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domingo, 6 de outubro de 2013

A mão que embala o berço, governa o mundo

A mulher contemporânea já possui direitos capazes de garantir a sua liberdade de escolha, tanto na vida pessoal quanto profissional. Contudo, mesmo diante de tantas conquistas e direitos adquiridos, ainda existem muitas mulheres que se limitam a fazer o que os outros determinam, sem levar em conta os seus próprios desejos e metas. Muitas vezes, para eliminarmos focos de desigualdade entre gêneros é preciso que a própria mulher pare de se inferiorizar perante o outro reconhecendo a sua própria força em suas relações interpessoais.
Glorita Cajaty


Presidente da BPW – Campo Grande/MS, Célia Aparecida Zanetti.
O título é frase de um dos mais importantes governantes que o mundo conheceu: Abraham Lincoln. Como conseguir um mundo justo quando relegamos a força criadora da vida? Como obter justiça se agimos de forma injusta com quem nos gerou e irá gerar os nossos? Como considerar menor quem possui o dom e a força da criação da vida?

Se os homens não conseguem responder a estas questões, as mulheres avançam distribuindo as respostas. A BPW é uma entidade que dá voz e força às mulheres. Conheça mais sobre essa Organização nesta entrevista que a presidente da BPW Campo Grande, Célia Aparecida Zanetti, concedeu ao jornal Liberdade.


Dirceu Martins: Qual o tipo de apoio que a BPW proporciona às empresárias?

Célia Zanetti: Favorece as empresárias com uma atividade de empoderamento. Por exemplo, este ano tivemos a Cerimônia das Velas e as comemorações dos 25 anos da BPW Campo Grande, onde compareceram mais de 50% de participantes, favorecendo todo o ritual da cerimônia [ver mais em Box]. Foram 15 velas acesas e cada qual tinha a história de uma mulher, ligada à de outra mulher que a acompanhava. Estas histórias servem de parâmetro para tantas outras mulheres, numa forma de demonstrar que tantas s têm capacidade para conseguir, também. 

Em agosto, fizemos uma jornada no Sebrae, intitulada de Jornada Intercultural, com palestras de empoderamento, talk show, entrevistas e palestra do príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel. Todas essas palestras foram de ordem de empoderamento. Uma as palestrantes favoreceu de tal maneira, que está se montando um grupo de empresários em Campo Grande, para atuar numa área de trabalho, em função daquela palestra.

Martins: São eventos fechados?

Célia: Abrimos para as mulheres da comunidade e duas delas estão sendo beneficiadas com entrevistas na televisão, , em jornais, e agora estão na iminência de conseguir uma cozinha industrial favorecida por alguém que estava presente e que conheceu aquele grupo que faz os produtos do Cerrado. Será uma cozinha industrial financiada pelo BNDES. Então, tudo vai favorecendo.

Martins: Outros eventos?

Célia: Nós temos um leilão, o primeiro realizado a cada exposição, que favorece a associada pecuarista. É a divulgação da mulher, que favorece a mulher em seu empoderamento.  Nós fazemos os produtos de melhor qualidade para esse leilão, que já é tido como um case internacional de sucesso.

Martins:  BPW é aberto a todas as mulheres empresárias, ou tem restrições?

Célia: Qualquer mulher, desde que ela queira se associar. Para isso é necessário o pagamento da anuidade (R$ 400,00), e a participação. A partir do momento em que ela participa, se empodera, porque sempre são atividades voltadas para o empoderamento. Por exemplo, nós temos um dia, em fevereiro, que é para as novas associadas.  O que acontece? As antigas associadas dão um testemunho da vida delas dentro da associação. Isso já empodera aquelas que estão chegando. Elas vão sendo favorecidas pelo depoimento das mais antigas.

Martins: Como exemplo, cite o que a BPW lhe acresceu.

Célia: Eu sou uma pessoa que, dentro da associação, fui compreender o mundo do Mais. O que é isso? Todo o meu excesso não é abundância, é escassez. Eu deixei de ser centralizadora e consegui montar uma gestão para a minha empresa agropecuária. Eu centrava tudo em mim, estava cansada, já não estava tendo progresso. Hoje eu estou numa aceleração porque eu contratei pessoas mais competentes.

Eu aprendi com depoimentos de mulheres dentro da Associação: põe gente boa, especializada, pague mais e você vai ter resultados favoráveis. E isso foi fantástico para a minha empresa.

Era tanto trabalho e tão centralizado que eu tinha crises de pânico. Gelava mãos e os pés. Eu fui ao psiquiatra e ele me disse que eu teria que tomar remédios controlados para o resto da minha vida.  Eu tomei remédios por 6 meses e arrumei a gestão. Nunca mais tomei remédios e nunca mais meus pés e minhas mãos gelaram. Eu tinha excesso de trabalho, estava entrando num perigoso estágio de estresse.

Martins: E suas empresas também ganharam com essa delegação de funções?

Célia: O meu sonho, que era desmamar os bezerros com 250 quilos, já está sendo feito. Porque a genética, porque mudou, porque entrou um bom veterinário, porque ele faz inseminação, porque mudou tudo.

