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sábado, 29 de abril de 2017

Greve, quando se perde a razão

UESLEI MARCELINO / REUTERS


Membro do MTST em protesto em Brasília..
Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, econômica, e cultural da sociedade. Os cidadãos tem os direitos expressos, e os deveres de participar no sistema político que vai proteger seus direitos e sua liberdade.

Não vou discutir a Greve, que acredito ser justa. Não vou discutir, e vou acabar discutindo, os projetos de reforma da previdência, trabalhista e política. Não vou discutir democracia. Pretendo discutir a forma ditatorial como grupos querem impor suas ideias, suas ideologias.

Fui favorável à greve geral, ainda que dela não pudesse participar por dever de ofício, sou jornalista e tenho a função de informar a população a respeito da repercussão de suas manifestações. Assim como, por dever de ofício, não pude estagnar minhas obrigações, também não entendo como setores fundamentais, como a saúde e a segurança, se privaram de exercerem suas funções. Se é pelo bem da população, por que a população pode ser impedida do socorro às suas necessidades.

Vivemos numa claudicante Democracia. Recente demais, senão vejamos: Tivemos proclamada uma República - que destronou o 2º Estadista brasileiro, Dom Pedro II - o primeiro foi Pedro I – em 1889; inauguramos uma República “forma de governo em que o Chefe de Estado é eleito pelos representantes dos cidadãos ou pelos próprios cidadãos, e exerce a sua função durante um tempo limitado” sem a participação popular, senão apenas um grupo que colocou um marechal febril sobre um cavalo, como se fosse uma tocha olímpica a percorrer uma praça do Rio de Janeiro, então sede do Império.

Depois a República velha, cheia de vícios e impedimentos para que a população menos favorecida (politicamente correto), na verdade os pobres, pudessem se expressar, por voto ou outras formas. Enfim veio o Getulismo, pai dos pobres e personalidade ambígua, que se firmou entre o apelo popular e a ditadura. Controverso, amado e odiado, mas o terceiro grande estadista brasileiro.

Derrotado entre seus próprios erros e por intermédio de seus inimigos – parte disso (é “disso” mesmo, querendo dizer coisa e não cidadãos) o Brasil assistiu outro período de objetos quase inanimados que gerenciavam a nação.

Então, o quarto estadista, Juscelino Kubistchek, sucedido pelo histriônico Jânio Quadros que, acreditando-se Deus, pretendeu reviver Getúlio que retornava – mesmo que ditatorialmente – nos braços do povo. Deu no que deu, um presidente fraco e inconsistente, elo entre a democracia e o golpe civil que colocou os militares no poder permitindo a manipulação dos que não afeitos aos vícios políticos.  Imagem manchada dos militares e controle absoluto dos políticos profissionais no que tem de mais pernicioso isso.

Enfim a abertura lenta, gradual e segura de Figueiredo e o quinto estadista. Fernando Henrique Cardoso, sucessor de Itamar Franco – vamos evitar mencionar Fernando Color de Mello – e o Plano Real que estabilizou a economia de uma Nação.

Daí vem...

Todo um período de nova escuridão. Ainda que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenha resgatado a classe pobre, com ações sociais iniciadas no período FHC e ampliadas. É bom lembrar que esse mesmo partido que “tomou conta do poder” não assinou (não foram signatários) da Constituinte de 88, mas pretende se valer dela e a conspurcou com o imenso crescimento da corrupção exercida pelos seus líderes.

Greves, uma disfarçada ditadura

Em um salto no tempo, vamos nos ater à greve geral de ontem (28) e suas consequências para a democracia, o direito de ir e vir.

Lutar pelo direito democrático dos cidadãos implica em respeitar o direito desses mesmos cidadãos em discordarem. Ações como as ocorridas nessas manifestações coloca 70% da população - notoriamente não adeptas da ideologia esquerdista – contra princípios que, até seriam benéficos para essa mesma parcela de cidadãos.

Não posso e não devo, numa democracia, obrigar a que todos concordem com meus princípios.

Tiro no pé

Dar um tiro no pé, ou socar ponta de faca é a plena estupidez de radicais. A massa supra esquerdista não sintonizou que ações põem a perder boas intenções. A esquerda radical acabou com a validade da manifestação.

Impedir de forma violenta, evitar de todas as formas o contraditório denigre a própria imagem da democracia. Qual é, enfim, a diferença entre as Ditaduras de esquerda e direita? Aliás, isso não é tão antigo que deveria já estar morto e enterrado?

Eu promovo uma manifestação cívica e democrática, mas não aceito, de forma alguma, que você não coadune, ou participe, das minhas ideias...

Os grupos mataram, no nascedouro, a manifestação contra esse corja de políticos (??? Difícil falar de política com esses nossos “representantes”).

Não há de se negar que a Previdência deve ser alterada, a começar pela cobrança e execução das diversas empresas e entidades que devem ao INSS e são as maiores responsáveis pelo rombo da Previdência. Também não se pode negar os descaminhos da legislação trabalhista a ser aprovada, mas...

Desde que trabalho com jornalismo acompanho as “esquerdas” lutando contra uma legislação de 1943 baseada na Carta Del Lavoro de Mussolini. Agora, estarrecido, vejo essa mesma esquerda defendendo a CLT. Quero pensa que o mundo avançou, as tecnologias de hoje eram impensadas na década de 1940 do século passado. Nossas mentes, nossos modos e costumes foram alterados – para o bem e para o mal – com tantas e tamanhas evoluções, bem caracterizadas com os movimentos de 1968...

Mas nossas cores não mudaram, ainda que não se comprove justificativas plausíveis que defendam regimes teoricamente perfeitos, mas praticamente possíveis e plausíveis.

Impedir que outras pessoas, eleitores com peso tamanho e igual aos seus companheiros de ideologias, exerçam seu direito de discordarem, não é, absolutamente, democrático.

Pior, agredir antes de contrapor por argumentos, menos ainda.

A esquerda, representada por tantos partidos de ideologias irreais e insanas, dá apenas um tiro no pé. Desconstrói ideias boas, provoca uma ira contra os próprios argumentos, valida as ideias tortas.
Quem, afinal, lhes atribuiu a onipresença, onisciência e onipotência?

A manifestação seria justa e necessária, a arrogância dos esquerdopatas e suas sandices violentas deu a força contrária e necessária para os meliantes que roubam uma nação.

Parcela desconsiderável jogou nossa democracia no lixo.

Queremos nossos direito, lutamos por nossos direitos, mas não desejamos, em momento algum, essa sua companhia, esquerda insana.



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