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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O risco da ‘desgovernança’

Foto: Deurico Brandão
As duas faces de um desgoverno: o primeiro que é incontestado e à sorrelfa conduz o município; o segundo de tão contestado não consegue administrar. No meio disso um legislativo kafkiano transmutando-se de cordeiro em hiena e, assim expondo-se como peões num jogo de xadrez, que vão conduzidos pela grande mão, em uma única direção, obedientes.

Trocando em miúdos: prefeitos anteriores fizeram o que bem quiseram e o atual não pode nada porque a Câmara sempre teve um dono a lhe ordenar.


A confiança definha e os políticos ficam isolados

Johannes Brahms afirmava que: “A confiança perdida é difícil de recuperar. Ela não cresce como as unhas. Políticos sul-mato-grossenses, em especial da Capital, se consideram inteligentes, quando na verdade são apenas espertos sem caráter.

Se a cidade deixou de ter projetos, está parada e entorpecida, ônibus novos substituem antigos mas não aumentam a frota, continua impossível andar por entre os ambulantes nos terminais, a fiscalização é rígida quanto à proibição de fumar nos mesmos terminais, os buracos nascem e crescem nas nossas vias etc. e etc., a Câmara acusa a Prefeitura que se socorre na Justiça, e o que era certo para os vereadores agora é errado para os mesmos vereadores.... Nada disso nos importa.

Mudamos uma vez, mudaremos outra?

Sem compreender as atribuições de um vereador, ou da Câmara de Vereadores, o grande público crê no poder do prefeito para resolver seus problemas mais imediatos. Dos vereadores buscam extorquir alguma coisa ou solicitar que peçam cascalhamento, quebra-molas, asfalto, troca de lâmpadas, agilizar consultas e exames médicos, em contrapartida ao voto que (nem sempre) lhes deram. Vereadores são os escriturários bem pagos.

Compreendem o legislador, também, como o visitante quadrienal a lhe pedir votos em troca de pouca coisa: promessas ou benesses. Ou o constante fazer cortesia com o chapéu alheio em cerimoniais pomposos a beneficiar e dar mérito e congratulações àquelas importantes autoridades que desconhecemos.

O prefeito não; esse pode tudo. A ele podemos solicitar até coisas que não lhe cabem, como segurança pública, maiores aumentos de salários mínimos etc. Ele é o prefeito, ele tem o poder. E por entender que esse poder estava mal utilizado, por entender que esse poder havia sido apropriado em benefício próprio, mudou-se o donatário do poder, Nelsinho Trad, representante último de uma facção que pretendia o poder eterno.

E o PMDB e seus donos não perceberam que este poder lhes cegava e, num último ato de arrogância, com a certeza de uma vitória, lançaram um candidato sem empatia, sem história, sem contato popular. Edson Giroto, apesar de sua competência como secretário e deputado, era apenas um nome a mando do senhor supremo, André Puccinelli.

Mas a população fez a mudança onde entendia que deveria fazer. E outra vez, a miopia e falta de sensibilidade em entender que mudanças são irreversíveis e que o perfil populacional de nossa população mudou, porque acompanhou o tempo e porque as fronteiras se dissolveram com o advento da internet, parece que promoverá novas mudanças.

A Câmara conseguiu trazer a público sua real utilidade, parou durante os 11 meses em que se limitou a atacar o prefeito e nenhuma falta fez ao desenvolvimento do município. Isso alertou o público para o fato de que os dedicados edis eram corresponsáveis pelos erros anteriores e que aquela Casa pode manter o ruim ou destruir o incerto.

Confiança, quem a perdeu não mais que perder. Quem não respeita as próprias palavras e convicções, não tem credibilidade. Pois se todos os desacertos e descalabros que permearam por anos com a aprovação quase unânime da Câmara, agora são monstruosidades administrativas, quais motivos levam a culpar quem assumiu o caos?

Em que pese a pouca instrução desse povo, ele ainda pode somar dois mais dois e obter o resultado preciso de que falta independência ao legislativo e coragem para assumir que foi participante ativa em cada erro cometido. Que estão com medo do passado recente. E quando em breve forem despejados daquela Casa por uma inadimplência, um calote de aluguel de anos, também atribuirão ao atual prefeito essa mazela.

CPI da Saúde: Câmara sem moral

A Câmara Municipal de Campo Grande que investiga cada documento emitido pela administração Alcides Bernal, tem “blindado” o ex-prefeito Nelson Trad Filho numa tentativa de impedir que as irregularidades cometidas em seu governo e aprovadas e apoiadas pela Câmara venham a público.

 Vir a público é o grande temor neste momento em que se busca tirar da cartola uma candidatura peemedebista viável. Vir a público porque, pela atual composição da Casa, nenhuma acusação contra o ex-prefeito, mesmo as mais graves – que abrangem outras áreas– irá além disso.

Mesmo com o empenho da vereadora Luiza Ribeiro, que vem sendo atacada insistentemente pela oposição da Casa, uma rápida, estranha e eficaz manobra impediu sua convocação. Edil Albuquerque, na falta de melhor argumentação, disse que “Não é porque ela quer que ele vai depor”.

O que tem diferenciado ações e discursos são as desculpas. Alcides Bernal, dizem que foge da Comissão Processante que tem sido desmoralizada pela Justiça e blindam Nelsinho Trad mesmo com e tão claras suspeitas de irregularidades. Ou blindam a si próprios já que lhes caberia explicar os motivos que levaram a Câmara Municipal a deixar de exercer sua função fiscalizadora por 20 anos?

Um comentário:

Mirian Maluly disse...

É o que todos que "pensam com neutralidade e bom senso" se perguntam? Porque o prefeito anterior podia tudo e o atual não pode nada? Porque a maioria dos vereadores blindam tanto o ex prefeito, que deixou marcas terríveis que a atual administração sofre as consequências disso e ainda por cima imputam as culpas ao novo prefeito, que está tentando administrar as consequências do mal que fizeram, o que aliás, nem isso estão deixando? Porque? Porque?Será que é porque foram coniventes, cúmplices mesmo e não exerceram seus mandatos como deviam, fiscalizando o executivo? Será que é porque a "grande gorjeta" foi cortada na raiz, pelo Bernal à alguns vereadores e pelegos puxa sacos de plantão, não pensam por si próprios, são totalmente comandados, conduzidos e induzidos pelo chefe maior, "o grande ditador"? Pois não é possível que não enxerguem o que está claro e transparente para quem pensa e não é preciso pensar tanto não, é o óbvio.