Martins: Com essa mudança de atitude e ainda que aumente a quantidade de pessoas empregadas e o valor salarial, você não perdeu, ao contrário, só ganhou?

Célia: Ganhei. Repartir para multiplicar.

Martins: As mulheres se assumem como “diretoras”, “trabalha na empresa do marido” (mesmo que no mesmo nível hierárquico), mas não se intitula “empresária”. Por que isso?

Célia: Eu acho que é reflexo de uma formação nossa. A mulher é tida para ser o respaldo do marido, ela está na codependência do marido, nós viemos de uma educação assim. Mas isso está mudando.

Ela não tomou posse (de sua importância) por falta de conhecimento. Esse desconhecimento  impede nosso crescimento. Existem mulheres que não conseguiam ocupar lugares dentro das empresas familiares. Depois que tomam contato com a Associação, passam a acreditar e exigir seu lugar devido e, se saem muito bem, mostram sua imensa capacidade gerencial.

Martins: Isso é mais comum aqui em Mato Grosso do Sul, ou é uma constante no país?

Célia: Eu conheço mulheres de várias regiões. Conheço mulheres que são agredidas, ficam caladas. Conheço mulheres milionárias que se sujeitam a agressões. Por que elas não têm conhecimento da capacidade que têm de poder largar aquele homem que agride e fazer alguma coisa em seu benefício. De modo geral nós já não somos o que éramos, mas nós ainda temos muito para chegar aonde nós deveremos chegar. Ainda tem muito chão.

Martins: Falta que as próprias mulheres assumam essa liberação que, teoricamente existe?

Célia: Falta o empoderamento, ela ter a capacidade de saber o que ela pode, o que ela deve. Falta autoestima para muitas mulheres. Falta que descubram seus valores, saiam da sombra. Existem mulheres que não tomam posse do que elas realmente são. Elas querem que o marido, o homem, apareça.

Martins: A BWP é pouco divulgada em Mato Grosso do Sul?

Célia: Eu estranho. Uma das minhas propostas, inclusive citada em discurso, foi o cuidado e esforço com a divulgação. Tanto é que, quando a empresa me solicita eu fico extremamente feliz, pois vou estar dizendo para as mulheres que existe o BPW. Me surpreende quando dizem que nunca ouviram falar, ai eu já entrego um dos cartões que carrego e peço que busquem na internet, conheçam o que é a associação, seus objetivos, seu trabalho. Este ano já conquistamos 35 novas associadas, um bom número para um período inferior a um ano. Creio que até o final de 2013 consigamos atingir a marca de 100 associadas. É uma coisa magnífica tudo isso.

Martins: Algumas se associam acreditando que isso vai lhes alavancar para um glamour social sem compreender o objetivo do empreendedorismo feminino?

Célia: Nós já tivemos pessoas que nos disseram que isso era coisa de madame, de gente rica... até de grupo de peruas, mas isso lá atrás... Se já houve pessoas que tinham esse objetivo ao entrar, não sei. Atualmente não tem.

Martins: E qual a importância do evento do evento realizado em agosto, aqui em Campo Grande, que contou até com a participação da presidente Nacional do BPW?

Célia: A Sueli Batista veio e se encantou com a organização e pauta, veio o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, tivemos a presença da Tereza Cristina Corrêa, da Seprotur (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo), a gestora rural Fátima Pereira de Azevedo, a diretora do Sebrae, Maristela de Oliveira França, a Cristiana Rondon...

Martins: Vamos deixar um convite para as mulheres de Mato Grosso do Sul?

Célia: Eu gostaria de convidar as mulheres a se associarem, não importa o grau de empreendimento que tenham, basta que sejam mulheres. Que busquem a Associação, participem, que conheçam nossos objetivos, nossos trabalhos. Nós estamos em mais de 100 países, em 21 Estados do Brasil, estamos indo para a XXV CONFAM - Convenção Nacional da Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil de 23 a 27 de Outubro de 2013 em Campos do Jordão - São Paulo, que marca o Jubileu de Prata. e diversos eventos até o final deste ano. Oportunidades de compartilhar experiências e agregar valores.


CERIMÔNIA DAS VELAS

Poderíamos descrever o simbolismo de cada uma das 15 velas acendidas durante a cerimônia, e o poder das suas chamas, de suas luzes. Entendemos por bem permitir que esse ensinamento seja obtido diretamente das mulheres envolvidas em melhorar o mundo através da força, tenacidade e senso de justiça que só as mulheres conseguem reunir.

Apenas nomeamos, por livre associação, algumas das velas: Ação de criação; Compromisso; Ventre; Fortaleza; Fé, Esperança e Certeza; Responsabilidade; Fidelidade; Paciência; Participação; Igualdade; Servir; Futuro.

A BPW tem a missão de mudar o mundo para melhor e juntas podemos fazer.
Entre em contato com a BPW pela intenet:


ou pelo fone/fax: (67) 3321-1118

Um comentário:

Unknown disse...

A mulher seria a pior coisa do mundo se não fosse a melhor! Pena que não sabe a força que tem.