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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELICIDADE, TE DESEJO

por Vanda Ferreira

“Sonharei meus sonhos, investirei em meus desejos, na construção do melhor para a alegria em mim. Um ser feliz certamente que emana o bem global de uma árvore.”
Vanda Ferreira.

Na véspera do dia primeiro de janeiro, data sugestiva para mudança, encerramento ou inicio de ciclo de vida, um festival de mensagens inflama a comunicação amigável, social e comercial. Com claves comuns são distribuídos votos de desejos generalizados, expressos automaticamente, repetindo clichês como a máquina do estacionamento de shopping. São desejos não desejados, votos sem intenções, mensagens desprovidas de sentimentos. 

Robotizadamente embarcamos no comum para a torrencial chuva de leva de mensagens recheadas de palavras obvias para formatar votos adequados a qualquer um ou para todos. Mas, convenhamos, cumprimento generalizado dispensa carinho, despreza a relação humana, os desejos íntimos e pessoais sonhados pelo cumprimentado. Desejo sincero é adequado ao desejo particular. 

Gosto de mensagens diretas, que se harmonizam à minha intimidade, à minha realidade, aos meus verdadeiros desejos. 

Mergulhada nesta reflexão, eis que me flagro cheia de desejos egoísticos, e desejo somente o tudo que diretamente promova-me o bem para a comodidade da alegria e paz em mim. Estou ambiciosa e egoísta. Desejo ser boa pra mim. Sei de minhas vontades, conheço minhas verdades, o gráfico delineado de bem e de mal, singular à minha sagrada individualidade. Farei justiça limpando a ignorância. Condeno o mau ao castigo de acordo com seu grau de lesionamento e retiro-me de sonhos coletivos. 

Desejo protagonizar sonhos particulares. Decido investir, dedicadamente, para cultuar a verdade individual repousada em mundo intimo e ser feliz em espaço universal. Nada mais que envolva os sonhos de outros porque é necessário tomar a decisão por descobrir nossas necessidades para sermos felizes respeitando a peculiaridade individual. Felicidade é um compromisso pessoal, um direito e dever intransferível e até mesmo incompartilhável. 

Desejo a cura, o livramento do amaldiçoado coletivo que grita diferenças. Desejo o encontro com os iguais para a plenitude da igualdade. Desejo o reino da cura, o exorcismo daquilo que impede a florescência da particular felicidade individualizada.

Gosto demasiadamente do meu sincero desejo de plenitudes que decido compartilhar com os demais viventes, desejando a todos que sonhem sem medo, sejam generosos e exerçam com valentia a arte de sonhar soberania sobre os quereres de verdades particulares ao universo individual.

Desejo os benefícios de viver ritmos impacientes porque paciência é uma prova de autocompadecimento, autoflagelo. Paciência é um aspecto da covardia, da preguiça que quase sempre é o descaso com a felicidade. Paciência é um cartão amarelo, um semáforo eternizando a espera que prolonga expectativa, promove duvidas, multiplica pontos interrogativos e causa sofrimento que dói na carne, e na alma, e no coração, igualitariamente. 

Estar paciente é cegar-se para possibilidades, é caminhar em exclusivo jeito acanhado, em doloroso compasso para amenizar poder e anular vibração.

Indico banir a paciência, esta é uma fórmula de felicidade e alegria. Desinpacientecializar-se é vestir o figurino de luz para entoar canção tântrica da liberdade e dançar em perfumado jardim.

Desejo o choro para agitar o lodo do mar de tristeza acumulada por covardia. Desejo o banho com o sal santificado em bolsa lacrimal, a brancura de olhos e a luz emitida das exclusivas meninas mensageiras das luas dançantes em coreografia matuta de sagrada paisagem campestre.

Desejo o saudável grau raso de esperança, necessário para iluminar e manter a lucidez da impaciência, porque o profundo grau de esperança é dormência diretamente atada à paciência, condição relacionada ao estacionamento no semáforo amarelo, eternizado na esquina da dúvida, lá onde a impaciência pausa, adormece, enquanto a vida prossegue em ritmo vital.

Um comentário:

vanda ferreira vanda ferreira bugra sarará disse...

Gratidão por tamanha honra que me enche de alegria e incentivo para a continuidade de produção de textos.