Eu era um Senhor em
pequeno condato, com um séquito de servidores, vassalos. Aqueles
nobres de perucas a lhes esconder os piolhos, suas vestes, seus
narizes empinados. Até que fui desbancado pela verdade.
Fui o Rei com meu
Merlim que fazia desaparecer até as mais modernas tecnologias,
disquetes de denúncias que desapareciam mesmo dentro da corte do
Rei. Eu podia tudo e meu príncipe encantado, também.
Dentro do meu
condato, era o senhor supremo. Fui assim.
Gostaria que fosse
uma história, sem nexo, sem verdade, mas não. Foi difícil digerir
tudo o que veio à tona. Coisas que vieram de outros, menos capazes,
sejam prefeitos, ou fossem eles governadores. O que talvez não se
esperasse era a tamanha decepção. Um coronel que nos deu a
esperança de combater os coronéis.
Então, com tantos
votos e o olhar atônito de quem conseguiu comandar esse rincão, nos
decepcionou, nos colocou junto a ele no banco dos réus como se nós
fossemos cúmplices.
Não resta mais a
admiração pela sua administração, só nos cai no colo as
denúncias, praticamente comprovadas de falcatruas. O comandante em
chefe distribuiu seus desmandos aos seus secretários.
E a coisa foi, foi,
foi indo… Fruto de uma época dos descontroles da vida, da
política, do ganhar por ganhar, acima e além de tudo, o que poderia
ser um modelo de administração se transformou no mais obscuro de
uma política obscura, sórdida, bandida.
Uma corruptela de
tudo o que nos legaram alguns políticos, de Londres Machado
(aprendiz de Antônio Carlos Magalhães, Magalhães Pinto, Carlos
Lacerda, Ademar de Barros) até o ex presidente da Assembleia, Oscar
Godoni, assassinado – talvez por engano como uma vítima.
André foi tudo, e
continua sendo. Com certeza seria eleito se fosse candidato a
prefeitura, ou senado, ou governo. André Puccinelli está acima do
Rei, para uma imensidão de admiradores. Lula, também. É o
inatingível imaginário popular que manteve Paulo Maluf adorado e
admirado.
André mandou e
desmandou, manteve sob seu julgo a própria justiça aqui pelas
plagas do nosso imenso pantanal, foi inocentado em todas as
instâncias, fez como um “Mister M” sumir disquetes da Justiça
Federal, comprovado o sumiço, nunca achado o autor. E todos o
reverenciam, como senhor, o esperto, o possível do impossível, o
liberto espiando de longe seus discípulos e secretários e
apoiadores, mais ingênuos e menos articulados, ainda hoje presos,
encarcerados,
Existe, enfim um
Rei, e seus diversos bobos da corte. O bobo da corte sempre foi
aquele que direcionou as atitudes do Rei, em se fazendo de idiota,
conduzia por linhas e métodos próprios os próprios monarcas. Tudo
mudou, mesmo que Maquiavel se mostre cada dia mais atual, conduzindo
o Príncipe, mas as coisas avançam, a passos curtos, com a justiça
capenga, de viseiras, com bridões. De repente, se fez a delação
premiada e tudo indica que aqueles que foram tão fiéis, até que
fossem traídos, trairão também. De Rei fez-se o Bobo.
Talvez seja bom
lembrar que tudo o que se apurou a partir do Mensalão do PT, colocou
na cadeia apenas o empresário Marcos Valério. Todos os políticos,
espertos e perspicazes ficaram isentos de culpa, de nódoa, com
fichas limpas. A partir de então, a coisa vale no “vou, mas não
vou sozinho”, basta acompanhar que até o próprio Marcos Valério
fez acordo de delação premiada, tardia, mas delação – o velho e
conhecido dedo-duro.
Marcelo Odebrecht e
sua turma tiraram da reta, outros empresários, também. Caíram
políticos abençoados pelos padrinhos instalados nas diversas
instâncias jurídicas, mas quase impossíveis de segurar. Nem tem
como, não existe texto jurídico que os sustente. Os poderosos que
escondiam dinheiro na cueca, que corriam com malas saindo de uma
pizzaria, os 51 milhões guardados em um apartamento e que,
misteriosamente a justiça entendeu como não sendo prova suficiente,
a Lama Asfáltica em nossa casa, o Aquário…
É dito e redito
popular que: Quem se vendeu a mim, se venderá a outro, então,
talvez não seja toda a turma confiável. Será um bom motivo a
questionar se, prefiro ficar pagando uma pena que não é apenas
minha, ou sair e estar sujeito a essa violência que está presente
nas ruas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário