamar os bezerros com 250 quilos, já está sendo feito. Porque
a genética, porque mudou, porque entrou um bom veterinário, porque ele faz
inseminação, porque mudou tudo.
Martins: Com
essa mudança de atitude e ainda que aumente a quantidade de pessoas empregadas
e o valor salarial, você não perdeu, ao contrário, só ganhou?
Célia: Ganhei.
Repartir para multiplicar.
Martins: As
mulheres se assumem como “diretoras”, “trabalha na empresa do marido” (mesmo
que no mesmo nível hierárquico), mas não se intitula “empresária”. Por que
isso?
Célia: Eu acho
que é reflexo de uma formação nossa. A mulher é tida para ser o respaldo do
marido, ela está na codependência do marido, nós viemos de uma educação assim.
Mas isso está mudando.
Ela não tomou posse (de sua importância) por falta de
conhecimento. Esse desconhecimento
impede nosso crescimento. Existem mulheres que não conseguiam ocupar
lugares dentro das empresas familiares. Depois que tomam contato com a
Associação, passam a acreditar e exigir seu lugar devido e, se saem muito bem,
mostram sua imensa capacidade gerencial.
Martins: Isso é
mais comum aqui em Mato Grosso do Sul, ou é uma constante no país?
Célia: Eu conheço
mulheres de várias regiões. Conheço mulheres que são agredidas, ficam caladas.
Conheço mulheres milionárias que se sujeitam a agressões. Por que elas não têm
conhecimento da capacidade que têm de poder largar aquele homem que agride e
fazer alguma coisa em seu benefício. De modo geral nós já não somos o que
éramos, mas nós ainda temos muito para chegar aonde nós deveremos chegar. Ainda
tem muito chão.
Martins: Falta
que as próprias mulheres assumam essa liberação que, teoricamente existe?
Célia: Falta o
empoderamento, ela ter a capacidade de saber o que ela pode, o que ela deve.
Falta autoestima para muitas mulheres. Falta que descubram seus valores, saiam
da sombra. Existem mulheres que não tomam posse do que elas realmente são. Elas
querem que o marido, o homem, apareça.
Martins: A BWP é
pouco divulgada em Mato Grosso do Sul?
Célia: Eu
estranho. Uma das minhas propostas, inclusive citada em discurso, foi o cuidado
e esforço com a divulgação. Tanto é que, quando a empresa me solicita eu fico
extremamente feliz, pois vou estar dizendo para as mulheres que existe o BPW.
Me surpreende quando dizem que nunca ouviram falar, ai eu já entrego um dos
cartões que carrego e peço que busquem na internet, conheçam o que é a
associação, seus objetivos, seu trabalho. Este ano já conquistamos 35 novas
associadas, um bom número para um período inferior a um ano. Creio que até o
final de 2013 consigamos atingir a marca de 100 associadas. É uma coisa
magnífica tudo isso.
Martins: Algumas
se associam acreditando que isso vai lhes alavancar para um glamour social sem
compreender o objetivo do empreendedorismo feminino?
Célia: Nós já
tivemos pessoas que nos disseram que isso era coisa de madame, de gente rica...
até de grupo de peruas, mas isso lá atrás... Se já houve pessoas que tinham
esse objetivo ao entrar, não sei. Atualmente não tem.
Martins: E qual
a importância do evento do evento realizado em agosto, aqui em Campo Grande,
que contou até com a participação da presidente Nacional do BPW?
Célia: A Sueli
Batista veio e se encantou com a organização e pauta, veio o príncipe Dom
Bertrand de Orleans e Bragança, tivemos a presença da Tereza Cristina Corrêa,
da Seprotur (Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e
do Turismo), a gestora rural Fátima Pereira de Azevedo, a diretora do Sebrae,
Maristela de Oliveira França, a Cristiana Rondon...
Martins: Vamos deixar um convite para
as mulheres de Mato Grosso do Sul?
Célia: Eu
gostaria de convidar as mulheres a se associarem, não importa o grau de
empreendimento que tenham, basta que sejam mulheres. Que busquem a Associação,
participem, que conheçam nossos objetivos, nossos trabalhos. Nós estamos em
mais de 100 países, em 21 Estados do Brasil, estamos indo para a XXV CONFAM - Convenção Nacional da Federação das Associações
de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil de 23 a 27 de Outubro de 2013
em Campos do Jordão - São Paulo, que marca o Jubileu
de Prata. e
diversos eventos até o final deste ano. Oportunidades de compartilhar
experiências e agregar valores.
CERIMÔNIA DAS VELAS
Poderíamos descrever o simbolismo
de cada uma das 15 velas acendidas durante a cerimônia, e o poder das suas
chamas, de suas luzes. Entendemos por bem permitir que esse ensinamento seja
obtido diretamente das mulheres envolvidas em melhorar o mundo através da
força, tenacidade e senso de justiça que só as mulheres conseguem reunir.
Apenas nomeamos, por livre
associação, algumas das velas: Ação de criação; Compromisso; Ventre; Fortaleza;
Fé, Esperança e Certeza; Responsabilidade; Fidelidade; Paciência; Participação;
Igualdade; Servir; Futuro.
A BPW tem a missão de mudar o
mundo para melhor e juntas podemos fazer.
Entre em contato com a BPW pela
intenet:
ou pelo fone/fax: (67) 3321-1118
Um comentário:
A mulher seria a pior coisa do mundo se não fosse a melhor! Pena que não sabe a força que tem.
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