Loading

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A política é um grande Big Brother


A vida pode imitar a arte, mas a política imita porca e parcamente um big brother tupiniquim mal-ajambrado. Cada um dos participantes tem menos interesse em demonstrar suas próprias potencialidades e suas personalidades do que derrotar seus adversários. E, assim como no Grande Irmão, companheiros que lutavam na mesma trincheira, com o afunilamento da disputa, partem para o “Seja o que Deus quiser” das intrigas e das emboscadas.

Amigos, amigos, vitória à parte. E a vida naquela grande redoma televisiva atrai  simpatias ou define repulsas a um ou outro e, caso algum se veja banido por paredões democráticos, redefine-se a preferência em tantos turnos quantos necessários.

No entanto, por mais que desperte e prenda a atenção, o público sempre estará separado dos “escolhidos”, dos vitoriosos e do próprio jogo. O público vota, escolhe e define, mas não recebe o bônus do prêmio.

Você, leitor, pode até enxergar certo exagero na comparação, mas tente lembrar-se do vencedor da última edição e, se você participou, tente lembrar o nome do “brother” que mereceu seu voto. Tente mais, mova e remova sua memória e siga mentalmente os passos do vitorioso, aquele que mereceu tempo precioso da mídia televisiva, o “herói ou heroína” descritos em prosa e verso por Pedro Bial, após sua reintegração à vida cotidiana.

A política está volátil como um boto exposto no aquário virtual. Diferente do tempo dos embates públicos, de grandes comícios por falta de veículos de comunicação que, na verdade, menos comunicam e mais massificam. Imagem sem conteúdo para políticos  vazios.

Talvez por isso os Tiriricas, Romários, Popós. Com estes nos identificamos, destes nos lembramos, estes acompanhamos.

A TV completa 62 anos no Brasil e ainda não conseguimos enquadrar a política num formato moderno que nos remeta aos comícios e nos faça participativos e atuantes. Somos imprescindíveis ao show da eleição e descartáveis na ficção do cotidiano dos gabinetes.

Editorial publicado no jornal Liberdade MS - Edição 58.

Nenhum comentário: